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"Não podemos pôr carro à frente dos bois". As reações ao 1.º relatório

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) revelou, no sábado, em relatório, que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória "cedeu no seu ponto de fixação" da carruagem que descarrilou. Eis as primeiras reações ao documento.

"Não podemos pôr carro à frente dos bois". As reações ao 1.º relatório

© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
07/09/2025 19:09 ‧ há 1 dia por Notícias ao Minuto com Lusa

Depois de o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) ter revelado, no sábado, um primeiro relatório sobre o acidente do elevador da Glória, em Lisboa, já várias figuras políticas se pronunciaram. Desde o  Presidente da República a candidatos a Belém e líderes partidários, todos parecem concordar que é prematuro tirar conclusões e pedem que se investigue para apurar responsabilidades.

 

Em declarações aos jornalistas à saída do cemitério do Alto de São João, após o funeral de uma das vítimas mortais do descarrilamento, Marcelo Rebelo de Sousa pediu celeridade às autoridades responsáveis pelo relatório final sobre o acidente e agradeceu as primeiras conclusões preliminares conhecidas no sábado.

O Presidente recordou que o próximo relatório "está prometido para daqui a 45 dias" e que o documento definitivo só deverá ser conhecido dentro de um ano"Se fosse possível abreviar estes prazos, sobretudo do relatório definitivo, todos agradeceríamos", apelou o Presidente.

O chefe de Estado comentou as conclusões do primeiro relatório, "ainda muito preliminar", do GPIAAF, e destacou ainda aquilo que considera serem as principais dúvidas e pistas deixadas no documento, nomeadamente o que motivou que o cabo que unia as duas cabinas do elevador se soltasse e por que não funcionou a redundância, para permitir a travagem.

As primeiras conclusões - notou ainda - deixam antever que a inspeção visual não permitiu detetar o problema no cabo e permitem ainda questionar "porque não há uma instituição encarregada de fiscalizar este tipo de matérias".

O Presidente assinalou ainda que, "com os elementos disponíveis, não é possível determinar a responsabilidade de pessoas nem de organizações reativamente ao que aconteceu, nesta fase".

Por isso, "é preciso aguardar pelo relatório prometido para daqui a 45 dias", que Marcelo Rebelo de Sousa gostava que fosse apresentado mais cedo. "Teremos de esperar por essa altura", sublinhou.

O Presidente da República afirmou ainda que o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, tem "responsabilidade política" sobre o mortal acidente, mas considera que não faz sentido falar em demissão a um mês de eleições.

"Quem quer que exerça um cargo político é politicamente responsável"

O Presidente da República afirmou que o autarca de Lisboa, Carlos Moedas, tem "responsabilidade política" sobre o acidente no elevador da Glória, mas considerou que não faz sentido falar em demissão a um mês de eleições.

Notícias ao Minuto com Lusa | 13:02 - 07/09/2025

"Vamos esperar e depois assumir responsabilidades"

Após ser conhecido o relatório, o candidato presidencial Luís Marques Mendes também se pronunciou e considerou que devem ser apuradas todas as responsabilidades, mas considerou precipitado falar em demissões, e destacou a "atitude responsável" do PS porque, ao evitarem entrar na querela das demissões, estão a dar um sinal de exigência na mesma, mas de maturidade e de sentido de responsabilidade".

"Nós não podemos pôr o carro à frente dos bois. Responsabilidades, apurá-las todas, as técnicas e as políticas, mas fazê-lo com o rigor que as coisas exigem. Ainda ninguém sabe exatamente porque é que aconteceu aquele acidente gravíssimo, aquela tragédia. Vamos esperar e depois assumir responsabilidades", afirmou, quando questionado se os responsáveis políticos se devem demitir, em declarações aos jornalistas em Peniche.

Considerou que o "Estado voltou a falhar", mas "falta saber é o que é que falhou em concreto", e disse que é preciso aguardar pelo inquérito que deve ser feito "com tranquilidade e com rigor", mas "num prazo razoável"

"Tem de haver um apuramento rigoroso das responsabilidades"

A mesma posição partilhou o candidato presidencial António José Seguro, que hoje defendeu o  "apuramento rigoroso" de todas as responsabilidades na sequência do acidente. 

"Tem de haver um apuramento rigoroso das responsabilidades técnicas, de gestão, políticas, as que houver. Tem de haver a garantia de que não se volta a esta situação, mas tem de haver respostas a estas perguntas. Os portugueses, os lisboetas, merecem a resposta cabal às perguntas que acabei de fazer e outras que, naturalmente, estão a ser feitas", afirmou o antigo líder socialista, também em Peniche.

António José Seguro questionou: "Aquela zona que não faz parte da inspeção diária, é inspecionada por quem? Com que periodicidade? Qual foi a última vez que ela foi inspecionada? De quem é a responsabilidade? Mais, também hoje veio a público que o sistema de travões não funcionou, nem poderia funcionar. Mas não poderia funcionar porquê? Só agora é que se chegou a essa conclusão?".

Assim, pediu urgência e rigor nas respostas, defendendo que "os portugueses merecem transparência". Questionado se os responsáveis políticos se devem demitir, António José Seguro considerou que essa é uma questão para os partidos.

Ontem, ainda antes de ser conhecido o relatório, o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo tinha defendido "uma responsabilização" na sequência do acidente, mas recusou uma "caça às bruxas". Também o candidato presidencial liberal João Cotrim de Figueiredo havia considerado que o vereador com o pelouro da Carris deve ser afastado caso se conclua que o acidente resultou das opções políticas da Câmara de Lisboa.

E o que dizem os líderes partidários?

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, defendeu este domingo que tem de haver um tempo para "apurar responsabilidades" considerou que o grande escrutínio político sobre a tragédia vai ser feita nas eleições autárquicas de 12 de outubro.

"Há em curso investigações. Investigações desde logo das autoridades que superintendem estes serviços, mas há também em curso - aliás como é normal -, a investigação desenvolvida pelo próprio Ministério Público e é necessário aguardar por essas investigações", admitiu.

Questionado pelos jornalistas sobre se o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, devia ou não demitir-se, José Luís Carneiro disse que o seu "parecer é aquele que tem de ver com respeito pelo escrutínio daqueles que têm uma eleição própria para fazer o escrutínio do seu presidente da Câmara Municipal de Lisboa".

"Naturalmente que o escrutínio tem de ser feito. A partir de agora, em termos de sede de vereação municipal e também da candidata à Câmara Municipal [Alexandra Leitão], de realizarem esse escrutínio. Mas é um escrutínio que vai ser feito no dia 12 de outubro. Esse é mesmo o grande escrutínio político", disse.

Os restantes escrutínios, "de natureza civil, de natureza criminal", serão realizados por "outras entidades que o realizam (...) à luz da lei", declarou José Luís Carneiro.

Demissão de Carlos Moedas?

Demissão de Carlos Moedas? "É necessário aguardar pelas investigações"

Em declarações aos jornalistas, no Porto, José Luís Carneiro respondeu que tem "respeito pelo escrutínio daqueles que têm uma eleição própria para fazer o escrutínio do presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML)" e que, por isso, não se vai manifestar sobre este assunto.

Carolina Pereira Soares | 12:01 - 07/09/2025

A líder da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, também já se pronunciou e reiterou que é "prematuro tirar grandes conclusões" sobre o acidente, rejeitando que esta prudência se prenda com a proximidade das eleições autárquicas.

"Acho que é prudente aguardarmos pelas conclusões das investigações, das perícias, para sabermos exatamente o que é que se passou, sabendo as causas para poder prevenir tragédias futuras. As investigações têm de chegar a conclusões. Neste primeiro relatório preliminar já vi alguns dos detalhes, mas não são ainda suficientes para se tirar conclusões objetivas e o próprio relatório diz exatamente isso", disse Mariana Leitão.

Mariana Leitão rejeitou "fazer aproveitamento político" sobre o acidente. "Devemos ter bom senso nestas questões, aguardar pelas conclusões das investigações e depois, sim, tirar conclusões, tomarmos posicionamentos e obviamente exigirmos responsabilidades de quem tiver de prestar essas responsabilidades", insistiu.

Ainda questionada sobre as declarações do ex-líder do PS Pedro Nuno Santos que no sábado pediu a demissão do atual presidente da autarquia lisboeta, Carlos Moedas, a líder da IL repetiu a ideia de o tempo atual é de "pesar, solidariedade e prudência".

"Os factos atuais não são suficientes, nós não sabemos exatamente o que é que causou o acidente, também não sabemos que questões podem ter originado este acidente, mesmo em questão de decisões políticas ou outras, técnicas, manutenções, o que quer que seja, e portanto devemos aguardar", disse.

Relatório? IL reitera que é

Relatório? IL reitera que é "prematuro tirar grandes conclusões"

A líder da Iniciativa Liberal (IL), Mariana Leitão, reiterou hoje que é "prematuro tirar grandes conclusões" sobre o acidente do elevador da Glória, em Lisboa, rejeitando que esta prudência se prenda com a proximidade das eleições autárquicas.

Lusa | 12:41 - 07/09/2025

Por sua vez, o presidente do Chega, André Ventura, acusou o presidente da Câmara de Lisboa de se esconder e de, até ao momento, não ter assumido as suas responsabilidades no acidente. André Ventura considerou que "morreram 16 pessoas debaixo da sua tutela, numa empresa totalmente tutelada pela Câmara de Lisboa". "Este relatório mostra que diversos serviços falharam e tem de ser assumida essa responsabilidade. A manutenção falhou e a inspeção falhou, porque o suposto cabo de aço que se rompeu ainda 263 dias de validade", declarou o dirigente aos jornalistas na Serra da Lousã. 

André Ventura atira contra Moedas:

André Ventura atira contra Moedas: "Tem de ser assumida responsabilidade"

O líder do Chega acusou hoje o presidente da Câmara de Lisboa de se esconder e de, até ao momento, não ter assumido as suas responsabilidades no acidente do elevador da Glória, que vitimou 16 pessoas na quarta-feira.

Lusa | 20:26 - 07/09/2025

O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e 22 feridos.

O equipamento é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de 276 metros e é muito procurado por turistas.

O relatório preliminar do GPIAAF aponta que o "cabo que unia as duas cabinas cedeu" e que o guarda-freio acionou os travões com o objetivo de "tentar suster o movimento",  mas essas ações não surtiram efeito e a carruagem continuou em aceleração até se descarrilar.

[Notícia atualizada às 23h22]

Leia Também: Elevador? "Se fosse possível abreviar estes prazos, todos agradeceríamos"

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