"É mágico ter aqui em Serralves uma exposição e as performances", confessou hoje a artista Joan Jonas, de 83 anos, na conferência de imprensa de apresentação da exposição dedicada à norte-americana pelo museu de arte contemporânea.

Há "seis espaços positivos e um corredor" em Serralves com a exposição na qual são exibidos vários filmes, desenhos, instalações de videoarte e performances com a voz da artista, conta aos jornalistas a diretora adjunta do museu e uma das curadoras da mostra, Marta Almeida.

As criações de Joan Jonas, considerada uma artista "pioneira nas áreas da performance, vídeo e da instalação", ora são inspiradas em mitos e folclore local, ora em contos de fadas e animais, como acontece com a obra "Stream or River, Flight or Pattern", que se trata de uma homenagem aos pássaros e da qual sobressaem o canto e gritos daqueles animais que captou no Canadá, Espanha, Vietname e Itália.

Na exposição, que vai ser inaugurada hoje às 20h00, pode ver-se também a primeira instalação da artista, 'Juniper Tree', criada em 1976 inicialmente para crianças e reconstruída em 1994, que se baseia no conto de fadas dos Irmãos Grimm e retrata a história de um menino que é decapitado pela madrasta e servido como refeição ao pai que não sabe, para depois reencarnar num pássaro.

Hoje pelas 19h00, bem como no sábado e domingo, pelas 18:00, no Parque de Serralves, vai ser apresentada a reconstrução da performance 'Mirror Piece I & II', na qual 15 bailarinos vão transportar lentamente e num esquema coreografado "longos espelhos e pedaços de vidro", lê-se no dossiê de imprensa.

"Os espelhos funcionam como objetos de tarefas e ações e, ao mesmo tempo, fragmentam o espaço da performance, capturando e refletindo continuamente os espetadores presentes". Esta performance repete-se no Auditório de Serralves no dia 02 de junho, durante a 16.ª edição do Serralves em Festa.

'Mirror Check' (1970) é outra das performances que vão ser apresentadas este fim de semana em Serralves, às 16h00 e 17h00, respetivamente, onde se vai poder ver a bailarina Catarina Marcos a observar e examinar o seu corpo num espelho pequeno redondo que segura na mão.

A sobreposição de espelhos e imagens refletidas é uma das características mais marcantes no trabalho de Joan Jonas, mas nas suas criações pode também encontrar-se o uso do desenho e utilização de objetos e símbolos culturais para enriquecer o conteúdo e transmitir um significado maior, como acontece na instalação 'Reanimation', cujas imagens foram captadas na Islândia, revelando a preocupação da artista com as alterações climáticas.

"É maravilhoso estar em Serralves. É a minha segunda vez em Serralves. A primeira vez que vim foi na abertura do Museu de Serralves, mas agora foi inesperado e estou a adorar estar aqui. É um lindo museu e gostei mesmo muito de trabalhar com a equipa de Serralves. Estou muito contente por o [diretor do museu] Philippe Vergne, estar a trabalhar aqui, é bom para mim e para o museu", declarou a artista, que desvendou gostar do escritor português Fernando Pessoa e que adora trabalhar com crianças pela forma como participam nas suas performances.

A exposição de Joan Jonas, que se autodescreve como "uma artista visual" que estudou escultura, desenho e pintura e depois começou a relacionar essas disciplinas com a literatura e os filmes, usando também o seu corpo e voz, foi organizada pelo Tate, Museu de Arte Moderna (Londres, Reino Unido), em parceria com Serralves, contando com a curadoria de Marta Almeida e Paula Fernandes (Serralves) e de Andrea Lissoni.