Mithá Ribeiro recorda "crise séria" com Ventura em 2022: "Foi ofensivo"

Gabriel Mithá Ribeiro, que confirmou esta sexta-feira que renunciou ao seu mandato de deputado na Assembleia da República após ter ficado fora do governo-sombra do Chega, revelou que teve uma "crise séria" com o presidente do partido em 2022.

"Tive uma crise séria com o presidente André Ventura entre agosto e setembro de 2022", afirmou, em declarações à SIC Notícias.

Nessa altura, Mithá Ribeiro tinha partilhado, nas redes sociais, um artigo de Pedro Arroja, no qual o fundador do Chega dizia estar "bastante decepcionado" com as propostas do partido da área da justiça.

Após essa partilha, Ventura ligou a Mithá e foi "ofensivo e agressivo", falando-lhe "aos gritos". 

"Foi agressivo, foi ofensivo. A minha reação foi pedir para falarmos tranquilamente no dia seguinte e ele desligou a chamada", contou.

"No dia seguinte, a conversa foi eu a ver as notícias a dizer que tinha sido demitido do cargo de coordenador do gabinete de estudos", acrescentou.

Ainda assim, decidiu continuar no Chega porque "as instituições têm um percurso e têm crises". Agora, três anos depois, saiu porque "teve a certeza que há um problema narcísico". 

"Este caso não é político, é de personalidade", atirou.

Recorde-se que, no passado dia 22 de setembro, o grupo parlamentar do Chega anunciou que Gabriel Mithá Ribeiro pediu a renúncia ao mandato de deputado e que seria substituído por Rui Fernandes, sem revelar os motivos desta decisão.

"Informa-se que o deputado eleito pelo círculo de Leiria, Gabriel Mithá Ribeiro, solicitou, nos termos do artigo 7.º do Estatuto dos Deputados, a renúncia ao mandato de deputado, sendo substituído por Rui Fernandes", lia-se num comunicado.

Esta sexta-feira, num artigo de opinião publicado pelo Observador, Mithá Ribeiro revelou que saiu da Assembleia da República depois de ter ficado fora do governo-sombra do Chega e descreveu André Ventura como um "predador narcísico" que "abusa de poder" e que tem um "demónio vingativo".

"Desvinculei-me do Chega, pois não toleraria a mim mesmo arrastar-me numa das mais escandalosas práticas de parasitismo social e subsidiodependência, a condição de deputado-joguete nas mãos de um líder narcísico incompatível com qualquer forma de sujeito coletivo, que tratou de destruir os fundamentos de uma instituição sólida que lhe servisse de filtro existencial", escreve a certa altura o ex-parlamentar.

No artigo, Mithá Ribeiro descreve os "7 pecados mortais" de André Ventura, a quem acusa, diversas vezes, de ser "narcísico": "Desprezo [pelo ideal reformista]", "Inconsciência [moral]", "Negligência [cívica]", "Frieza [desumana de líder de ignorantes]", "Soberba [de violador do exercício de função soberana]", "Irresponsabilidade [de brincar ao governo sombra]" e "Imaturidade [de políticos destruidores de povos]".

Mithá Ribeiro foi eleito deputado na XV, XVI e XVII legislaturas, sempre pelo círculo de Leiria, tendo sido reconduzido como secretário da mesa da Assembleia da República em junho passado, depois das eleições legislativas antecipadas.

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