"Este é naturalmente um momento simbólico e relevante, não tanto pelo número, mas pelo que ele representa em termos do trabalho feito. Pelas produções, pelos autores, pelos atores, pelos encenadores, pelo público e por todos e tudo o que aqui se cruzou. Portanto, é um número que vemos com orgulho e também como um incentivo para fazer novas produções", disse à agência Lusa Fernando Sena, diretor do Teatro das Beiras.

Fernando Sena lembra que este é um "marco de longevidade", num percurso que "nunca abdicou da qualidade" e que contribuiu para "promover a cultura na região", num "trabalho de serviço público" para o qual, frisa, também são necessários apoios do Estado e das entidades.

"Destas 100 produções, cerca de 70 foram realizadas depois da profissionalização da companhia e não o teríamos conseguido se não fosse o apoio que tivemos, daí que continuemos a bater-nos por um apoio que, além de ser merecido, é muito importante para a Covilhã e para a região", disse, numa referência ao facto de o Teatro das Beiras ter ficado de fora dos apoios da DGArtes, situação que abrangeu várias outras companhias do país e que só foi ultrapassada após muita contestação nacional.

Quanto à peça que sobe ao palco nos próximos dias - 'Do princípio ao fim' - é baseada em textos do dramaturgo Eduardo De Filippo e integra uma passagem sobre "uma companhia de atores caídos em desgraça que esperam ansiosamente uma 'ajudazinha' das autoridades locais, por forma de suster o iminente e trágico fim que se anuncia".

"Uma coincidência", diz Fernando Sena, que garante que esta produção já estava planeada antes dos acontecimentos mais recentes, ressalvado ainda que, em caso de analogia, terá de se recuar aos últimos seis anos, uma vez que as companhias têm enfrentado cortes sistemáticos desde essa altura.

"Do princípio ao fim" inclui ainda a representação dos textos 'Amizade' e 'Perigosamente' e, segundo a sinopse, "propõe uma leitura contemporânea e atualizada de uma dramaturgia que se inspira num teatro eminentemente social, de humor desconcertante, às vezes trágico e grotesco, estimulando o sentido crítico, insinuando a mistura de desencanto e simultaneamente de esperança e expectativa na humanidade capaz de impulsionar o homem a resistir às adversidades e continuar a lutar pelos valores de dignidade que lhe são devidos".

Encenada por Gil Salgueiro Nave, esta produção conta com interpretação de Nuno Geraldo, Roberto Jácome, Sílvia Morais e Tiago Moreira. A direção musical é de Tiago Moreira, cenário e figurinos de Luís Mouro, desenho e luz de Fernando Sena e 'voz-off' de Fernando Landeira.

Além do espetáculo de estreia no dia 29, a peça é apresentada no dia 30 às 21h30 e no dia 1 de julho, às 16h00, estando também previstas duas apresentações ao ar livre para os dias 6 e 7 de julho.