"Há que desvalorizar um bocado, não a segurança, mas este tipo de ataque, que é relativamente fácil", disse à Lusa Filipe Pathé Duarte.
Segundo explicou, para realizar este ataque é só "fazer cópias ou réplicas de mails e depois alocá-los em servidores sabe deus onde e utilizá-los. É relativamente simples fazer isso e qualquer pessoa próxima à informática sabe fazer isso com relativa facilidade".
Um endereço electrónico oficial do secretaria de Estado da Cultura foi usado na segunda-feira para distribuir um comunicado falso a dar conta da alocação de mais verbas para apoios às artes, e um endereço oficial da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte foi utilizado para veicular um comunicado falso a dar conta da contratação de 600 enfermeiros.
Questionado na altura pela Lusa, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros negou que o Governo estivesse sob ataque informático, esclarecendo que os comunicados falsos enviados a partir de emails oficiais tiveram origem na apropriação indevida dos endereços electrónicos.
Luís Marques Guedes esclareceu ainda que a situação teve origem no recurso a um ‘fake mail’, um email falso que permite enviar correios como se estes tivessem origem em endereços válidos. O ‘fake mail’, adiantou, terá sido enviado a partir de um servidor alojado na República Checa.
Apesar de admitir que o Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) vai acompanhar a situação, Filipe Pathé Duarte afirmou que, "pelo menos para já não parece ser um caso para análise" daquele organismo e lembrou quem deverá agir é o Ceger, ou seja, o Centro de Gestão da Rede Informática do Governo.
O porta-voz do OSCOT sublinhou que os ataques cibernéticos são, hoje, uma tendência geral no mundo, já que "o ciberespaço é uma plataforma de comunicação quer entre cidadãos, quer entre o Governo e cidadãos, quer entre os membros do Governo".
Por isso, referiu, é uma plataforma "naturalmente vulnerável a qualquer tipo de ataque e a qualquer tipo de perturbação".
Essa vulnerabilidade e a importância do ciberespaço como plataforma de comunicação leva a que seja "do interesse do próprio Governo garantir a segurança máxima desse ciberespaço, tal como é garantir a segurança dos cidadãos", admitiu, lembrando que essa prioridade esteve na base do novo conceito estratégico de defesa da Nato, aprovado em Lisboa, em 2010.