O representante da Áustria e vencedor da 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, JJ, com a canção 'Wasted Love', considerou que "devia haver mais transparência" no televoto do concurso e afirmou que espera que a próxima edição ocorra na capital do país, Viena, mas sem a presença de Israel.
Em entrevista ao jornal espanhol El País, Johannes Pietsch, conhecido como JJ, afirmou que partilha a opinião de Nemo, que ganhou o festival em 2024 e desde então tem defendido uma mudança no formato do concurso europeu.
Para o austríaco, de 24 anos, é necessária uma mudança "especialmente no que diz respeito ao sistema de voto e a quem participa no festival".
"Devia haver mais transparência na votação televisiva. Este ano foi tudo muito estranho", disse.
"É muito dececionante ver que Israel continua a participar no concurso. Gostaria que a Eurovisão do próximo ano se realizasse em Viena sem Israel. Mas a bola está no campo da União Europeia de Radiodifusão. Nós, os artistas, só podemos levantar a nossa voz sobre o assunto", acrescentou.
JJ, filho de pai austríaco e mãe filipina, passou a maior parte da infância no Dubai, e afirmou vai "aproveitar a oportunidade e utilizar esta enorme plataforma como a Eurovisão para defender os direitos de toda a comunidade 'queer' e garantir mais igualdade".
"Ainda existe um enorme estigma à nossa volta e, infelizmente, a Europa está a tornar-se cada vez mais conservadora, dando passos para trás. É muito, muito dececionante e é preciso fazer alguma coisa", lamentou.
Sublinhe-se que a presença de Israel na Eurovisão tem sido alvo de críticas devido à atual ofensiva na Faixa de Gaza. Também a votação do público, que atribuiu o maior número de votos à israelita Yuval Raphael com 'New Day Will Rise', tem suscitado polémica.
A televisão pública espanhola RTVE pediu uma autoria ao televoto, enquanto a televisão pública de língua neerlandesa da Bélgica, VRT, exigiu à organização do Festival Eurovisão "total transparência" sobre o sistema e as regras de votação, e pôs em causa a participação da emissora em futuras edições do concurso.
Israel ficou em segundo lugar no concurso, estando prestes a superar a Áustria, que venceu nos momentos finais, entre celeumas ligadas à grave situação humanitária na Faixa de Gaza.
A atuação israelita obteve apenas 60 pontos por parte do júri profissional, ficando na décima quinta posição, mas somou também 297 pontos do voto popular, que representa 50% da ponderação no resultado final.
Por sua vez, a Áustria recebeu 258 pontos do júri e 178 pontos do público.
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