O antigo presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, confessou, este domingo, não entender “a polémica em torno da proibição do uso da burca em espaços públicos”, medida que considerou ser “de elementar bom senso” face aos “valores culturais e civilizacionais” de Portugal.
“Não entendo a polémica em torno da proibição do uso da burca em espaços públicos. É uma medida de elementar bom senso em função dos nossos valores culturais e civilizacionais. Quem quer viver em Portugal tem, obviamente, de os respeitar”, escreveu o mandatário da candidatura presidencial de Henrique Gouveia e Melo, na rede social X (Twitter).
O social-democrata incluiu ainda uma notícia da agência Lusa, datada de maio de 2022, que dava conta de que as “mulheres no Afeganistão [são] obrigadas a usar burca em público”.
Não entendo a polémica em torno da proibição do uso da BURCA em espaços públicos. É uma medida de elementar bom senso em função dos nossos valores culturais e civilizacionais. Quem quer viver em Portugal tem, obviamente, de os respeitar. https://t.co/rjuoH2ju1b
— Rui Rio (@RuiRioPT) October 19, 2025
Saliente-se que o imã da Mesquita Central de Lisboa, David Munir, acusou os políticos de "taparem os olhos aos portugueses" com a nova legislação contra o uso da burca, além de terem adotado um discurso islamófobo e anti-imigrantes, ao invés de resolverem os problemas do país.
O xeque salientou que “meia-dúzia de muçulmanas" usam burca (corpo completamente coberto) em Portugal, enquanto "uma dúzia e pouco" opta pelo niqab (máscara sobre o rosto).
"Na prática, se formos ver, quantas muçulmanas foram apanhadas com o rosto tapado a cometerem algo que pusesse a segurança em causa?", questionou. E respondeu: “Zero.”
David Munir assegurou ainda que não existem casos de muçulmanas que se tenham recusado identificar-se perante as autoridades, ao usar burca ou niqab.
Recorde-se que PSD, IL e CDS-PP aprovaram, na generalidade, o projeto de lei do Chega que visa proibir a utilização de burca em espaços públicos, invocando os direitos das mulheres e questões de segurança, na sexta-feira. A iniciativa contou ainda com os votos contra de PS, Livre, BE e PCP, e a abstenção do PAN e JPP.
Com esta lei, o Chega propõe que seja "proibida a utilização, em espaços públicos, de roupas destinadas a ocultar ou a obstaculizar a exibição do rosto", com algumas exceções. Na abertura do debate, o líder daquele partido especificou que o objetivo é proibir que "as mulheres andem de burca em Portugal" e dirigiu-se em particular aos imigrantes.
"Quem chega a Portugal, vindo de onde vier, vindo de que região venha, com os costumes que tiver ou com a religião que tiver, tem que acima de tudo cumprir, respeitar e fazer respeitar os costumes deste país e os valores deste país", defendeu André Ventura.
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