O líder do Chega, André Ventura, afirmou este domingo que ficou "triste" com as críticas de Gabriel Mithá Ribeiro, que, num artigo de opinião, o acusou de ser um "predador narcísico" que "abusa de poder" e que tem um "demónio vingativo", e revelou que o fundador do partido não o avisou que iria abandonar o cargo de deputado na Assembleia da República.
"Quero dizer que fico triste e que me deixa triste. É uma tristeza pesada que sinto por alguém sair e dizer mal de todos… Dizer que sou um demónio, um narcisista, etc, só porque não teve lugar num governo-sombra", referiu num vídeo partilhado na rede social Instagram.
E questionou: "Se eu o tivesse nomeado para o governo-sombra, já não era um demónio e um narcisista?"
Ventura afirmou que a posição de Mithá Ribeiro "não faz sentido" e "dá às pessoas a ideia que os políticos só estão aqui por lugares e por tachos" e por "acharem que merecem uma determinada coisa".
"Isto entristece-me muito. Acho que é uma forma errada de estar na política. Neste caso, pesa-me um bocadinho mais porque fui eu que segurei o professor Gabriel Mithá Ribeiro quando muitas estruturas, inclusive a sua estrutura distrital, não o queriam com o mandato de deputado e não o queriam manter na Assembleia da República", afirmou.
O líder do Chega recordou que indicou Mithá Ribeiro "para a mesa da Assembleia da República", que representou "até há uns dias". "Não cabe na cabeça de ninguém, mas entristece e magoa porque sentimos um volte-face na forma de pensar e, sobretudo, uma quebra de confiança", acrescentou.
Ventura contou que não houve "nem sequer uma chamada" de Mithá Ribeiro a informar que iria abandonar o cargo de deputado do Chega, acabando por representar "uma forma de estar na política que não interessa a ninguém".
Mithá Ribeiro critica André Ventura: "Predador narcísico" com "demónio vingativo"
Na sexta-feira, num artigo de opinião publicado pelo Observador, Mithá Ribeiro revelou que saiu da Assembleia da República depois de ter ficado fora do governo-sombra do Chega e descreveu André Ventura como um "predador narcísico" que "abusa de poder" e que tem um "demónio vingativo".
"Desvinculei-me do Chega, pois não toleraria a mim mesmo arrastar-me numa das mais escandalosas práticas de parasitismo social e subsidiodependência, a condição de deputado-joguete nas mãos de um líder narcísico incompatível com qualquer forma de sujeito coletivo, que tratou de destruir os fundamentos de uma instituição sólida que lhe servisse de filtro existencial", escreveu ex-parlamentar.
No artigo, Mithá Ribeiro descreve os "7 pecados mortais" de André Ventura, a quem acusa, diversas vezes, de ser "narcísico": "Desprezo [pelo ideal reformista]", "Inconsciência [moral]", "Negligência [cívica]", "Frieza [desumana de líder de ignorantes]", "Soberba [de violador do exercício de função soberana]", "Irresponsabilidade [de brincar ao governo sombra]" e "Imaturidade [de políticos destruidores de povos]".
Mithá Ribeiro recorda "crise séria" com Ventura em 2022: "Foi ofensivo"
Gabriel Mithá Ribeiro revelou que, após ter partilhado uma crítica a André Ventura nas redes sociais, em 2022, o líder do Chega ligou-lhe e falou-lhe num tom "ofensivo e agressivo".
Notícias ao Minuto | 20:52 - 17/10/2025Mithá Ribeiro foi eleito deputado na XV, XVI e XVII legislaturas, sempre pelo círculo de Leiria, tendo sido reconduzido como secretário da mesa da Assembleia da República em junho passado, depois das eleições legislativas antecipadas.
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