O antecessor de Carlos Moedas na Câmara Municipal de Lisboa, acusa o atual autarca de estar a mentir "repetidamente sobre assuntos de grande seriedade", referindo-se à entrevista de Moedas à SIC Notícias, no dia anterior.
"Mentiu, no fundo, para se salvar. É uma entrevista em que Carlos Moedas de 2025 pretende salvar-se de Carlos Moedas de 2021. É uma entrevista em que Carlos Moedas tenta salvar o Moedas oportunista de 2021", afirmou, em entrevista à Rádio Renascença na segunda-feira, dia 8 de setembro.
Fernando Medina considerou ainda que o autarca "não quer imputar a si o critério que definiu".
O socialista recordou que Moedas foi "o mais lesto de todos" a pedir a sua "demissão na praça pública" no caso Russiagate - quando o município de Lisboa enviou às autoridades russas os nomes, moradas e contatos de três ativistas russos que organizaram um protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação do opositor russo (entretanto falecido) Alexey Navalny.
Para além da indignação, Medina disse sentir "repugnância" após Moedas invocar o nome do antigo ministro Jorge Coelho e afirmar que este tinha informações que indicavam que havia problemas estruturais com a ponte de Entre-os-Rios antes da tragédia, e que nada fez.
"Aquilo que Carlos Moedas diz é absolutamente falso", garantiu o socialista. "Houve um julgamento e em nenhuma circunstância foi dito que havia informação na posse do ministro que podia ter evitado o desastre", recordou.
Medina relembra que Moedas considerou que "um dirigente é responsável mesmo por todos os erros técnicos que acontecem dentro da sua instituição".
"Foi ele que pôs esse patamar, e hoje confrontado com o patamar que ele próprio colocou em 2021, Carlos Moedas foge", acusou o ex-presidente da autarquia de Lisboa.
"Carlos Moedas de 2025 já está demitido por Carlos Moedas de 2021", rematou Medina.
O socialista confessou ter optado por ficar quatro anos em silêncio, mesmo após ouvir mentiras sobre o seu mandato e ver erros na gestão da autarquia, mas que não consegue manter o silêncio depois das "mentiras" de Moedas na entrevista sobre o descarrilamento do Elevador da Glória.
O antigo governante chega até mesmo a acusar Moedas de ter um "padrão psicológico em que sempre que se vê em dificuldades e em momentos de pressão foge, mentindo e atirando a culpa para os outros", sem assumir qualquer tipo de responsabilidade.
Uma rotina, que, para Medina, significa que o autarca "não tem palavra, que não tem idoneidade para o lugar que ocupa", sublinhando que não pede a demissão de Moedas, mas sim que mantenha "a sua coerência".
Questionado sobre o descarrilamento do Elevador da Glória em 2018, quando Fernando Medina ainda encabeçava o município de Lisboa, o socialista confessou que, na altura, "houve uma antecipação de toda a manutenção das estruturas do elevador", confirmando que houve um reforço da segurança do elétrico.
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