Eurovisão e Espanha de 'costas voltadas' por causa de Israel. Porquê?

Das críticas sobre a participação aos 12 pontos do público à canção de Israel. Fique a par da polémica que está a dividir Espanha (e não só) e a Eurovisão.

Notícia

© Jens Büttner/picture alliance via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
21/05/2025 23:59 ‧ há 6 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

Cultura

Eurovisão

A participação de Israel na 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, em Basileia, na Suíça, levou a momentos de tensão entre a televisão pública espanhola RTVE e a União Europeia de Radiodifusão (UER) e até o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, foi envolvido. Mas, afinal, o que aconteceu?

 

As críticas começaram em abril, um mês antes do concurso, quando a RTVE pediu a "abertura de um debate" sobre a participação da estação israelita KAN e lembrou as "preocupações apresentadas por vários grupos da sociedade civil em Espanha", relacionadas com a "situação em Gaza".

O mesmo pedido viria a ser abordado na segunda semifinal da Eurovisão, na passada quinta-feira.

No prólogo da atuação da candidata israelita, Yuval Raphael, os comentadores espanhóis Tony Aguilar e Julia Varela recordaram que a RTVE pediu formalmente à organização do festival para que se abra um debate sobre a continuidade de Israel. Os comentadores sublinharam ainda as "mais de 50 mil" mortes de palestinianos, incluindo 15 mil crianças.

Face aos comentários, a UER advertiu a RTVE de que seria multada se voltasse a repetir as declarações na final de sábado. Numa carta, dirigida à chefe da delegação espanhola, Ana María Bordas, a organização recordou a RTVE que as regras da Eurovisão "proíbem as declarações políticas que podem comprometer a neutralidade do concurso".

"O número de vítimas não tem lugar num programa de entretenimento apolítico, cujo lema 'Unidos pela música' encarna o nosso compromisso com a unidade", lia-se no texto, a que a imprensa espanhola teve acesso.

No entanto, apesar da ameaça da UER, antes da final de sábado, a televisão espanhola publicou nas suas redes sociais e emitiu uma mensagem num fundo preto, onde se lia: "Perante os direitos humanos, o silêncio não é uma opção. Paz e justiça para a Palestina"

Posteriormente, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, defendeu a exclusão de Israel da Eurovisão e de outras competições internacionais, tal como aconteceu com a Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022.

"Não podemos permitir duplos 'standards'", disse Sánchez, realçando que "ninguém levou as mãos à cabeça" quando a Rússia foi excluída de competições desportivas internacionais ou de iniciativas como a Eurovisão.

Além da presença, também a votação do público espanhol, que atribuiu 12 pontos - o máximo - a Israel, foi alvo de críticas e levou a RTVE a pedir uma autoria ao televoto.

O ministro israelita da Diáspora e da Luta contra o Antissemitismo chegou mesmo a considerar que a pontuação do televoto espanhol foi uma "bofetada" na cara do primeiro-ministro de Espanha.

Na rede social X, Amichai Chikli, numa mensagem dirigida a Pedro Sánchez, face aos 12 votos recolhidos pela canção israelita no televoto espanhol, escreveu: "Sánchez, parece que os espanhóis falaram e a bofetada na cara foi ouvida aqui em Jerusalém".

Também a televisão pública de língua neerlandesa da Bélgica, VRT, exigiu à organização do Festival Eurovisão "total transparência" sobre o sistema e as regras de votação, e pôs em causa a participação da emissora em futuras edições do concurso.

A emissora interrompeu a sua transmissão durante a atuação de Israel na final, tal como já tinha feito em 2024, e exibiu um ecrã negro criticando as violações dos direitos humanos em Gaza, o silêncio da imprensa, e apelou a um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

A polémica surge após Israel ter ficado em segundo lugar no concurso, estando prestes a superar a Áustria, que venceu nos momentos finais, entre celeumas ligadas à grave situação humanitária na Faixa de Gaza.

A atuação israelita obteve apenas 60 pontos por parte do júri profissional, ficando na décima quinta posição, mas somou também 297 pontos do voto popular, que representa 50% da ponderação no resultado final.

Por sua vez, a Áustria recebeu 258 pontos do júri e 178 pontos do público.

Leia Também: "És maravilhosa". Netanyahu felicita representante de Israel na Eurovisão

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas