"As afirmações do ainda Presidente da República não surpreendem o PS/Açores, mas não deixam, no entanto, de ser reveladoras da dificuldade de compreender as autonomias que Cavaco Silva sempre demonstrou ao longo do seu percurso político e até particularmente nas atuais funções", declarou André Bradford à agência Lusa.
O Presidente da República homenageou hoje os representantes da República para as regiões autónomas, sublinhando que a extinção deste cargo só pode ser defendido por desconhecimento das suas funções e competências, porque tal seria "extremamente gravoso".
"Só o desconhecimento do papel e das competências dos representantes da República para as regiões autónomas pode levar alguém a defender a extinção deste cargo constitucional", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, antes de condecorar o representante da República para a Região Autónoma da Madeira, Ireneu Cabral Barreto.
André Bradford considerou que uma autonomia "madura, forte e responsável acrescenta ao todo nacional e não prejudica o país, considerando que é importante, sim, prosseguir, nos Açores, o "importante trabalho de reflexão que tem sido liderado pelo PS/Açores", visando a reforma do sistema autonómico.
O líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, reiterou em janeiro o convite aos partidos políticos no arquipélago para uma tentativa de "consensualização" em torno da reforma da autonomia.
Numa carta enviada aos partidos, o líder socialista regional defendeu a necessidade de se fazer "um esforço" no sentido de se criar um "consenso sobre os contornos, objetivos e extensão da reforma" do "sistema de autogoverno" dos Açores.
O dirigente socialista açoriano espera que o próximo Presidente da República possa "demonstrar uma outra sensibilidade e entendimento" para o que considera as legítimas aspirações das regiões autónomas.
Ainda no âmbito das suas declarações, Cavaco Silva disse não ter a "mínima dúvida" de que a extinção do cargo "seria extremamente gravosa para as regiões, para o Governo da República e para o Estado unitário que é Portugal".
"Esta cerimónia tem por objetivo distinguir a pessoa do conselheiro Ireneu Cabral Barreto, mas ao mesmo tempo visa homenagear os representantes da República para as regiões autónomas", notou Cavaco Silva, referindo-se ao representante da República para a Madeira com um "prestigiado jurista que dedicou décadas à causa pública e que afirmou o seu prestígio para além das fronteiras nacionais como juiz do Tribunal dos Direitos Humanos".
O Presidente da República fez ainda referência aos "altos serviços prestados ao país" pelo representante da República para os Açores, Pedro Catarino, já anteriormente condecorado.