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Chega? "Pessoas não acreditam nas soluções miraculosas. Querem punir"

O ex-deputado socialista Sérgio Sousa Pinto vincou que os eleitores do partido de André Ventura "não acreditam nas soluções miraculosas" do Chega, pretendendo antes "punir aqueles que identificam como os responsáveis por uma vida que é dura".

Chega? "Pessoas não acreditam nas soluções miraculosas. Querem punir"

© Global Imagens

Daniela Filipe
13/09/2025 12:12 ‧ há 5 horas por Daniela Filipe

O ex-deputado socialista Sérgio Sousa Pinto considerou, na sexta-feira, que os eleitores do Chega "não acreditam nas soluções miraculosas de André Ventura", mas pretendem, ao invés, "punir aqueles que identificam como os responsáveis por uma vida que é dura".

 

"O Chega tem um discurso primário e demagógico, mas isso parece não incomodar os eleitores. […] Acho que as pessoas não acreditam nas soluções miraculosas de André Ventura. As pessoas querem é punir aqueles que identificam como os responsáveis por uma vida que é dura, já não naquela época em que a dureza tinha um nome: austeridade. Agora, ninguém chama a isto que estamos a viver de austeridade. Temos de arranjar um novo nome para isto, porque a vida continua muito dura. Sugiro que se chame a isto mediocridade irremediável das existências, das pessoas, das vidas. Isto gera uma malaise, uma revolta contra a vida, contra o sistema", disse, em declarações à CNN Portugal.

Sérgio Sousa Pinto sustentou ainda que "as democracias – aqui, em França, no Reino Unido – estão em stress, porque há 20 anos que o desempenho económico é muito insatisfatório, por causa da sucessão de crises".

Nessa linha, os candidatos presidenciais "mais distanciados [...] daquilo que as pessoas de uma maneira geral identificam como o sistema", como é o caso do almirante Henrique Gouveia e Melo, ou até mesmo de André Ventura, "gozam de uma espécie de prémio".

"Às vezes, o eleitorado não é movido por pulsões construtivas, também é movido por pulsões destrutivas", complementou.

Ainda assim, o socialista ressalvou não saber se uma eventual entrada do líder do Chega na corrida a Belém viraria "o tabuleiro", recomendando que se deixe "passar algum tempo para percebermos o que é que verdadeiramente está a acontecer e qual é o peso relativo de cada candidatura".

"Há uma grande desorganização do mapa político português e só podemos refletir com base no passado. Como o passado está profundamente alterado pelas circunstâncias que estamos a viver, se calhar, nesta fase, não tem muito interesse especular sobre algo que é absolutamente impossível de antecipar", disse.

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Lusa | 23:28 - 12/09/2025

O comentador lembrou, além disso, que "a candidatura de João Cotrim de Figueiredo também ela é disruptiva", uma vez que "contesta o sistema nos seus alicerces".

"Não contesta o sistema nos termos em que André Ventura o faz, [mas] diz [que] estamos dentro de um paradigma que já não funciona, precisamos de libertar as forças da economia, porque só saímos daqui ou com mais impostos – o que não é possível – ou com austeridade – o que as pessoas não aguentam mais – ou então com crescimento económico, e a saída é o crescimento económico", disse.

E complementou: "Há coerência, faz falta e é uma linha forte. Enriquece o debate. Há esta ideia de que o Partido Socialista e o Partido Social Democrata são diferentes em aspetos que não são centrais para aquilo que pode verdadeiramente ter impacto na nossa vida."

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"Se quiserem, e entenderem que devo ir, aqui estarei. Se entenderem que não devo ir, aqui estarei. Se entenderem que outro ou outra e, quem, deve ir, aqui estarei também, como aquele que melhor vos representa", disse, no discurso de abertura do Conselho Nacional, em Lisboa.

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Márcia Guímaro Rodrigues | 19:28 - 12/09/2025

Disse, inclusive, ter abordado a possibilidade de apoiar o almirante, mas que recuou. Além disso, rejeitou apoiar os antigos líderes do PSD e do PS, e asseverou que deixaria a liderança do Chega se o partido decidisse subscrever essas candidaturas.

De notar que, antes das eleições legislativas antecipadas, o presidente do Chega tinha anunciado a intenção de se candidatar a Presidente da República. No entanto, distanciou-se dessa possibilidade, depois de o partido se tornar na segunda maior força no Parlamento.

André Ventura foi candidato a Presidente da República em 2021, ano em que Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para o segundo mandato presidencial. O parlamentar ficou em terceiro lugar, atrás de Ana Gomes, com 11,90% dos votos.

Pela primeira vez, Chega fica à frente da AD nas sondagens

Pela primeira vez em qualquer sondagem, o Chega ficou à frente da AD, de Luís Montenegro, nas intenções de voto do Barómetro DN/Aximage de setembro.

Após a distribuição dos 4,9% que disseram estar indecisos, o partido de André Ventura recebeu o apoio de 26,8% dos inquiridos, o que representa um aumento de 4% face aos 22,76% que obteve nas eleições legislativas de 18 de maio.

A AD, por seu turno, surgiu nas preferências de 25,9% dos inquiridos, traduzindo-se numa queda face aos 31,21% registados nas últimas eleições.

Já o PS conquistou 23,6% das intenções de voto, valor ligeiramente acima do obtido no último sufrágio (22,83%).

A sondagem ressalvou, contudo, que os três partidos encontram-se em empate técnico, já que a margem de erro é de 4,1%.

Leia Também: Vitória do PS será "novo fôlego" para a democracia. Chega? "Não serve"

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