O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, defendeu esta quinta-feira que "o Governo português está longe de fazer aquilo que é urgente para acabar com o genocídio" na Faixa de Gaza e que é necessário "salvaguardar a vida e o bem-estar dos portugueses" detidos por Israel.
"O Governo português está longe de fazer aquilo que se impõe, que é urgente e que é necessário para acabar com o genocídio que está em curso do povo da Palestina", afirmou aos jornalistas, à margem de uma arruada da CDU, em Odivelas.
"Estamos perante uma situação que condenamos, naturalmente. É preciso que o Governo utilize todos os seus meios e instrumentos para salvaguardar a vida e o bem-estar dos portugueses que estão envolvidos", destacou.
No entanto, Paulo Raimundo frisou que "a questão de fundo é outra" e que se deve questionar "como é que se termina com o genocídio que está em curso".
E respondeu: "Uma atitude mais firme era, de forma clara, condenar o que está a acontecer na Palestina. Podemos fazer horas sobre este acontecimento em concreto - e devemos falar - mas não podemos esquecer a questão de fundo. Os barcos não se dirigiam à Palestina porque lhes apetecia fazer um cruzeiro".
O secretário-geral do PCP afirmou que Israel está a realizar um "genocídio em Gaza" com o "conluio dos Estados Unidos e com a cumplicidade da União Europeia".
Recorde-se que a flotilha, composta por cerca de 50 embarcações, uma das quais com bandeira portuguesa, partiu de Espanha com o objetivo de romper o bloqueio israelita e entregar mantimentos na Faixa de Gaza. O governo de Israel alegou que a iniciativa era apoiada pelo grupo extremista palestiniano Hamas e deteve os tripulantes.
Além da coordenadora do BE, Mariana Mortágua, da atriz Sofia Aparício e do ativista Miguel Duarte, cuja participação nesta iniciativa era conhecida, foi também detido por Israel um quarto português que seguia na flotilha, Diogo Chaves, divulgou hoje o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, as tripulações foram levadas para o porto de Ashdod e mantidas em centros de detenção específicos, onde poderão aceitar a expulsão voluntária imediata ou rejeitá-la e aguardar decisão judicial.
Israel iniciou em 16 de setembro uma grande ofensiva terrestre contra a cidade de Gaza, justificando-a para eliminar o último 'bastião' do grupo extremista palestiniano.
A invasão militar levou à deslocação forçada para o sul da Faixa de Gaza de mais de um milhão de pessoas e resultou em dezenas de mortos diariamente naquela cidade, muitos deles civis, num conflito que já matou mais de 66 mil palestinianos, incluindo mulheres e crianças, de acordo com os números do Hamas.
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