Presença recorda "tradutor brilhante" e "companheiro" que foi Filipe Guerra

O grupo Editorial Presença manifestou hoje pesar pela morte de Filipe Guerra, recordando-o como "um dos mais notáveis tradutores literários portugueses, colaborador de longa data" da editora, cuja voz permanecerá "viva nas palavras, nos livros e nos leitores".

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Lusa
08/07/2025 15:58 ‧ há 6 horas por Lusa

Cultura

Filipe Guerra

"Na Editorial Presença, sentimos profundamente esta perda. Filipe Guerra foi, mais do que um tradutor brilhante, um verdadeiro companheiro de percurso. Deixa uma marca indelével na história da nossa casa e nos corações de todos os que com ele tiveram o privilégio de trabalhar", afirma, em comunicado.

 

O tradutor Filipe Guerra morreu no domingo, aos 77 anos, no Hospital Garcia de Orta, em Almada, vítima de doença prolongada.

Durante décadas, Filipe Guerra dedicou-se à tradução direta do russo, em colaboração com sua mulher, Nina Guerra, com quem formou uma das duplas mais respeitadas da tradução literária em Portugal, destaca a editora.

"Juntos, assinaram traduções absolutamente centrais no nosso catálogo, entre elas 'Guerra e Paz', 'Anna Karénina' [de Tolstoi], 'Demónios', 'Crime e Castigo', 'O Idiota', 'O Jogador' [Dostoievski] e muitas outras obras que marcaram o imaginário dos nossos leitores".

O grupo editorial recorda as declarações de Filipe Guerra, numa das suas raras entrevistas, em que afirmou que "Dostoiévski e Tolstói são os principais herdeiros de uma forma de escrever inédita, inovadora, baseada no realismo, iniciada por Púchkin e Gógol".

Para o tradutor, "os livros destes dois autores, como obras artísticas, continuam atuais: são a fonte, a nascente ainda viva do que se escreve nos dias de hoje".

A Presença compromete-se ainda a "continuar a honrar o legado que construíram juntos".

Além de ter traduzido para este grupo editorial os grandes clássicos russos, Filipe Guerra e Nina Guerra assinaram também traduções para outras editoras como a Relógio d'Água e a Assírio e Alvim.

Nascido em 1948, Filipe Guerra formou-se em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, que acumulou com o curso de Linguística da Université Paris VIII (Vincennes).

Exerceu toda a sua atividade profissional ligada à cultura e ao livro, tendo trabalhado e feito parte da direção da Cooperativa Livreira Esteiros, a partir de 1975.

Filipe Guerra também escreveu e realizou programas radiofónicos semanais sobre livros na rádio, nomeadamente para a RDP1 e Antena 2, entre 1979 e 1982.

Paralelamente, colaborou com jornais e revistas literárias, nos quais publicou artigos da sua autoria.

Nos anos 1986 a 1989, Filipe Guerra desenvolveu trabalho de tradução literária na Editorial Progresso, em Moscovo, cidade onde conheceu Nina Guerra, que posteriormente se fixou em Lisboa.

Entre 1989 e 1991 fez trabalho de revisão literária e de tradução na Editorial Caminho e, a partir de 1994, passou a trabalhar em exclusivo na tradução do russo, em colaboração com Nina, contando com mais de 70 títulos traduzidos em conjunto.

Individualmente, Filipe Guerra fez traduções do francês, do espanhol e do italiano, num total de mais de 40 títulos.

A dupla Filipe e Nina Guerra recebeu em 2002 um prémio da Sociedade Portuguesa de Autores e do Pen-Clube Português pelas traduções das obras de Dostoiévski e Tchekhov, e em 2012 o prémio especial do júri da revista LER/Booktailors pelas suas traduções literárias.

Leia Também: Morreu Filipe Guerra, premiado tradutor das grandes obras russas

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