Biblioteca de Lisboa tem a mais extensa coleção para crianças

"O livro da Marianinha", de Aquilino Ribeiro, e "O canto da Tila", de Matilde Rosa Araújo, duas obras do património literário português, foram publicadas em 1967, ano em que se celebrou, pela primeira vez, o Dia Internacional do Livro Infantil.

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Lusa
01/04/2015 09:00 ‧ 01/04/2015 por Lusa

Cultura

Literatura

Ilustradas por Maria Keil, as duas obras literárias fazem parte da coleção "Memórias de outras infâncias", única no país, que reúne oito mil volumes publicados em Portugal, para a infância e a juventude, entre 1900 e 1979, e que reside na Biblioteca Municipal de São Lázaro, em Lisboa.

"É a coleção mais extensa e mais rica existente em Portugal", disse à agência Lusa o bibliotecário Rui Faustino, da mais antiga biblioteca de Lisboa, fundada em 1883.

Com coordenação científica da investigadora Glória Bastos, esta é uma coleção patrimonial pertencente à autarquia de Lisboa, com literatura para a infância e juventude que estava espalhada por várias bibliotecas municipais e que, pelo período abrangido, espelha também quase um século de história.

"Pode fazer uma viagem no tempo àquilo que era lido pelos rapazes e raparigas de Portugal. Há obras que são intemporais - ainda hoje se continua a ler 'Os cinco' [de Enid Blyton], as obras de Júlio Verne - e depois há outras obras que objetivamente acabam por ser mais datadas e acabam por refletir um pouco a mentalidade daquilo que foi o Portugal do Estado Novo", afirmou Rui Faustino.

A coleção, de acesso condicionado, destina-se sobretudo a investigadores, estudantes universitários, estudiosos sobre infância, juventude e literatura portuguesa.

Desta coleção patrimonial fazem parte autores como Ana de Castro Osório, Ilse Losa, António Botto e Matilde Rosa Araújo, escritores cuja obra perdura ainda hoje, como Sophia de Mello Breyner Andresen, dezenas de recriações e coletâneas de contos populares, mas também livros que denotam racismo, que exaltam os bons costumes e o amor à pátria e ao Estado Novo.

É uma viagem histórica até 1979, ano declarado pela UNESCO, a organização das Nações Unidas para a Educação, ciência e Cultura, como Ano Internacional da Criança, e sobretudo uma viagem no tempo.

"O imaginário juvenil e infantil modificou-se bastante nas últimas décadas com o advento da internet, com a multiplicação dos canais televisivos, com a forma como ocupam os tempos livres", afirmou Rui Faustino.

A própria Biblioteca Municipal de São Lázaro é um exemplo disso. Virada para a comunidade da freguesia de Arroios, é um equipamento generalista, com computadores com acesso à Internet, salas de estudo e uma sala específica para o público infantil, com livros recentes para consulta.

"Tivemos mais de 15.000 visitas ao longo dos [últimos] doze meses. Temos feito um esforço para trazer a biblioteca do século XIX para o século XXI; foi possível triplicar o número de empréstimos de documentação e de livros nos últimos três anos", disse Rui Faustino.

Um pouco por todo o país, em bibliotecas municipais e nacionais, e também em todo o mundo, assinala-se na quinta-feira o Dia Internacional do Livro Infantil.

A efeméride foi instituída pelo Conselho Internacional sobre Literatura para os Jovens (IBBY) a 02 de abril de 1967, coincidindo com o aniversário do nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, uma das referências da literatura para os mais novos.

Este ano, a mensagem do IBBY associada ao dia defende a ideia de que as histórias para crianças têm todas algo em comum, mesmo que sejam narradas em línguas e culturas diferentes.

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