Situado num casarão do século XIX, onde viveu João Camilo Alves, o primeiro a produzir e a comercializar vinho de forma organizada, o Museu do Vinho e da Vinha de Bucelas recebeu cerca de seis mil visitantes, desde a sua inauguração, em 2013.
Uma loja e sala de prova de vinhos, um espaço dedicado a uma exposição permanente, um centro de documentação e um centro de interpretação das Linhas de Torres, são algumas das atrações.
Nas paredes, os visitantes deparam-se com referências de alguns escritores ilustres ao vinho de Bucelas, como William Shakeaspeare, Charles Dickens, Lord Byron e Eça de Queirós, enquanto na sala principal podem ser apreciados objetos de lavoura e vindima, tudo acompanhado por textos explicativos.
O museu evoca ainda profissões como as de ferreiro, cesteiro e tanoeiro.
"Este museu era um sonho antigo da comunidade local. Um espaço onde estão depositadas partes das memórias e tradições vitivinícolas de Bucelas", contou à agência Lusa o vice presidente da Câmara de Loures, Paulo Piteira (CDU).
O autarca explicou que foi o Festival da Vinha e do Vinho, que se realiza anualmente em Bucelas, há três décadas, sempre em outubro, que esteve na origem da criação do museu.
A edição deste ano do Festival da Vinha e do Vinho vai decorrer de 9 a 11 de outubro, sendo a entrada no museu gratuita nesses dias.
"Desde a primeira hora que a comunidade nos fazia sentir que era necessário celebrar o trabalho associado à vinha e ao vinho, que é uma das marcas distintivas de Bucelas", sublinhou.
Paulo Piteira fez um balanço positivo da adesão ao museu, sublinhando que a autarquia "tem feito um esforço" para articular os diferentes atrativos da freguesia na promoção turística que faz.
"A estratégia de divulgação tem-se vindo a construir em estreita articulação com os agentes locais. Temos procurado sensibilizar os profissionais da restauração porque há um património gastronómico muito importante que procuramos potenciar", apontou.
O vinho de Bucelas tem direito a denominação de origem controlada, sendo o arinto e a esgana-cão as castas utilizadas na sua produção.
Ladeada por vales e encostas, marcadas pelo cultivo da vindima, a freguesia de Bucelas, localizada a cerca de 30 quilómetros de Lisboa, alberga algumas das mais importantes quintas de produção de vinho, como a da Murta e a da Romeira.
Reza a história que a fama do vinho de Bucelas é bastante antiga, remontando ao tempo dos romanos, que terão sido os responsáveis pela introdução da cultura da vinha na região.
A história revela ainda que o Marquês de Pombal se interessou muito pelo vinho de Bucelas e que, para valorizar ainda mais a cultura vitícola, importou algumas castas do Reno, na Alemanha.
É, no entanto, no momento das Invasões Francesas que o vinho de Bucelas começa a ter renome internacional, quando é oferecido por Wellington ao Rei Jorge III, então Príncipe regente, tornando-se depois da Guerra Peninsular o seu consumo um hábito da Coroa de Inglaterra.