Obituário 'online' presta tributo gratuito a amigos e familiares

A publicação da morte de familiares ou amigos é um negócio conhecido das páginas dos jornais, mas que três amigas querem transformar num tributo grátis, tendo criado o primeiro 'site' do género em Portugal, intitulado necrologico.pt.

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Lusa
18/01/2014 09:33 ‧ 18/01/2014 por Lusa

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Necrologico.pt

"É um tema estranho, é verdade. Primeiro estranha-se, depois entranha-se, mas, ao fim e ao cabo, a morte faz parte da vida e em muitas situações este site será um tributo à vida, com a criação dos memoriais, que funcionam como uma lápide virtual", explicou à Lusa Telma Emídio Saraiva, uma das três mentoras do projeto que será lançado segunda-feira na esfera virtual.

O necrologico.pt vai permitir a divulgação, participação de óbitos, informações sobre as exéquias fúnebres, além da criação de memoriais onde se homenageiam as pessoas falecidas, explicou Telma Saraiva.

"As mesmas lápides que as pessoas colocam nos cemitérios em cima das campas vão poder ser feitas na página de internet. Ali tem-se a possibilidade de colocar fotografias, músicas, dedicar poemas. No fundo, fazer um tributo à vida, talvez seja isso mesmo que se pretende, uma forma diferente de ver e encarar a morte", frisou.

De início, na fase de lançamento, todas as publicações, óbitos e memoriais, vão ser gratuitos. Depois, ainda sem data prevista, os memoriais vão começar a ser pagos, por uma quantia simbólica de dez euros acrescidos de IVA.

Telma Saraiva contou que a ideia surgiu um pouco por acaso entre as três amigas, e, como não têm problemas em tratar o tema, pareceu-lhes um conceito a explorar já que não havia nada parecido a nível nacional e ficaram com a certeza de avançar depois de terem conhecimento dos elevados preços de um obituário num jornal.

"Este é acessível, não tem custos exorbitantes. Vai estar ao alcance de todas as pessoas, porque é um 'site' criado para as pessoas, com muita interatividade. Vai ter também um blogue de partilha de luto, onde as pessoas vão poder falar de assuntos do tema, porque há muitos que ficam sozinhos, sem ninguém", explicou.

Segundo Telma Saraiva, é dada a possibilidade às pessoas de terem acesso a "algo diferente dentro de um tema que acabam por não gostar".

O site de necrologia virtual vai também possibilitar que um obituário possa ser difundido através das redes sociais, facebook, twitter, Google+, numa altura em que a tecnologia assume "uma preponderância particular na partilha de momentos marcantes na vida pessoal de cada um", adiantou.

"De alguma forma beneficia a própria pessoa que faz o anúncio, uma vez que se trata de um momento difícil em que esta nem se lembra das coisas que tem de fazer. Ao 'postar' no necrológico tem a possibilidade de dar a informação a todos os contactos sem ter que estar a ligar pessoalmente a informar cada um da sua lista telefónica", considerou.

A responsável pelo projeto virtual lembrou ainda aquelas situações em que por vezes as pessoas que não conseguem ir ao funeral, ou não querem incomodar com um telefonema de pêsames, mas podem mostrar "o seu apreço pela pessoa falecida" através de um comentário no 'post', que poderá ser visto pelos familiares e amigos de quem fez o obituário.

O 'site' oferece a possibilidade de memoriais, que não precisam de ser criados aquando da morte de alguém, sendo uma opção no sentido de homenagear um ente querido, revela Telma Saraiva, adiantando que estes podem ser públicos ou privados.

A ideia esteve a ser pensada há mais de um ano pelas três amigas. Além de Telma Saraiva, Patrícia de Oliveira Carvalho e Marinela Ramires Coelho participam no projeto, que, depois de ter sido lançado numa página no Facebook, já suscitou o interesse de várias pessoas no seu serviço.

"O lançamento no Facebook foi para informar as pessoas, já há interessados em saber como fazer a publicação de exéquias, de um óbito, de um memorial", disse à Lusa.

A página 'online' poderá ainda contar com espaços de publicidade relativa à temática da morte, adiantou Telma Saraiva, que podem ser floristas, agências funerárias ou seguradoras: "Há um mundo muito grande, nós não temos ideia dos negócios que há em torno da morte."

Numa ronda pelos principais jornais de tiragem nacional, a Lusa constatou que o anúncio de um obituário que ocupe no mínimo 6x4 cm de espaço pode custar entre 59 e 165 euros.

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