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"Se alguém provar que não dei condições à Carris, demito-me no dia"

O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 23 feridos. Moedas entende que "não há nenhum erro" que lhe possa ser imputado e recusa demitir-se, a menos que se prove que não deu as condições necessárias à Carris para evitar o acidente.

"Se alguém provar que não dei condições à Carris, demito-me no dia"

© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
07/09/2025 20:17 ‧ há 6 dias por Notícias ao Minuto com Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou, este domingo, que "se alguém provar" que "não deu condições" à Carris para que a empresa "fizesse o que tinha de fazer", após a tragédia com Elevador da Glória, haverá "responsabilidade política", apresentando a sua demissão.

 

Numa entrevista à SIC, o autarca começou por destacar que a sua "prioridade" após o acidente mortal "foi estar no terreno", ao "lado das famílias", a quem assegura que dará "uma resposta". 

Posteriormente, após ser questionado sobre as responsabilidades políticas, lembrou que a Câmara de Lisboa é acionista da Carris, mas não gere a empresa, salientando que, enquanto acionista, a autarquia tem uma estratégia para a mobilidade da cidade e fornece recursos à empresa de transportes: "Se alguém provar que Carlos Moedas não deu as condições a essa empresa [Carris], que o orçamento da empresa diminuiu - o que não diminuiu, aumentou no meu mandato de 30% -, se alguém provar que essa empresa não investiu em novo equipamento - investiu mais 60% no meu mandato - e se alguém provar que essa empresa diminuiu o nível de manutenção - o que é totalmente mentira - , então, aí, há responsabilidade política", assegurou.

"Eu estou muito à vontade", acrescentou.

Carlos Moedas rejeitou uma "comparação" com o caso 'Russiagate', no qual pediu a demissão do então presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, referindo que em causa estava um "erro" ligado à "responsabilidade direta" do socialista. 

"Nesta tragédia, não há nenhum erro que possa ser imputado a uma decisão do presidente da Câmara", sublinhou. 

"Se alguém provar que alguma ação que eu tenha tido, algo que eu tenha feito como presidente da câmara, em relação a esta empresa, levou a que esta empresa não gastasse o suficiente em manutenção, que esta empresa não fizesse aquilo que tinha de fazer, eu demito-me no dia", insistiu, referindo que não é ele quem "está a gerir" a Carris. 

Questionado sobre o facto de Pedro Bogas, presidente da Carris, ter colocado o seu lugar à disposição - algo que rejeitou - , além da disponibilidade para sair manifestada por Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa e vereador para a Mobilidade, Moedas considerou que qualquer demissão seria "uma cobardia". 

"Daqui ninguém sai. Ninguém se demite. É uma cobardia. Não vou deixar. Estamos aqui para enfrentar a realidade", defendeu. 

"Responsabilidade política é quando o político sabe e não atua. Alguma coisa chegou ao meu gabinete? Isso não aconteceu. E tenho muito pena. Podia ter tomado decisões", apontou.

Na mesma entrevista, Carlos Moedas, que é recandidato à Câmara de Lisboa, rejeitou estar a "pensar" nas eleições autárquicas que se aproximam, frisando que, neste momento, pensa "naqueles que não estão cá" e nas "respostas" que têm de ser dadas. 

"A política não me interessa muito, nem as eleições me interessam muito neste momento", disse. 

Moedas aproveitou para destacar que o relatório preliminar sobre as causas do acidente demonstra que não houve erro humano e afirmou que o guarda-freio André Marques, uma das vítimas mortais, foi um "herói", que "lutou com a sua vida para proteger as pessoas".

Disse, por outro lado, ter ficado magoado com o aproveitamento político que tem sido feito do caso, acusando o Partido Socialista de ser "dissimulado" e "cínico", ao ter uma candidata à autarquia que não pede diretamente a sua demissão, mas que depois "encarrega todos os seus sicários e todos os seus apoiantes para virem por trás".

Carlos Moedas deixou a garantia de que irá fazer tudo para apurar as causas e as responsabilidades e lembrou, a propósito, que não existe qualquer relatório sobre o acidente que envolveu o Elevador da Glória em 2018, e que poderia agora "ajudar para que não se voltasse a repetir".

Relativamente aos restantes elevadores que funcionam na cidade, o autarca explicou que a decisão para que parassem e fossem avaliados foi para transmitir "tranquilidade, serenidade e capacidade de decisão" a todos os cidadãos, reafirmando que são feitas vistorias diárias.

Recorde-se que o Elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 23 feridos,  entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

O equipamento é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.

[Notícia atualizada às 22h08]

Leia Também: "Lealdade". Carris batiza elétrico com nome de guarda-freio André Marques

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