Ucrânia restringe uso do Telegram pelos militares por razões de segurança
A Ucrânia proibiu hoje o uso do Telegram, um serviço de mensagens muito popular fundado pelo russo Pavel Durov, nos dispositivos eletrónicos oficiais da maioria dos seus militares, alegando razões de segurança.
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"Foi decidido proibir a instalação e utilização do Telegram em dispositivos oficiais de funcionários governamentais, militares, funcionários do setor de segurança e defesa, bem como de empresas que operam infraestruturas críticas", com algumas exceções, afirmou o Conselho de Defesa e Segurança Nacional ucraniano, que responde perante o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, num comunicado.
O comunicado foi divulgado após uma reunião do conselho para analisar as eventuais "ameaças à segurança nacional" representadas pelo aplicativo e tem como pano de fundo a suspeita de os serviços secretos russos conseguirem aceder às mensagens.
Sob anonimato, fonte dos serviços de segurança da Ucrânia disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que os militares "usam frequentemente o Telegram para discutir questões de trabalho confidenciais".
"É uma grande fonte de vazamento de informações porque o Telegram é facilmente pirateado" pelos russos, explicou.
Os funcionários que são obrigados a utilizar o Telegram no âmbito das suas funções, nomeadamente para distribuir comunicados de imprensa oficiais, não são, no entanto, afetados por esta regra, esclareceu o conselho, sendo a aplicação um importante meio de comunicação para o exército e as autoridades públicas.
O chefe da secreta militar ucraniana, Kyrylo Budanov, apresentou "informações fundamentadas" que demonstram que os serviços de inteligência russos "têm acesso à correspondência pessoal dos utilizadores do Telegram, mesmo às mensagens eliminadas, bem como aos seus dados pessoais", segundo o Conselho.
Representantes dos serviços de segurança ucranianos, por sua vez, garantiram que o Telegram foi utilizado por Moscovo para ataques cibernéticos ou para localizar geograficamente utilizadores.
No entanto, a proibição aplica-se apenas aos dispositivos funcionais de militares e oficiais, e não às suas ferramentas privadas.
As pessoas em causa "não devem utilizar o Telegram no seu computador no trabalho", explicou então um funcionário do Conselho, Andriï Kovalenko, numa mensagem publicada, precisamente, no Telegram.
O fundador e chefe do serviço de mensagens, Pavel Durov, foi preso em agosto em França e acusado de publicar conteúdo ilegal no aplicativo, estando proibido de sair do território francês.
A aplicação é amplamente utilizada na Rússia, na Ucrânia e em muitos outros países para comunicações oficiais ou privadas.
Zelensky publica diariamente no Telegram, assim como os seus ministros e os diferentes ramos do seu exército.
Pavel Durov estima que o Telegram, fundado em 2013, tenha 950 milhões de utilizadores em todo o mundo.
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