Comissão de Cultura da AML quer resposta de Moedas sobre Artistas Unidos

A Comissão de Cultura, Educação, Juventude e Desporto da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) vai solicitar à presidência da Câmara um esclarecimento sobre a situação da companhia de teatro Artistas Unidos, sem instalações próprias desde 31 de julho.

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Lusa
09/12/2024 22:23 ‧ 09/12/2024 por Lusa

Cultura

Teatro

A presidente da comissão municipal de Cultura, Mafalda Cambeta, em declarações à agência Lusa, disse que o objetivo é obter um "ponto de situação" "por escrito" ou através de "uma audição com o presidente de Câmara, que é quem detém o pelouro da Cultura", sobre o processo da companhia, e saber "quais são as hipóteses" de resposta "para as várias questões" apresentadas.

 

Este é o resultado da audição, hoje realizada na AML, dos atores e encenadores João Meireles, António Simão e Pedro Carraca, responsáveis do grupo de teatro, depois de, em outubro, terem sido ouvidos os promotores da petição "Por uma nova morada para os Artistas Unidos", lançada em julho, na altura em que a companhia abandonava o Teatro da Politécnica, onde se encontrava desde 2011 -- e onde contribuíra com 350 mil euros para obras -, no termo do contrato de arrendamento com a Reitoria da Universidade de Lisboa. Mafalda Cambeta disse à Lusa que, "pessoalmente, gostava de mandar a ata da reunião de hoje para o presidente [da Câmara], para que tivesse acesso a tudo o que foi dito nesta comissão".

A solução inicial para a instalação dos Artistas Unidos apontava para o regresso ao antigo espaço d'A Capital, no Bairro Alto, ocupado pela companhia até 2002, uma solução que chegou a ser adiantada publicamente pelo próprio presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas. O grupo, no entanto, só acedeu ao projeto em agosto passado, ao fim de dois anos, verificando que o local não oferecia condições para funcionar como teatro, como hoje recordou João Meireles.

Desde a saída do antigo vereador da Cultura Diogo Moura, no passado mês de maio, a única pessoa na autarquia com quem os Artistas Unidos têm conseguido falar é a responsável pela direção municipal de Cultura, Laurentina Pereira, disseram por diversas vezes, na audição de hoje, os três sócios gerentes.

Nestes dois anos nunca conseguiram reunir-se com o presidente da Câmara, apesar de tentativas reiteradas, nem mesmo quando Carlos Moedas assumiu o pelouro da Cultura, sublinhou João Meireles, secundado pelos outros dois membros do coletivo.

No final do verão, os Artistas Unidos foram informados da possibilidade de um espaço na Rua do Açúcar, próximo da Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo. No entanto, questões administrativas e jurídicas têm atrasado o processo, e a companhia ainda não sabe se o espaço será entregue, em que condições, e se atenderá a requisitos como saídas de emergência, instalações sanitárias e acessibilidade.

João Meireles disse hoje na audição que se trata de "um espaço interessante em área e em pé direito", que "parece viável". Mas acrescentou que o calendário "começa a ficar ultrapassado devido a procedimentos administrativos e questões jurídicas sobre os bens" que lá se encontram.

A demora preocupa a companhia, que depende de espaço próprio para manter os apoios da Direção-Geral das Artes (DGArtes).

Atualmente, os Artistas Unidos dividem o seu espólio por quatro armazéns -- um cedido pela autarquia, em Marvila, e três alugados, incluindo um no Alto do Varejão e dois na margem sul. A câmara também sugeriu um espaço na Ameixoeira, composto por uma cave e estacionamento. Mas questões burocráticas e administrativas têm impedido, até ao momento, que tal se concretize, disse João Meireles.

Os deputados municipais quiseram saber se a companhia tem plano alternativo, caso as expectativas para a Rua do Açúcar se defraudem, se têm feito contactos com o anterior e o atual Ministério da Cultura, e se têm visto outros espaços que possam servir como sede.

João Meireles afirmou que a companhia não tem plano alternativo. Os contactos com o anterior ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, "limitaram-se a telefonemas do governante para saber da situação, sem que lhes tenha dado alguma resposta". Com a atual ministra, Dalila Rodrigues, não conseguem sequer falar, apesar de já terem tentado.

Os Artistas Unidos dizem estar abertos a propostas que atendam aos requisitos para um teatro, e mostraram-se recetivos à possibilidade de visitarem espaços mencionados por deputados municipais, como o Panorâmico de Monsanto e umas instalações na freguesia de S. Domingos de Benfica.

A falta de sede afeta também a capacidade de produção. Dos 400 mil euros anuais de apoios sustentados da DGArtes, cerca de 300 mil são destinados à remuneração de cerca de 60 trabalhadores, restando pouco para despesas administrativas e de produção. Sem melhorias no panorama, a companhia teme não conseguir candidatar-se ao próximo subsídio quadrienal da DGArtes (2027-2030).

"Numa altura em que vamos no terceiro ano de quatro de apoios sustentados [2023-2026], e ao termos sido elegíveis por apresentarmos garantias da Câmara Municipal de Lisboa [de julho de 2022], de que encontraria uma solução para a companhia", a única certeza, de momento, é a apresentação de espetáculos no espaço Karnat, na Avenida da Índia, no início de 2025 e no Teatro Meridional, em meados do próximo ano.

No final da audição, embora os responsáveis dos Artistas Unidos se tivessem mostrado satisfeitos com o interesse demonstrado pela 7.ª comissão permanente da AML, lamentaram à Lusa que seja "um bocadinho tardio".

Leia Também: Ópera, novo circo e dança no Teatro Municipal da Covilhã em janeiro

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