Regra geral, os vidros de um carro não protegem contra de forma o mais eficaz possível da perigosa radiação ultravioleta do sol. Por isso mesmo, a saúde da pele dos ocupantes pode ficar em risco se não for usada a proteção adequada - em especial se esse tipo de exposição for mais habitual.
Seja para ir para o trabalho ou outras deslocações, o carro é um meio de transporte que muitos podem usar bastante tempo ao longo do ano. Em especial na altura do verão, quando os dias são mais solarengos, a exposição à radiação nociva é um fator a ter em conta. Especialmente nas viagens mais longas, comuns nas deslocações para férias. O interior não é estanque à radiação nociva emitida pelo sol, pelo que deve ter em conta a proteção da sua pele.
Por um lado, a exposição contínua a radiação solar sem proteção adequada acelera o envelhecimento da pele. Mas, mais grave, pode levar a danos e situações cancerígenas.
Um estudo publicado em 2016 na JAMA Network mostra que o para-brisas do carro consegue bloquear cerca de 96 por cento da radiação UV-A, em média. No entanto, os vidros laterais e traseiros apresentam uma proteção "mais baixa e altamente variável", bloqueando, em média, 71 por cento dos raios nocivos.
O trabalho, que analisou 29 automóveis diferentes, afirma nas suas conclusões que os resultados podem explicar, em parte, "as taxas aumentadas de cataratas nos olhos esquerdos e cancro de pele no lado esquerdo da cara" em condutores que passam mais tempo ao volante.
Um outro estudo, publicado na National Library of Medicine dos Estados Unidos da América em 2011, analisou a tendência de mais cancros de pele ligados a radiação ultravioleta serem do lado esquerdo do corpo naquele país.
Com uma probabilidade "significativamente maior" de melanomas e carcinomas de células metastáticas surgirem do lado esquerdo e em particular no braço, o estudo admite que "a exposição aos raios UV do lado do condutor (aproximadamente 20 vezes mais intensa no braço esquerdo do que no direito) é um provável fator contributivo".
Já no início deste ano, uma investigação publicada também na National Library of Medicine comparou a transmissão de raios UV através das janelas de carros a combustão, elétricos e híbridos entre junho e agosto do ano passado.
O estudo indica que "a maioria dos veículos avaliados oferecem proteção eficaz contra raios UV-A e UV-B do para-brisas frontal, mas não têm proteção suficiente contra raios UV-A para condutores, nem consistentemente para outros passageiros, com exceções. Há também influência da quilometragem acumulada.
No entender dos autores deste trabalho, os resultados salientam a necessidade de tomar medidas de proteção "inclusive enquanto se conduz, tendo em conta o potencial impacto dos raios UV-A na pele".
Uma outra investigação, publicada na medRxiv no ano passado, incidiu sobre a Arábia Saudita. Os resultados mostram que "embora as janelas do carro possam reduzir a transmissão de raios ultravioleta e infravermelhos, os condutores não estão completamente isolados".
Mais uma vez, mostrou-se que o para-brisas frontal é mais eficaz no bloqueio da radiação do que os vidros laterais. Na conclusão, pode ler-se que "os resultados provaram que as radiações UV e infravermelhos dentro dos veículos são altas o suficiente para causar danos na pele, em especial com exposição cumulativa".
O que fazer para se proteger?
Aplicar protetor solar, em especial nas partes expostas do corpo, como em qualquer outra situação de exposição solar, é uma das principais recomendações.
Mas a Universidade do Utah também aconselha ao uso de roupa de manga comprida, chapéu e óculos de sol, assim como a colocar película bloqueadora de raios ultravioleta nas janelas dos automóveis.
Leia Também: Férias com os miúdos? Deixamos-lhe 16 sugestões de protetores solares
