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Jon Fosse, um minimalista autor de "prosa lenta" vence o Nobel

O escritor norueguês Jon Fosse, que aos 64 anos venceu o Prémio Nobel da Literatura, já se descreveu a si próprio como autor de uma "prosa lenta", sendo encarado pela crítica como um minimalista nos meandros da ficção metafísica.

Jon Fosse, um minimalista autor de "prosa lenta" vence o Nobel
Notícias ao Minuto

14:22 - 05/10/23 por Lusa

Cultura Perfil

Jon Olav Fosse nasceu em 1959, em Haugesund, na costa ocidental da Noruega, filho de um gestor de uma cooperativa e de uma doméstica, e cresceu perto de Strandebarm.

Quando tinha 7 anos, um acidente quase o matou, num evento que hoje descreve como tendo sido uma "experiência que o formou enquanto escritor".

"Sem isso, duvido que tivesse vindo a ser [um escritor]. É fundamental para mim. Esta experiência abriu-me os olhos à dimensão espiritual da vida, mas, sendo um marxista, tentei negar isso tanto quanto pude", disse, numa entrevista à Los Angeles Review of Books, publicada no final do ano passado, comentando o lado mais metafísico da sua escrita.

Na mesma conversa, Fosse explicou que quando mais velho ficava, "mais sentia a necessidade de partilhar a sua crença com os outros", realçando o sentimento bom e pacífico da missa católica.

"Já fui rotulado como muitas coisas -- um pós-modernista, um minimalista -- e classifiquei-me a mim próprio como escritor de 'prosa lenta'. Não me quero chamar nada. Chamo-me cristão, mas é difícil para mim. É tão redutor. De certa forma, sou um minimalista, claro, e de outra forma sou um pós-modernista -- fui influenciado [pelo filósofo francês] Jacques Derrida. Por isso, não é necessariamente errado, mas nunca usaria tal conceito para a minha escrita, como que a dizer 'é assim'", afirmou.

Explicando o seu método de trabalho, Fosse disse que quando se senta para escrever nunca espera que nada aconteça: "Oiço o que estou a escrever e se acontecer, aconteceu. Claro que podes interpretar isso de várias maneiras, mas não me compete a mim explicar. Sou apenas um escritor".

Como recorda o New York Times, Fosse é tão famoso na Noruega que um festival bienal dedicado a si já vai na terceira edição. Como se podia ler numa entrevista, de 2019, à publicação Music & Literature, o escritor tem seis filhos.

Antigo professor, Fosse conta entre os seus alunos com um escritor que talvez o ultrapasse em fama, o conterrâneo Karl Ove Knausgaard.

Em Portugal, múltiplas das suas obras estão publicadas, com destaque para o trabalho feito pelos Artistas Unidos, que desde 2000 encenam as suas peças, a começar com "Vai Vir Alguém", levada ao palco por Solveig Nordlund, numa ocasião que contou com a presença do autor, que regressou a Lisboa anos mais tarde para uma leitura de "Sou o Vento", aquando da visita dos reis da Noruega.

Nos Livrinhos de Teatro, dos Artistas Unidos e da editora Cotovia, estão publicadas "A Noite Canta os seus Cantos", "Inverno", "Lilás", "Conferência de Imprensa e Outras Aldrabices", e "Sou o Vento/Sono/O Homem da Guitarra".

Entre outras edições, a Cavalo de Ferro tem vindo a publicar a prosa de Fosse, com destaque para "Trilogia" (2022) e "Septologia I-II" (2022). Um novo volume de "Septologia" está previsto, pela Cavalo de Ferro, para novembro.

Leia Também: Nobel da Literatura atribuído ao norueguês Jon Fosse

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