Mário Martins, responsável por dar a conhecer ao público nomes como Carlos Paião (1945-1988), José Cid, Marco Paulo (1945-2024) e Rui Veloso, morreu hoje numa unidade hospitalar em Lisboa, disse à agência Lusa fonte da Casa do Artista, onde residia.
"Ele é fulcral na música portuguesa, deu muitos apoios a muitos colegas e à minha pessoa, então, foi incondicional", afirmou José Cid, em declarações à Lusa.
A voz de temas como 'Cai Neve em Nova Iorque', 'A Minha Música' e 'Ontem, Hoje e Amanhã', lembrou que Mário Martins "produziu muitos, muitos, muitos artistas, que ajudou".
"Nos anos 1960 eu tinha a maior das dificuldades em entrar em qualquer editora portuguesa. É o Mário Martins que me abre os braços e me coloca, num lugar prioritário até, na Valentim de Carvalho, onde era diretor artístico", recordou José Cid.
O produtor foi "defensor acérrimo" da criatividade do músico, tendo mesmo "lutado muitas vezes, até na própria editora, contra algumas opiniões contrárias".
"Foi uma pessoa que esteve ao meu lado incondicionalmente. Depois, o nosso relacionamento foi sempre de grande amizade. O Mário Martins era um homem muito inteligente, muito culto. Um bocadinho, às vezes, divertidamente sarcástico", partilhou.
Mário Martins foi durante cerca de 30 anos responsável pelo departamento de Artistas e Reportório (A&R) da editora discográfica Valentim de Carvalho, onde começou a trabalhar em 1966, a convite de João Belchior Viegas, agente artístico de Amália Rodrigues.
Graças à sua intervenção, Amália Rodrigues - a quem Mário Martins se referia como "o verdadeiro milagre português" - gravou, em 1982, 'O Senhor Extraterrestre', de Carlos Paião (1957-1988), artista que passou a constar do catálogo da Valentim de Carvalho.
O produtor discográfico privilegiou sempre "o lado profissional, mas houve casos em que se construiu uma amizade", como disse numa entrevista à agência Lusa na década passada, dando como exemplo a declamadora Maria Germana Tânger, o músico José Cid, que sempre o convidava para assistir aos seus espetáculos, e o cantor José Alberto Reis.
Nos finais da década de 1970, Mário Martins foi o responsável pela assinatura do contrato de António Variações (1944-1984) com a discográfica Valentim de Carvalho, tendo o seu nome estado ligado às carreiras de muitos outros artistas portugueses, de Amália Rodrigues (1920-1999) a Simone de Oliveira e Frei Hermano da Câmara.
Mário Martins produziu discos de Luís Goes, Fafá de Belém, Nuno da Câmara Pereira, Paco Bandeira, Carlos Paião, José Cid, Júlio Pereira, Jorge Palma, Grupo de Cantares de Manhouce, Alexandra, José da Câmara, Maria Teresa de Noronha e Lucília do Carmo.
Além do seu trabalho na Valentim de Carvalho, colaborou com a apresentadora de televisão Teresa Guilherme, na RTP e, mais tarde, foi convidado pelo realizador televisivo José Nuno Martins, para fazer um programa de sua autoria na RTP.
Na TVI foi o autor e apresentador do programa 'Fado Fadinho' (1993), pelo qual recebeu um Prémio Bordalo.
Em 1993, saiu da Valentim de Carvalho para a Movieplay Portuguesa, onde coordenou a série 'O Melhor dos Melhores' (1994), que reuniu êxitos de cerca de 100 artistas nacionais.
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