"No final de 2019, a Compta tinha 99,3% do volume de vendas" no mercado nacional e, em 2020, "iniciámos a nossa transformação e internacionalização", afirmou o presidente da Comissão Executiva, Alberto Ferreira, que assumiu o cargo em fevereiro deste ano.
"Diria que à data de hoje já temos mais do esses 0,7%" de volume de vendas provenientes do mercado internacional, acrescentou o gestor.
Apesar de assumir que a Compta quer estar "em todo o lado", Alberto Ferreira salienta que a aposta neste momento passa pelos mercados lusófonos: "Estamos a falar de África e Brasil".
"O processo de internacionalização já começou na Compta há mais anos, mas não tinha expressão", prosseguiu, sendo que este agora regista "uma aceleração".
A Compta, que é uma empresa de tecnologias de informação "das mais antigas em Portugal", está "agora com uma aposta na internacionalização e focada no que são os mercados lusófonos", sublinhou o presidente executivo.
Sobre os dados da atividade da empresa, o gestor não avançou informação porque a empresa ainda não fechou o seu terceiro trimestre.
"O que posso dizer é que os números de agosto de 2020 já são superiores aos números de agosto de 2019", acrescentou, salientando que o "ano não é normalizado", já que aquele mês é habitualmente difícil paras empresas. Isto porque a pandemia de covid-19 veio a 'baralhar' a vida das empresas.
"Em fevereiro deste ano, eu sou nomeado CEO [presidente executivo] da Compta e iniciámos um processo de transformação e readequação do que é o nosso posicionamento no mercado" e, em 13 de março, "mandámos 210 pessoas para casa" devido à pandemia, contou.
"A Compta teve a capacidade e a felicidade de ter conseguido numa fase muito anterior" à pandemia de ter enviado "toda a gente para casa, reduzimos os espaços disponíveis de escritório" e "não temos nenhum caso [de covid-19] entre os nossos colaboradores à data de hoje", afirmou o gestor.
"Dotámos todas as pessoas com uma estação de trabalho, todas as pessoas que estavam em clientes [empresas externas] foram também para casa", acrescentou.
"Isto é liderança, que em Portugal há pouco. Há muita gestão, mas há pouca liderança", considerou Alberto Ferreira.
No período da pandemia, "a nossa produtividade cresceu cerca de 20%", apontou o gestor.
"É fácil de fazer as contas": em oito horas de trabalho, se se incluir três horas para as deslocações (contabilizando hora e meia para a ida e outras tantas para a vinda), se as pessoas trabalharem em casa e oferecerem mais uma hora, trabalham nove e ainda poupam duas horas" para a vida pessoal, prosseguiu.
"Criámos também várias linhas de apoio psicológico, temos uma pessoa externa que nos apoia nessa situação", salientou Alberto Ferreira.
O gestor adiantou que os colaboradores da Compta "superaram os desafios de forma incrível" propostos durante a pandemia.
Ainda por cima porque "estamos a falar de uma empresa que tinha acabado de receber uma nova chefia, uma nova gestão, e que começou a transformar no dia em que chegou, com reorganizações internas, com reposicionamentos de oferta e de processos de trabalho e que, de repente, 15 dias depois, é-lhes pedido para irem para casa confinar, algo que foi aceite sem questionar".
Ao contrário de outras empresas de tecnologias de informação (TI) que estão a proceder à redução do número de trabalhadores, "desde janeiro contratámos 17 pessoas e vai entrar mais uma para reforçar a estrutura de gestão no dia 01 de outubro", disse.
"Em pleno covid-19 crescemos quase 10% em pessoas, o que é fantástico", considerou o presidente executivo da Compta, adiantando que o número de colaboradores deverá estar, atualmente, perto das 220.
O gestor defendeu a redução do tempo de escritório.
"Queremos mudar esse tipo de cultura, já em fevereiro, antes da covid, estávamos a fazer um plano" afora a pandemia veio "ajudar-nos a fazer este tipo de redução do tempo de escritório. Não queremos as pessoas no escritório cinco dias por semana, das 09h às 18h, queremos menos horas de escritório e mais compromisso", sublinhou.
Sobre o regresso ao escritório, Alberto Ferreira diz que vai ser muito diferente do período pré-pandemia.
"Taxativamente, o regresso ao escritório nunca será nos moldes em que o deixámos, haverá seguramente uma redução de tempo de escritório e aqui estamos a falar de toda a gente", embora obviamente haja funções que não podem deixar de ser feitas presencialmente.
Apesar disso, a Compta não conta reduzir o espaço do seu escritório, por um "único motivo muito particular", explicou.
"Se mantivéssemos, que não vamos manter, o número de pessoas que temos hoje, diria que poderíamos reduzir, mas estamos a prever um crescimento" do número de pessoas, sendo que, "ao mesmo tempo queremos descentralizar", de ter os colaboradores a trabalhar onde quiserem.
"Temos de criar essa cultura de descentralizar, falo em cultura por uma questão muito simples: esta coisa de trabalho remoto é maravilhoso, mas é péssima para mais gestores e para mais chefes de equipa, isto obriga a que as pessoas saibam o que estão a fazer e consigam entregar o trabalho que precisa ser feito", argumentou.
A transformação e eficiência numa empresa "não existe se as pessoas não perceberem o resultado que se se espera daquilo", defendeu, apontando que na Compta existem 'newsletters' semanais a fazer o ponto de situação da empresa, além das comunicações do próprio presidente executivo aos colaboradores.
A Compta tem três áreas centrais de atividade: serviços TI, uma área focada nas soluções de negócio e outra em produtos digitais, onde se incluem a Internet das Coisas (IoT).
"Nos últimos anos, de forma muito coerente, a Compta tornou-se uma das grandes referências em IoT em Portugal", afirmou.
Por exemplo, tem soluções para a gestão de espaços verdes, em que é possível controlar via IoT [em que os objetos estão interconectados digitalmente] as regas, entre outros; como também para a prevenção de incêndios.
"Conseguimos monitorizar através de soluções óticas e térmicas se os motores estão com risco de explosão", explicou.
"Estamos a levar a tecnologia exatamente para onde queremos estar, que é ter a tecnologia ao serviço da Humanidade, levar para a chamada Sociedade 5.0", referiu.
A Compta opera em todos os setores de atividade e com "quase todas as grandes empresas nacionais e ministérios", disse.