Lídia Jorge, Teolinda Gersão, Chico Buarque, José Eduardo Agualusa e Mário Lúcio Sousa são alguns dos subscritores do manifesto "pela paz na Palestina", no qual pedem também a libertação de todos os reféns na Faixa de Gaza.
A iniciativa é da Fundação José Saramago, contando-se também entre os signatários Mia Couto, Afonso Reis Cabral, Gregorio Duvivier, Valter Hugo Mãe e Yvette Centeno.
O documento pede ainda a "resolução política desta ocupação no quadro da ONU".
"Todos os dias somos confrontados com a violência perpetrada pelo governo de Israel contra a população palestiniana, no atropelo de todas as regras internacionais de respeito pelas populações civis e de ajuda humanitária, com milhares de vítimas até ao momento, muitas, demasiadas, mulheres e crianças", lê-se no texto.
O rol de assinaturas inclui também as de Luiz Schwarcz, Inês Fonseca Santos, Lília Moritz Schwarcz, Isabel Minhós Martins, Anabela Mota Ribeiro, José Luís Peixoto, Miguel Real, Ana França, Itamar Vieira Júnior, Bernardo Carvalho, Rafael Gallo, Joana Bértholo e Ondjaki, entre outros.
O texto segue-se a outros, francófonos e anglófonos, divulgados esta semana.
Na quarta-feira, quase 400 escritores do Reino Unido e Irlanda exigiram um cessar-fogo imediato e sanções contra Israel numa carta aberta na qual diziam recusar-se a ser espectadores dos ataques israelitas na Faixa de Gaza.
Na terça-feira, foram cerca de 300 os autores francófonos, incluindo os prémios Nobel Annie Ernaux e Jean-Marie Gustave Le Clézio, a condenar o que classificaram de "genocídio" da população palestiniana em Gaza e a exigir um cessar-fogo.
Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para erradicar o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.
A guerra naquele território fez até agora quase 54.000 mortos, na maioria civis, e mais de 120.000 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
A situação da população daquele enclave devastado pelos bombardeamentos e ofensivas terrestres israelitas agravou-se mais ainda pelo facto de a partir de 02 de março, e durante mais de dois meses, Israel ter impedido a entrada em Gaza de alimentos, água, medicamentos e combustível, que estão a entrar agora a conta-gotas.
Há muito que a ONU declarou a Faixa de Gaza como estando mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
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