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Paolla Oliveira: 'Rabo de Peixe' pode "abrir olhos do mercado brasileiro"

A segunda temporada de ‘Rabo de Peixe’ estreia-se esta sexta-feira, dia 17, e pode agora ler a terceira e última parte das entrevistas que fizemos aos responsáveis por esta série portuguesa da Netflix. Leia a nossa conversa com Paolla Oliveira e Maria João Bastos.

Paolla Oliveira: 'Rabo de Peixe' pode "abrir olhos do mercado brasileiro"

© X / NetflixPT

Miguel Patinha Dias
17/10/2025 10:50 ‧ há 19 horas por Miguel Patinha Dias

Conforme estava previsto, a segunda temporada de ‘Rabo de Peixe’ foi disponibilizada esta sexta-feira, dia 17, na Netflix e, para marcar a ocasião, publicamos a terceira (e última parte) das entrevistas que decorreram em Lisboa com os responsáveis por esta série portuguesa.

 

Além de termos conversado com o criador, realizador e argumentista Augusto Fraga e com o ator José Confessa (Eduardo), assim como com Kelly Bailey (Bruna), Helena Caldeira (Sílvia), André Leitão (Carlinhos) e Rodrigo Tomás (Rafael), o Notícias ao Minuto falou também com a atriz portuguesa Maria João Bastos (que regressa a ‘Rabo de Peixe’ para interpretar a inspetora Paula Frias) e Paolla Oliveira - atriz brasileira que se estreia na série para interpretar a vilã Ofélia.

Sublinhe-se que antes destas entrevistas, tivemos acesso antecipado à segunda temporada e, desta forma, conseguimos assistir aos primeiros quatro episódios.

Pode ler abaixo a conversa com Paolla Oliveira e Maria João Bastos. 

Notícias ao Minuto Maria João Bastos (Inspetora Paula Frias) © X / NetflixPT

Começando pela personagem da Maria João Bastos, que está de volta nesta segunda temporada e teve a oportunidade de desenvolver outros aspetos da personagem. Aqui temos uma perspetiva muito mais intimista da Paula, que tem agora a companhia da filha. Parece que a personagem tem uma ligação com a filha mas, simultaneamente, não quer que interfira com as ambições profissionais.

Maria João Bastos (MJB): Ela volta com a mesma determinação, garra, dureza e vontade de resolver este caso. Ela é muito profissional e obcecada com este caso. Na verdade, essa obsessão depois vai acentuar-se…

Não vou dar ‘spoiler’, mas ela é uma pessoa um pouco dura e fria nas relações, ao mesmo tempo que é muito dedicada ao trabalho, acabando por não o fazer também com a família. Até deixa as filhas com o pai, só que tem esta surpresa de a filha aparecer nos Açores para ficar com ela e, assim, começa também a viver mais e a descobrir a própria relação com a filha.

No começo não tem muito jeito, mas acaba por aprender muito com a filha, e também sobre ela própria, sobre emoções. A personagem ganha um lado mais humano e também uma fragilidade que depois se percebe mais no final da segunda temporada.

Acho que isso enriquece a personagem, porque ninguém é só uma coisa, não é? A Paula é muito fria e muito dura porque tem de ser assim. É um mundo machista. Estamos a falar de 2001, de uma mulher na polícia num cargo de comando e que não é bem recebida.

Enfrenta muitos desafios, preconceito… Para se fazer levar a sério acaba por desenvolver aquela atitude profissional e, de repente, é confrontada com a presença da filha num lugar que ela considera que não é para a filha estar - porque é perigoso, porque vai interferir no trabalho dela, porque ela não tem tempo. Porém, ela tem de agir também naquele lado pessoal dela, o que faz com que a relação com a filha se vá desenvolvendo.

A Paolla acaba de fazer um papel na novela ‘Vale Tudo’, de Heleninha, que é uma personagem mais trágica e sensível. Ao mesmo tempo, está numa altura em que terminou  o contrato de exclusividade com a Globo, em que se afastou da Grande Rio no Carnaval. É nesta altura que a vemos a interpretar a Ofélia: uma mulher de tal forma imponente e de poder que até tem influência em outras personagens, como é o caso da Sílvia. Como foi fazer esta transição?

Paolla Oliveira (PO): Na verdade, eu fiz a Ofélia antes da Heleninha. Tive a possibilidade de fazer essa mulher poderosa, mas que usa o poder dela de uma maneira diferente - mais comedida, que fala pouco, que sorri… Tem quase uma gentileza, mas na verdade manda queimar as pessoas.

Foi muito interessante. Você citou a saída da TV Globo e depois a minha volta com a Heleninha… Acho que a gente não pode ter medo de mudar, de experimentar coisas, não é? Mesmo tendo uma carreira considerável, acho que todo o tempo e todo o trabalho é uma maneira de a gente se renovar. Estar aqui, com este grupo novo, podendo rever alguns amigos, mas também podendo experimentar uma coisa diferente. Disseram-me: “Você vai ser a chefe do tráfico”. Eu quero! Como é que eu faço isso? Eu não tenho a menor ideia, vou ver depois, não é [risos]?

Acho que esse é o maior desafio. A minha trajetória foi quase toda dentro da TV Globo, então saí para me experimentar. Foi bem nesse meio do caminho que eu tive aqui com eles e regressei para fazer uma personagem que eu queria muito dentro da TV Globo. Esse personagem denso, que vem de um ‘remake’, que também tinha por trás um trabalho social.

A ‘curva’ da Heleninha foi muito ascendente. As pessoas estranharam. O ‘feedback’ foi mesmo de um desconforto com ela. Principalmente no meu corpo, na minha pele, porque estavam acostumados com a Paolla do Carnaval - com a Paolla solar -  e de repente vem essa personagem que é tão densa, tão vulnerável, e isso me modificou como atriz. Eu saio da Heleninha com a certeza de que, artisticamente, estou mais amadurecida.

No momento em que estava aqui [em ‘Rabo de Peixe] já pensava sobre isso.

Notícias ao Minuto Paolla Oliveira (Ofélia) © X / NetflixPT  

Mas como é que surgiu o convite? Quando o guião chegou à secretária, como é que foi o processo de aceitar? 

PO: Na verdade, eu conheço o Pablo [Iraola] e, por algum motivo, houve essa possibilidade… Talvez até enquanto procuravam outras pessoas no Brasil. Enviei algum material para conhecerem o meu trabalho. Porque acho que tinha uma questão de... ‘Casar’, não é? Acho que eles estavam esperando uma pessoa que pudesse preencher esse papel. E não tem nada a ver com ser boa atriz ou não, mas se eu ia ‘casar’ com o grupo, que já estava muito estabelecido. E deu certo.

Uma pergunta mais prática: quanto tempo esteve a gravar na cena Caldeira Velha? Apesar de ser muito bonito, imagino que possa não ter sido fácil com a água tão quente…

PO: Pouquíssimo [risos]! É lindo aquele lugar. Foi uma manhã, mas aproveitei… Ainda demos um passeio e almoçámos por lá.

Já tinha estado nos Açores?

PO: Não, não. Foi tudo uma descoberta. Onde a gente filmava eu aproveitava para fazer o meu álbum de recordações. Foi divertido por isso também. A descoberta está no trabalho, mas também está no pessoal, que eu aproveitei um pouquinho.

Falando sobre Florianópolis, que foi uma questão que eu já abordámos um pouco com o Augusto Fraga…

PO: A prosódia, a forma de falar é muito parecida, não é? Parece-se muito com a dos Açores…

Na verdade, estávamos à espera de ouvir mais o sotaque do sul do Brasil da Paolla.

MJB: Mas há uma altura em que tu falas assim, não é? O “tu”... Eles usam muito o outro tempo do verbo.

PO: Falo um pouco. Porque eles não quiseram que ficasse muito regional. Se reparar, tem um jeito de falar que é um pouco a mistura do interior paulista, tem um chiado que é quase do Rio de Janeiro. Eu tinha esquecido disso, quando eu assisti a série eu até achei que estava esquisita. [Risos]

Mas tem diferença. Não chega a ser um sotaque, porque para fazer sotaque em pouco tempo é complicado, caricato ou regional demais. Mas foi colocado alguma coisa, eu estudei um pouco ainda a prosódia, exatamente para ter um som diferente.

Em algumas ocasiões usou expressões como “guria”.

PO: A palavra “guria” vinha no texto. Outras eu dei a sugestão de tirar porque, por exemplo, tinha “menina” no texto. Aí, eu pedi para ser substituído por algumas palavras e expressões que se usam no sul do Brasil. Mas, se fosse uma pronúncia muito forte, poderia tornar-se num elemento perdido ali no meio, então, a gente não colocou. 

E quanto a futuros projetos em Portugal? 

PO: Porque não?! Adoro, sou super bem recebida aqui. Já tinha um apreço muito grande pelo trabalho realizado aqui, inclusive com as novelas.

MJB: E agora tem maior intercâmbio, não é? Há vários atores brasileiros cá. 

Sim, sempre houve muita troca do Brasil para Portugal, mas o contrário muitas vezes não se verifica. O que é que falta para vermos mais produções portuguesas no Brasil?

PO: Acho que falta oportunidade. O Brasil é um país gigante. As novelas abriram esse caminho do Brasil para Portugal, mas há um intercâmbio muito grande. Os atores portugueses são muito acolhidos lá no Brasil, então acho que falta mesmo oportunidade de quebrar essa barreira, essa ‘bolha’. Como ‘Rabo de Peixe’ fez.

Este projeto é interessante porque vai além do seu próprio sucesso, mas também pode abrir os olhos do mercado brasileiro.

‘Rabo de Peixe’ tem elementos muito dramáticos, mas o Caio Blat ou o Afonso Pimentel são muito divertidos na série…

PO: É muito divertido! Muito divertido.

MJB: É mesmo. O Afonso está muito engraçado. Acho que, de uma forma ou de outra, o humor está presente em toda a série, não é? Todos os personagens… Talvez não todos.

PO: A Ofélia é a menos engraçadinha.

MJB: É verdade, a inspetora Paula também não tem muito humor. Mas toda a série é dominada por este humor sarcástico que acho que funciona muito bem.

Há atores que nunca vimos neste tipo de papéis. O Caio Blat é exemplo disso.

PO: Ri alto com ele!

MJB: “NÃO É WAGNER! É FAGNER [risos]".

Leia Também: Entrevista 'Rabo de Peixe': "As personagens foram marcadas pela perda"

Leia Também: Netflix lança documentário sobre a "surreal história" de 'Rabo de Peixe'

 

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