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"Vitimização" ou "serenidade"? Reações políticas à entrevista de Moedas

Carlos Moedas deu a primeira entrevista sobre a tragédia do Elevador da Glória e as reações não tardaram. Da Direita à Esquerda, são várias as personalidades que já reagiram. Há quem acuse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa de se vitimizar e de fazer política através do "ataque pessoal". Mas há também quem o defenda.

"Vitimização" ou "serenidade"? Reações políticas à entrevista de Moedas

© Horacio Villalobos/Getty Images

Natacha Nunes Costa
08/09/2025 08:44 ‧ há 2 dias por Natacha Nunes Costa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, deu a primeira entrevista, este domingo, sobre o trágico acidente com o Elevador da Glória, que provocou 16 mortos e mais de 20 feridos, admitindo que se demite caso seja provado algum erro político.

 

"Se alguém provar que alguma ação que eu tenha tido, algo que eu tenha feito como presidente da câmara, em relação a esta empresa, levou a que esta empresa não gastasse o suficiente em manutenção, que esta empresa não fizesse aquilo que tinha de fazer, eu demito-me no dia", assegurou na antena da SIC Notícias, referindo que não é ele quem "está a gerir" a Carris.

Uma entrevista que gerou, desde logo, várias reações da Esquerda à Direita.

Um dos primeiros a reagir foi o líder do Partido Socialista (PS). José Luís Carneiro acusou Carlos Moedas de "fuga para a frente" sobre o acidente do Elevador da Glória e ter "optado por insultar" socialistas como Alexandra Leitão, Pedro Nuno Santos e Eurico Brilhante Dias e "até ousar ofender a memória de Jorge Coelho, o que nenhuma circunstância política pode justificar".

Carneiro considerou ainda que "não vale tudo" e que o "PS exige explicações, apuramento das responsabilidades e o respeito pelos outros" após o trágico acidente.

"Quem ouve Moedas acha que ele foi a 1.ª vítima do acidente"

Uma opinião que a socialista Alexandra Leitão, cabeça de lista pela coligação PS/Livre/BE/PAN à Câmara de Lisboa nas próximas autárquicas, acompanha.

"Carlos Moedas voltou ao ataque pessoal. Não sabe fazer política de outra forma. Quem o oiça acha que a primeira vítima do trágico acidente no Elevador da Glória foi ele próprio. Não foi. Foram os mortos, os feridos e as suas famílias. A entrevista que deu à SIC é um exercício de desculpabilização pouco digno de um responsável político. Não trouxe respostas, não apresentou soluções e não anunciou uma única medida que ajude as vítimas ou que restaure a confiança dos lisboetas nas infraestruturas da cidade", escreveu a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública.

Já Eurico Brilhante Dias disse apenas, nas redes sociais, "que se salve Jorge Coelho", partilhando uma opinião de que considera "intolerável, indigno e insultuoso" que Carlos Moedas tenha recusado comparar a tragédia do Elevador da Glória à queda da ponte de Entre-os-Rios, afirmando que nesse caso o antigo ministro socialista - que se demitiu na altura - "tinha recebido informações sobre problemas de manutenção naquela ponte". Algo que, garantiu, não aconteceu consigo em relação ao ascensor que matou 16 pessoas e feriu mais de 20.

Uma opinião que o vereador do Bloco de Esquerda (BE), Ricardo Moreira, partilhou na rede social X, onde fez também 'retweet' de outros comentários, como por exemplo: "Diga-me um dia em que Carlos Moedas não se tenha vitimizado publicamente por ser criticado sobre o (péssimo) trabalho que fez".

Quem também já comentou a entrevista do autarca foi Isabel Moreira. Na rede social X, a deputada socialista deixou uma questão a Carlos Moedas. "Sabe o que significa 'sicários'? Se sabe, é muito grave".

Isto porque a certa altura, Carlos Moedas acusou alguns socialistas de serem "sicários" a mando da candidata a presidente da CML Alexandra Leitão.

Carlos Moedas optou por registo "mais sereno e de respeito"

Por sua vez, Assunção Cristas, do CDS-PP, defendeu a postura de Carlos Moedas no caso do descarrilamento do Elevador da Glória.

A ex-vereadora da Câmara de Lisboa considerou, na SIC Notícias, que o presidente da Câmara de Lisboa, "optou corretamente" em estar no terreno perto das pessoas e num registo "mais sereno e de respeito" pelas vítimas do descarrilamento.

"Ficaria muito surpreendida se Carlos Moedas chegasse aqui e dissesse 'eu vou embora, eu viro as costas'. Acho que o assumir a responsabilidade é dizer o que disse aqui: 'Eu não descansarei enquanto não estiver tudo devidamente explicado'", afirmou

A antiga ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território defendeu que é "natural e positivo" que responsáveis sintam que devem demitir-se, considerando igualmente positivo "ser dada uma indicação de que todos juntos temos de encontrar soluções".

Para Assução Cristas ainda haverá "muita discussão" técnico-jurírica sobre as culpas e as responsabilidades da tragédia. Já a nível político, defendeu que as "coisas" estão "bastante justificadas e claras".

Recorde-se que, antes da entrevista de Carlos Moedas à SIC Notícias, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que o autarca tem "responsabilidade política" sobre o acidente no elevador da Glória, considerando, porém, que não faz sentido falar em demissão a um mês das eleições autárquicas.

A Câmara de Lisboa reúne-se, esta segunda-feira, 8 de setembro, por causa do descarrilamento do Elevador da Glória. É o ponto único desta reunião convocada pelo presidente da autarquia.

A reunião extraordinária começa, segundo a RTP, às 9h30 da manhã e vai ser fechada à comunicação social. Deverão ser discutidas medidas de apoio às vítimas e familiares, bem como o apuramento das causas e responsabilidades.

Leia Também: "Se alguém provar que não dei condições à Carris, demito-me no dia"

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