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"A Maria é islamofóbica, racista, fascista? Não. Estou a dizer a verdade"

'Maria Vieira no país do Facebook': é este o nome do livro que a atriz acaba de lançar. O objetivo? Repor a verdade e dar a conhecer o seu lado da história em relação a todas as polémicas em que tem estado envolvida. Numa conversa assertiva, a 'Parrachita' dá o seu parecer sobre todas as dúvidas em torno das suas publicações do Facebook.

"A Maria é islamofóbica, racista, fascista? Não. Estou a dizer a verdade"
Notícias ao Minuto

01/09/17 por Mariline Direito Rodrigues

Fama Maria Vieira

Aos 60 anos, Maria Vieira acaba de lançar o seu quinto livro. Desta vez, a obra versa uma viagem... pela sua página de Facebook. É neste espaço virtual que, ao longo dos últimos meses, a atriz tem partilhado variados conteúdos que passam por convicções políticas e sociais, gerando discórdia e suscitando inúmeras críticas. Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Maria Vieira defende-se das acusações, fazendo sobressair que com este livro espera, acima de tudo, conseguir "repor a verdade". 

Como surgiu a ideia de lançar o livro?

Nunca me passou pela cabeça editar um livro quando fazia publicações no Facebook. Mas chegou uma altura em que, quer amigos pessoais, quer amigos virtuais, me perguntaram por que razão não fazia uma seleção dos textos e os publicava em livro. Quando o convite surgiu, lembrei-me das tais sugestões e fiz uma contraproposta: E se publicássemos um livro com a seleção de textos que escrevo no Facebook? A proposta foi aceite de braços abertos.

Qual o objetivo deste novo projeto?

Este livro veio repor a verdade no sentido em que foram espalhadas muitas calúnias e mentiras sobre a Maria Vieira. Apercebi-me de que muitos portugueses não têm acesso à Internet e, portanto, desconhecem completamente aquilo que escrevo no Facebook. Outras pessoas podem até ter Internet, mas não Facebook. Há muita gente que não tem acesso àquilo que escrevo e depois sabe das coisas através de outras plataformas de comunicação, como revistas, jornais, televisão ou rádio. Notícias essas deturpadas, descontextualizadas, distorcidas e muitas vezes falsas. Por isso, este é um livro que mostra que elogio muita gente e que falo de tudo um pouco. Não é por acaso que tem seis capítulos. Na minha página de Facebook escrevo sobre a minha carreira profissional, sobre trabalhos que fiz em televisão, cinema e teatro. Falo sobre colegas com quem tive o orgulho e prazer de trabalhar desde portugueses, brasileiros, franceses, alemães, de quem fiquei amiga. Escrevo também textos sobre pedaços da minha vida pessoal e não apenas conteúdos polémicos e politicamente incorretos.

Foram espalhadas muitas calúnias e mentiras sobre a Maria VieiraFoi difícil selecionar os textos?

Deu algum trabalho, pensava que fosse mais fácil.

Quais foram os seus critérios de seleção?

Talvez aqueles que me tocaram mais no coração. Aliás, quando escrevo, escrevo sem filtro muitas vezes. Sei que isso pode eventualmente não ajudar, mas sou assim e quero continuar a ser.

E até agora como tem sido a reação das pessoas?

Apesar de ainda estar fresco, a receção das pessoas [no Facebook] tem sido maravilhosa, toda a gente está muito satisfeita, a dar-me os parabéns, a dar-me força. As pessoas têm sido fantásticas e muito queridas para mim. Vamos lá ver se isso também se reflete nas vendas. No entanto, não publico o livro com o objetivo de ganhar dinheiro, porque neste país ninguém ganha dinheiro a lançar livros. Enfim, foi pelo prazer que me deu.

Perguntar-me se sou a autora do livro seria a mesma coisa que perguntar ao José Rodrigues dos Santos se é a mulher dele que escreve os livrosA Maria garante que as publicações no Facebook, assim como o livro, são de facto da sua autoria?

Perguntar-me se sou a autora do livro seria a mesma coisa que perguntar ao José Rodrigues dos Santos se é a mulher dele que escreve os livros. Ninguém lhe pergunta isso. O que acontece é que – e eu não vou falar em nomes, nem vale a pena – algumas pessoas ficam incomodadas por eu criticar esta 'geringonça' que nos governa e por ser admiradora do Trump.

E outra das razões… a última palavra dos Lusíadas é a inveja. O que eu sinto é que - e isto não é falta de modéstia mas a realidade - sou das poucas atrizes portuguesas com uma carreira internacional. Já trabalhei para um filme alemão, um filme francês, trabalhei três anos no Brasil. Se calhar as pessoas também não suportam isso. As pessoas que não me conhecem pessoalmente e que espalham calúnias sobre mim, ainda consigo compreender. Agora, o que eu não consigo de todo entender são aquelas que se dizem nossas amigas e que não se coíbem de, cedendo ao pecado da inveja, espalharem a calúnia, a mentira, a ofensa sobre alguém de quem dizem gostarem muito. Acho que é de uma maldade enorme, não se faz a ninguém. Nem um inimigo me faria uma coisa dessas, agora vir da parte de um amigo? É no mínimo macabro. E isso [a questão à volta do autor das publicações no Facebook] tornou-se um boato.

A única coisa que lhe posso dizer é que sou eu a autora daquilo que aparece no meu Facebook e como este livro é uma seleção dos textos [da rede social] é escrito por mim. As pessoas que espalham essa mentira são mentirosas, invejosas, hipócritas e maldicentes.

Fui militante do Partido Comunista, mas chegou uma altura em que me dececioneiImaginava que com a partilha das suas convicções políticas no Facebook iria gerar tanta discórdia?

A sensação que eu tenho é de que há pessoas de Esquerda que não me perdoam pelo facto de há uns anos ter sido uma mulher de Esquerda e ter mudado. No tempo da minha adolescência e nos primeiros anos da minha juventude também fui militante do Partido Comunista, mas chegou uma altura em que me apercebi de que o comunismo começou a dececionar as minhas ideias de igualdade, fraternidade e saí do partido. O comunismo e o socialismo não passam de utopias, que se baseiam em sistemas totalitários, que só beneficiam um grupo de pessoas e os líderes, que para mim são fascistas de Esquerda, ditadores.

Além disso, sou uma figura pública. Já tenho estas opiniões há muitos anos, mas agora pelo facto de existir o Facebook as coisas são diferentes. O grande público está a aperceber-se disso. Vivemos numa época em que um ator tem de ser de Esquerda, o que é ridículo. Se assim não for é ostracizado. Depois há o estigma do politicamente correto, toda a gente tem de pensar da mesma maneira, agir da mesma forma e eu não sou assim. Penso pela minha própria cabeça. Depois, também acho que muita gente não gosta de ouvir algumas verdades. É óbvio que alguns textos poderão ser as minhas verdades, mas a maior parte deles é a verdade realmente, estão lá os factos. Quem me dera a mim que não fosse. Sinto que - embora nem todos, porque tenho muitos amigos que são de Esquerda, mais tolerantes e que quando falamos de política acaba tudo numa grande ‘caturreira’ - os apoiantes de Esquerda não são tão tolerantes e não aceitam. A liberdade de expressão só existe para o lado deles e isso não é justo. A liberdade tem de ser dirigida para os dois lados.

Por outro lado, existe a ideia de que as pessoas de Esquerda são todas muito queridas, muitos fofinhas, boas pessoas. As de Direita são todas perversas, más, muito mal formadas. Por favor! Há gente boa e má em todos os lados, em todas as margens da nossa sociedade. O que é importante é as pessoas terem caráter, serem amigas do seu amigo, serem democratas, justas, bem formadas, educadas, dessas é que temos de nos rodear.

E por que razão acha que terá surgido esse estigma?

Lá está, hoje em dia todos temos de pensar e agir da mesma maneira. O politicamente correto está instalado. Em relação ao Donald Trump, embora agora tenha a impressão de que tem estado um pouco mais calmo, durante muito tempo surgiram várias notícias a denegrir a imagem dele, a ostracizá-lo por  todos os motivos, quer por posições políticas, quer pessoais. Porque não dá a mão à Melania, porque estava a ver o eclipse sem óculos, que ridículo. Todos os motivos servem.

Na Europa está a ocorrer uma tentativa de islamização através do politicamente correto, do multiculturalismoMas houve situações que espoletaram isso, como, por exemplo, as declarações polémicas sobre as mulheres…

Tenho a certeza absoluta de que foi retirado de uma conversa que todos nós temos normalmente. Mas será que ele não respeita a mulher? Repare, as boas notícias sobre o Donald Trump não vêm cá para fora. Desde a administração Trump, a economia americana está a crescer todos os dias. Dizem que o senhor é racista, mas que provas é que têm? Quantos conselheiros ele tem que são negros? Que disparate… E ainda a história de ele ser contra os imigrantes. Ora vamos lá ver, acho que ele é um homem frontal, por isso mesmo pode de vez em quando surgir uma frase que não seja muito feliz, porque ele é muito direto, frontal. Na minha opinião é um homem honesto, com caráter, que está a fazer aquilo que prometeu, nenhum político faz isso.

Quanto à imigração, ele tem noção de que está à frente de um país de imigrantes e, portanto, desde que sejam trabalhadores e que estejam legais, ele aceita-os de braços abertos. Agora não pode é permitir que entrem ilegalmente. Não é bom nem para os imigrantes, nem para o país, porque depois tornam-se traficantes de droga, dedicam-se à criminalidade, ou são explorados a nível laboral. Ele é contra os imigrantes ilegais, agora os que estão legalizados e a trabalhar honradamente, não. Criou-se um estigma contra ele que é injusto, as coisas estão de facto a melhorar e ele está do lado dos americanos. Além disso, também já fechou a fronteira para determinados países. Por que razão isso não é justo? Quantas pessoas morreram nas torres? Crianças, mulheres, bombeiros… Ele está a pôr um travão contra a islamização do país dele, tem todo esse direito.

O que também está a acontecer na Europa é precisamente isso: uma tentativa de islamizar a Europa, através do politicamente correto, do multiculturalismo. Os refugiados, que já nem sequer são refugiados, são imigrantes, deviam ser acolhidos pelos países ricos do Médio Oriente. Eles é que deviam ter essa obrigação, porque têm a mesma cultura, o mesmo modo de vida, a mesma religião. As pessoas sentir-se-iam quase em casa. A que propósito é que tem de ser a Europa a receber essas pessoas?

'A Maria é islamofóbica, é racista, é fascista'. Não não sou, estou pura e simplesmente a dizer a verdadeMas grande parte dos refugiados alega que na Europa teria mais esperança, mais oportunidades…

E estão a ficar em campos de refugiados onde vivem situações horríveis. Há casos de violações, pedofilia, não têm condições de vida, alguns ainda ficam em piores situações, até porque não temos a capacidade de albergar tanta gente. Essas pessoas nunca se vão adaptar à nossa cultura, à nossa maneira de estar na vida, à nossa democracia, não vão. Pelo contrário: vão tentar implantar a lei da Sharia, a lei islâmica, que é horrível e não me venham dizer que não é. Logicamente nem todos os muçulmanos são maus, como é óbvio. O que me assusta é eles quererem implantar as leis deles em que as mulheres não têm direitos, são desprezadas, são consideradas seres inferiores e em alguns países nem sequer podem conduzir, agora imagine-se o resto. Não há liberdade de expressão, não se pode praticar outra religião, os cristãos são mortos, assim como os hindus, budistas. A homossexualidade também não é permitida, são presos, torturados e atirados de uma torre. E mais grave ainda o facto de homens mais velhos com 50, 60 anos poderem casar com meninas de oito ou dez anos. Isso é o quê? É pedofilia. Estou a mentir em relação isto? Não estou. Depois ‘a Maria é islamofóbica, é racista, é fascista’. Não não sou, estou pura e simplesmente a dizer a verdade.

Como reage quando é alvo desse género de críticas?

Quando me chamam esses nomes não me toca, porque sei que não sou. Sou amiga de gente de Esquerda, amiga de negros, desde que sejam gente do bem. Vêm com essas ofensas, porque não têm argumentos. Normalmente dizem que se eles são assim temos de aceitar e eu não aceito. Não posso permitir isso. Já há muitas zonas, nomeadamente, no Reino Unido, França, Suécia, em que eles já estão de tal maneira instalados que nem a polícia pode entrar, quanto mais os ocidentais. Durmo tranquilamente e em paz, porque quando o veneno é lançado, eu só o engulo se de facto essas ofensas forem verdadeiras. Mas graças a Deus, felizmente, não tenho um antídoto, até porque sou imune a esse veneno.

Vivemos num país falido, que faz de conta que vive bemA nível nacional, a Maria já fez saber que não está de acordo com este Governo. Chegou a definir o Presidente da República e o primeiro-ministro como uma “dupla de incompetentes e oportunistas”. Em que baseia esta opinião?

É a pura das verdades. O que acontece é que as pessoas têm memória curta e não se apercebem de que António Costa até foi ministro do tempo do governo do Sócrates. O que está a acontecer é que vivemos num país falido, que faz de conta que vive bem, porque temos a segunda maior dívida da União Europeia a seguir à Grécia. Somos dos países mais pequenos da Europa que tem mais área ardida. Morreram dezenas e dezenas de pessoas, isto não é uma incompetência? A Proteção Civil não tem meios de proteger os cidadãos de morrerem assim? Eles não estão a resolver os problemas do nosso país. Já estamos também a descobrir casos de corrupção. Este Governo diz que está tudo bem, está sempre tudo bem. E agora com a aproximação das eleições o que está a acontecer? Dizem que vão baixar os impostos e aumentar as pensões. Aumentaram o tanas! A minha sogra teve um aumento de 1,95 euros... ficou rica.

E quanto ao nosso Presidente da República, o ‘Presidente dos afetos’: os afetos são importantes, sem dúvida, aprendi isso no Brasil, não há nada como um bom abraço. Mas não chega. Um Presidente tem de tomar posições, decisões, tem de apontar o dedo, tem de ser interventivo e não está a ser, para ele está sempre tudo bem e não está. E as pessoas acreditam nisso. As notícias dos telejornais parecem vir diretamente do Largo do Rato. E quando se fechar a torneira da Comunidade Europeia e formos obrigados a pagar a dívida enorme que temos? Pode ter a certeza de que nos vamos transformar numa nova Venezuela. Porque vão começar a faltar medicamentos, bens essenciais, porque não temos riqueza nenhuma.

O homem tem muito poder, mas não o de provocar um aquecimento globalOutro dos assuntos que aborda é relativo ao aquecimento global. A Maria alega que esta é uma forma de beneficiar determinadas elites. Que elites seriam estas e que benefícios teriam na sua visão?

O homem tem muito poder, mas não o de provocar um aquecimento global. A nível local podemos ser grandes causadores, como é o caso de Banguecoque, Pequim, Cidade do México, aí e em determinados locais é causado pelo homem. Mas a nível global com certeza que as grandes catástrofes, tsunamis, terramotos, tempestades, já existiam milhões de anos antes do homem existir. É um fator normal, o nosso planeta é assim. E não sou eu que digo, só concordo com centenas e centenas de cientistas honestos e credíveis do mundo inteiro. Tudo isto também não passa de um negócio. Os governos, as grandes empresas têm direito a determinadas verbas para defender aquilo que vão defender. Isto não passa de uma grande falácia que só beneficia determinadas pessoas, empresas, governos. O aquecimento global é só uma desculpa para as elites governarem da maneira que lhes interessa.

Em relação à sua carreira, está previsto algum regresso à televisão?

Entre setembro e outubro vai estrear um filme de gravei que se chama ‘Portugal Não Está à Venda’, mas está. É do André Badalo, um jovem realizador que é fantástico. No elenco está desde a Rita Pereira, Ana Zanatti, Dalila do Carmo. A nível do Brasil tenho dois projetos de filmes que serão para o final do ano.

Mas isto muda, a vida de ator é assim mesmo. Também estou a sofrer um bocado as consequências das minhas posições. Tenho a noção de que estou a remar contra a maré e que nada ganho com isso. Se antigamente as pessoas falavam contra o regime e eram presas e torturadas, hoje em dia perdem os empregos, perdem os amigos, são ostracizadas, veem a sua imagem distorcida. E isso é o quê, não é fascismo também? Eu sei porque já houve duas produtoras que me convidaram porque quer a produção, quer o realizador estavam interessados que eu entrasse nas séries. No entanto, os responsáveis dos canais não quiseram a Maria Vieira e eu sei que foi por causa das minhas convicções políticas. Felizmente tenho a minha vida muito bem organizada e estou bem financeiramente. Agora preocupa-me no sentido em que é injusto, porque não está a acontecer só comigo. Não imagina a quantidade de mensagens que recebo quase diariamente de amigos que me escrevem a dizerem para ter cuidado, que por terem tido as mesmas convicções políticas estão neste momento no desemprego.

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