Será esta quinta-feira, dia 5 de junho, que os fãs de videojogos poderão assistir à chegada às lojas de uma consola da Nintendo. A Switch 2 é (como o nome indica) uma sucessora da Switch e, dado que esta é uma das consolas de maior sucesso da empresa nipónica, não sobram dúvidas que a nova plataforma terá um trabalho difícil pela frente no que diz respeito a expectativas.
Ainda assim, a Switch 2 conta com bons argumentos que deverão ajudar a convencer os jogadores. O design e conceito híbrido da Switch mantém-se mas, no caso da Switch 2, os jogadores podem contar um ecrã maior, um novo sistema de magnetismo para os comandos Joy-Con e, claro, um novo ‘Mario Kart’ para desfrutarem a partir do primeiro dia.
Foi para sabermos mais sobre a Switch 2 e como a Nintendo está a preparar a chegada da nova consola que o Notícias ao Minuto com Gonçalo Brito - o Public Relations Office da Nintendo em Portugal que nos recebeu nos escritórios da empresa no Parque das Nações, em Lisboa.
Ao entrarmos no escritório deparámo-nos com o que pode ser visto como um museu da história da Nintendo. Consolas antigas (caseiras ou portáteis) com muitos dos seus jogos, edições especiais e acessórios adornam praticamente todos os cantos da sala onde falámos com Gonçalo Brito e ajudam a reforçar a impressão que, apesar de todo o avanço tecnológico, a Nintendo continua a ser fiel aos seus princípios e ao que os videojogos representam: diversão.
Sem mais demoras, pode ler abaixo a entrevista a Gonçalo Brito da Nintendo em Portugal.
© Nintendo
A Wii teve um grande sucesso, a Wii U nem tanto, mas com a Switch voltaram a ter esse sucesso - algo que atribuo muito ao vídeo de apresentação, que foi muito claro naquele que era o conceito mais versátil da consola. Foi isto que contribuiu para o sucesso da Switch ou há mais alguma coisa que a Nintendo consegue apontar como tendo sido importante?
Acho que a Switch teve uma vantagem que foi, para bem ou para mal, a Wii U. Acho que a Wii U foi um produto à frente do seu tempo - tanto para os consumidores como a nível tecnológico. Porque eu vejo a Wii U como o protótipo da Switch, mas a tecnologia só ficou madura nessa altura.
A sociedade na altura da Wii U já estava habituada a ter vários ecrãs à sua volta - seja os telemóveis, os tablets, ecrãs do computador, das televisões. A Switch acaba por aproveitar esse formato de tablet e funciona muito com essa lógica. Tem o modo ‘standby’, tem a sua própria ‘loja de aplicações’ com a eShop… É uma linguagem que já está muito enraizada nas pessoas. Foi também a primeira vez em que tiveste uma consola [caseira] em que conseguias jogar fora da televisão, em que não tens de jogar um substituto de algo que só tens em casa.
Eu acho que os principais fatores de sucesso da consola acabam por ser uma conjugação de fatores que eram relevantes para as pessoas no momento certo.
Como já referi, o vídeo de apresentação da Switch foi muito claro e temos agora a Switch 2 - que também é muito claro - sendo que já estamos familiarizados com o conceito de uma consola híbrida. Neste momento há mais uma dúvida em relação ao que a consola tem de novo para oferecer. O design mantém-se, continuam os tais fatores que se conjugam para fazer da Switch um sucesso e há mais algumas novidades. Que novidades são essas? Como é que a Nintendo espera convencer as pessoas que a Switch 2 é uma consola diferente e que vale a pena fazerem o ‘upgrade’?
Toda a gente que gosta de jogar e gosta da Switch já pensou que não queria estar no lugar de quem teve de fazer a consola sucessora. Acaba por ser um pouco ingrato (ou desafiante) e isso é uma das coisas em que vamos ver o que as pessoas acham e se está bem conseguido, que é recorrer permitir aos criativos aproveitar a tecnologia da consola.
Essa é uma coisa que é importante e que eu acho que leva as pessoas apaixonarem-se pela Nintendo, que é que isto é para nos divertirmos. A qualidade da tecnologia tem de servir para criarmos coisas giras para as pessoas. As coisas têm de ser divertidas e quanto mais portento tecnológico tivermos, mais hipótese temos de trazer melhores experiências às pessoas.
A Switch já tem um bom conceito, mas o mundo continua a evoluir. Tal como os telemóveis evoluíram com certas funcionalidades, penso que é natural que a Switch 2 também faça esta evolução. O mundo mudou, claro que apareceram coisas novas, mas também não queremos defraudar tudo o que ficou para trás. Por isso a maior parte dos jogos da Switch - perto de 100% - serão compatíveis com a Switch 2.
Alguns receberão uma atualização automática para a Switch 2 e alguns receberão atualização mais completas que serão compradas à parte. Isto significa que a Switch 2 será lançada com um catálogo gigante de jogos e que - à boa maneira da Nintendo - muitos deles são intemporais. Afinal, algumas pessoas ainda jogam ao primeiro ‘Super Mario Bros’ e há muitos jogos que seguem a mesma ideia. Os ‘The Legend of Zelda’ que foram lançados para a Switch, por exemplo, são jogos que estão completamente atuais e que, com melhores qualidades técnicas, ficarão ainda melhores. O processamento acrescido da Switch 2 também abrirá mais possibilidades, o que significa que terá jogos próprios ainda melhores do que os que foram lançados para a Switch original.
A própria consola em si, a nível de hardware, é maior. Tem um ecrã LCD maior, mas francamente superior ao da Switch. Não gosto de fazer comparações, mas é um LCD bem diferente do que foi lançado há 8 anos para a Switch e está quase ao nível de um OLED para os nossos olhos…
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Essa foi a pergunta de muita gente. A Nintendo lançou uma Switch OLED e agora, com a Switch 2, regressa ao LCD. É um ‘downgrade’?
Penso que seja uma decisão tomada para manter o preço da Switch 2 o mais baixo possível, porque os ecrãs OLED são sempre mais caros. Os LCD evoluíram mesmo muito nos últimos anos e, de acordo com os testemunhos que tivemos, é que toda a gente ficou muito impressionada com o ecrã e que começa a ser difícil de distinguir no que diz respeito ao brilho e aos ‘negros’ do ecrã. Penso que foi um bom ‘trade-off’ para manter a consola a um preço acessível.
Os comandos Joy-Con também são maiores e agora são magnéticos. Já não é necessário estar a encaixar e é claro, tem agora o ‘twist’, que é podermos usar os Joy-Con como um rato. É uma coisa sobre a qual tivemos um excelente ‘feedback’ - que nem precisaram de uma mesa e conseguiram usar com facilidade nas calças ou em qualquer superfície.
Isto é a Nintendo a fazer aquilo que faz tão bem. Que é pegar numa coisa que dá jeito às pessoas e adaptá-la para que seja relevante para a vida das pessoas. Provavelmente não será a melhor opção se vais competir num jogo competitivo de ‘Counter-Strike’, mas se queres jogar a um jogo de estratégia como ‘Civilization’ ou ao modo campanha de ‘Metroid Prime 4’, o Joy-Con usado como rato funciona para estes fins.
É uma funcionalidade para sessões mais curtas na lógica da Switch e, sendo que a maioria das pessoas já usa a consola apenas como uma portátil para levarem para todo o lado, foi tido em consideração que o Joy-Con enquanto rato tem de funcionar em qualquer parte.
Quem já experimentou a Switch 2 também estava à espera que a consola fosse mais pesada e não sentiu esse cansaço, não mais do que numa Switch normal.
Falemos também da bateria em modo portátil. Na Switch tivemos uma média de seis horas, dependendo do jogo que estivesse a ser jogado. Houve melhorias na Switch 2?
Anda à volta da mesma autonomia, sendo que continua a depender do jogo. A bateria tem uma tecnologia mais recente, mas a Switch 2 é maior, o ecrã tem mais brilho e o poder de processamento também é superior.
Já foi dito que praticamente todos os jogos da Switch são compatíveis com a Switch 2. Na prática, ao comprar a Switch 2 basta entrar na conta da Nintendo e fazer download de todos os jogos que se tenha comprado?
Sim. À partida não haverá qualquer problema com isso. A subscrição do Switch Online também é igual e tudo o resto será igual. A pessoa compra a consola, faz ‘login’ na sua conta e continua a experiência.
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Falando do Switch Online, a Nintendo também anunciou que os membros da subscrição também terão acesso a jogos da GameCube, mas que será apenas para quem assine o Pack de Expansão…
Exatamente. O Switch Online tem várias modalidades e, entre elas, há o Pack de Expansão que, além de dar benefícios para vários jogos como ‘Mario Kart 8’ e ‘Animal Crossing’, também dá acesso a - vamos chamar-lhe emuladores oficiais da Nintendo - de jogos da NES, Super Nintendo, Game Boy, Game Boy Advance, Nintendo 64 e, agora com a Switch 2, a GameCube que, de início, serão ‘The Legend of Zelda: The Wind Waker’, ‘Soulcalibur II’ e ‘F-Zero GX’.
É uma coisa gira que é também é tradição da Nintendo de tentar ter alguma retrocompatibilidade com os jogos mais antigos.
Sobre a retrocompatibilidade, os jogos em cartuchos da Switch continuam a ser válidos para a Switch 2?
Sim, os cartuchos serão os mesmos. Mesmo que a cor seja diferente vão continuar a saber mal por causa das crianças [risos].
Na apresentação da Switch 2 também foi apresentado o GameChat e também a capacidade de nos filmarmos enquanto estamos a jogar. Isso é algo que estará disponível em todos os jogos ou será integrado de jogo para jogo? Ou seja, eu poderei estar a jogar a ‘Metroid Prime 4’, outro a ‘Donkey Kong Bananza’ e outro a ‘Mario Kart World’ e podemos falar uns com os outros?
Do que já vimos as pessoas poderão estar a jogar aos seus jogos nas suas casas e a falarem umas com as outras através do GameChat - o botão C do comando. Podem também ver o que estão a jogar e decidir juntarem-se aos jogos uns dos outros para jogarem uns com os outros.
Tens também o GameShare, em que podes permitir que outra pessoa faça ‘download’ do jogo a título temporário para jogarem juntos. Este tipo de funcionalidades vai ao encontro do que a Nintendo faz, que é facilitar que as pessoas experimentem e, caso gostem, podem comprá-lo rapidamente. É um pequeno detalhe, mas que facilita muito.
Imagino que tudo isto esteja sujeito a controlos parentais e que estas funcionalidades estejam disponíveis para pessoas que tenhamos adicionadas à lista de amigos…
Nessa questão de conversa por áudio - e especialmente por vídeo - o que acontece é que os pais têm a duas opções no que diz respeito às pessoas com idade inferior a 16 anos: sempre que o filho quiser usar a câmara, os pais recebem uma notificação no telemóvel onde podem aceitar ou não ativar esta opção.
Isto está tudo bem pensado e é, de facto, é preciso muito cuidado com este departamento para proteger os mais jovens.
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Outra questão está relacionada com jogos exclusivos da Switch 2. Num momento inicial, a Switch original beneficiou da receção morna da Wii U - com muitos dos jogos lançados para esta consola a terem chegado posteriormente à sucessora. Prova disso é o facto que ‘Mario Kart 8’, um jogo da Wii U, ter chegado à Switch e é até hoje ser o jogo mais vendido da consola com mais de 67 milhões de cópias vendidas. Tendo em conta que a Switch vendeu mais de 152 milhões de consolas em todo o mundo, significa isto que mais de um terço dos jogadores da Switch comprou ‘Mario Kart 8’ - o que é, para todos os padrões, impressionante. Curiosamente, ‘Mario Kart World’ é o primeiro jogo da Switch 2 e o primeiro novo título da ‘franchise’ em mais de dez anos. Mesmo que outros jogos cheguem à Switch 2 ao longo do ano, esperam que ‘Mario Kart’ seja suficiente para vender a consola?
‘Mario Kart’ tem uma tradição e uma história muito interessante com a Nintendo e com o público em geral, porque é um jogo semelhante a jogos de futebol. Há pessoas que só jogam a jogos de futebol, dá para conviver e estar o dia inteiro com os teus amigos a jogar. Uma coisa que notei muito a trabalhar na Nintendo nos últimos anos a observar as pessoas nos eventos, foi vê-las a entrar nos recintos sem intenção de comprar nada e a sair de lá com uma consola e quase sempre com ‘Mario Kart’.
É um jogo democrático: todos se sentem bem e ninguém realmente perde. É uma fórmula muito da Nintendo porque, mesmo que uma pessoa passe a maior parte da corrida a perder, há sempre oportunidade no final de ganhar a dianteira. Percebe-se que, por muito frustradas e por muito espírito competitivo que as pessoas tenham, há qualquer coisa em ‘Mario Kart’ que é um ‘feel good’ e que o torna um ‘benchmark’, ou seja, que faz com que as pessoas sintam que tenham de ter um ‘Mario Kart’ para a consola.
O ciclo de vida de um ‘Mario Kart’ é muito interessante porque, além do pico de vendas inicial, é um jogo que vai vendendo sempre - nunca para de vender. As pessoas começam por querer comprar um ‘Mario Kart’ e depois logo vêm o que querem ter mais. É um jogo com imensa longevidade, sobretudo com as pistas que foram sendo lançadas para ‘Mario Kart 8’ na Switch.
Muito pouco sabemos sobre o que a Nintendo está a planear para ‘Mario Kart World’ na Switch 2, mas penso que será um jogo que as pessoas vão receber bem, não só pelas coisas novas que tem, mas também porque será alimentado ao longo do tempo com novas pistas, funcionalidades, etc.
O facto de ter um mundo aberto é algo que vai apelar a algumas pessoas, assim como o ciclo dia/noite, mas há também modo ‘Knockout Tour’ para até 24 jogadores - tanto em modo online como local. Neste modo começas com todos os pilotos e, quem não atravessar a meta a tempo, é eliminado ao longo de um determinado número de voltas.
É quase um ‘battle royale’...
Exatamente! A Nintendo está sempre em cima das tendências, mas de uma forma diferente. Há sempre a ideia de proporcionar diversão e, mesmo que as pessoas sejam eliminadas neste modo, ficam a ver, criam-se claques e tem realmente um grande potencial para se jogar em casa com família e amigos.
É diferente de uma corrida normal?
É, porque numa corrida normal todos chegam ao fim. Em ‘Knockout Tour’, às vezes, passas [pelo ‘checkpoint’] a restar um segundo e ficas aliviado ou, se não passares, ficas muito frustrado.
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É engraçado porque numa corrida normal de ‘Mario Kart’ quem vai em primeiro é que vai com mais ansiedade, porque sabe que pode calhar um item a quem vai em último que é suficiente para o tirar da liderança. Aqui quem vai em último também vai com essa sensação de que pode ser retirado da corrida.
É bem observado. É bem verdade. Todos passam por essa ansiedade. É um modo muito giro e, dado que as pessoas já estão habituadas a jogar umas contra as outras em rede ou localmente, acho que está bem adaptado.
Fora disso, tens sempre a experiência normal de ‘Mario Kart’. Agora tens os já referidos mundo aberto e ciclo dia/noite, assim como andar por cima da água, interagir com objetos, tens elementos destrutíveis… É um ‘Mario Kart’ diferente. Acho que estamos todos expectantes para ver como será recebido [entre os jogadores].
No que diz respeito a jogos exclusivos, teremos este ano o já referido ‘Mario Kart World’, ‘Donkey Kong Bananza’ em julho… Mais algumas coisas?
Temos também o ‘Nintendo Switch 2 Welcome Tour’, que é uma espécie de tutorial que é muito giro. Temos também o ‘Drag x Drive’, em que jogas basquetebol numa cadeira de rodas [com ajuda do sensor de movimentos dos Joy-Con].
Temos também em destaque mais conteúdos para ‘Kirby and the Forgotten Land’ e ‘Super Mario Party Jamboree’ e também melhorias técnicas para ‘The Legend of Zelda: Breath of the Wild’ e ‘The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom’ - que pode ser uma experiência bastante nova numa consola mais potente com um ecrã de melhor qualidade.
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