"É mais ou menos um passo natural a partir do momento em que sentimos que não existe uma rede de livrarias independentes que nos apoie. Estamos muito dependentes das cadeias de livrarias", explicou à agência Lusa Carla Oliveira, da Baobá.
Carla Oliveira é também a fundadora da editora Orfeu Negro, cujo catálogo se debruça sobretudo sobre a criação artística e as artes contemporâneas. Dele faz ainda parte a Orfeu Mini, dedicada ao livro ilustrado para crianças e jovens.
Na Baobá, que ocupará os espaços de uma antiga habitação em Campo de Ourique, estará todo o catálogo da Orfeu Negro, mas também títulos de outras editoras, portuguesas e estrangeiras, que privilegiam o livro ilustrado, como a Pato Lógico, a Tcharan, a Edicare, a Kalandraka, a Planeta Tangerina ou a Bichinho de Conto, a Media Vaca, a Flying Eye Books e a La Fragatina.
O projeto da livraria concretiza-se dois anos depois de Carla Oliveira ter aberto uma livraria temporária, no mesmo bairro, durante dois meses.
"Funcionou bem, tivemos muito contacto com leitores e ficou a semente. Claro que é um risco, claro que nunca vamos ficar completamente independentes, mas aqui sabemos que vamos ter todo o nosso 'stock' à venda", disse.
A Orfeu Negro está ainda a desenvolver um serviço educativo que irá estender-se à livraria, para servir a comunidade e as escolas daquele bairro. A livraria terá ainda um espaço para exposições, outro para leitura e para sessões culturais.
A livraria é batizada de Baobá, numa referência a uma árvore originária de África, "sólida, ligada à memória e a lendas africanas e brasileiras. Inspira a muitas coisas fantásticas, tem um tronco enorme onde podia existir uma porta. No fundo os livros são como a raiz", disse.
"A intenção é fazer na Baobá uma relação entre os livros, as histórias e o respeito pelas coisas que nos fazem viver", sublinhou.