A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) e deputada única do partido no Parlamento, Mariana Mortágua, encontra-se num dos barcos da Flotilha Humanitária com destino a Gaza. Esta quarta-feira, partilhou na rede social TikTok uma conversa com a ativista sueca Greta Thunberg.
Mariana Mortágua começou por questionar Greta acerca de esta ser a terceira vez que a jovem ativista participa numa missão para tentar chegar a Gaza e do porquê de continuar a tentar.
"Nós prometemos ao palestinianos que vamos continuar a tentar fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para pressionar por uma Palestina livre e é isso que estamos a tentar porque desistir simplesmente não é uma opção", começou por dizer a ativista sueca.
Greta Thunberg referiu que quando se está "perante opressão, genocídios, crimes de guerra a acontecer todos os dias" há o "dever" de "fazer alguma coisa".
@marianarmortagua Greta Thunberg, ativista sueca, fala à delegação portuguesa que integra a Global Sumud Flotilla e explica por que participa pela terceira vez numa missão para romper o cerco a Gaza. Recorda os valores que sempre orientaram o seu ativismo e reflete sobre como justiça e dignidade — das pessoas e do ambiente — caminham lado a lado.
som original - Mariana Mortágua
"Vamos continuar a voltar até que tenhamos alcançado o que queremos alcançar e o que estamos a fazer agora é agir de acordo com os apelos palestinianos para acabar com a nossa cumplicidade e agir em solidariedade com eles e fazer uso de todas as ferramentas que temos em mãos como, por exemplo, estes barcos. Podemos usar os nossos próprios corpos para tentar ir lá", continuou.
A jovem salientou que fazer esta viagem é "um ato de perseverança".
Mariana Mortágua questionou ainda Greta sobre o motivo pelo qual ela se encontra ali, notando que a sueca é conhecida em outras aéreas do ativismo, como por exemplo o ativismo climático.
"Não mudei o foco do meu ativismo", respondeu, acrescentando que está "a agir de acordo com os mesmo valores" e de "com os princípios de justiça, liberdade e bem-estar dos humanos, do Planeta e dos nossos ecossistemas".
"Para mim, estão extremamente interligados. Não podemos ter justiça quando se trata de clima ou ambiente se as pessoas estão a ser bombardeadas e há fome em massa. Não podemos preocupar-nos com árvores e ecossistemas se países inteiros estão a ser erradicados e povos inteiros estão a ser mortas à fome", afirmou.
E acrescentou: "O que está a acontecer em Gaza é o centro da nossa moral. A nossa consciência está agora em Gaza e o que está a acontecer contra os palestinianos é claro uma extensão e também um ataque à humanidade em geral e em qualquer sistema internacional que é suposto apoiar a lei internacional e proteger as pessoas em que de todas as formas não está a fazê-lo".
No final do vídeo, Mariana Mortágua salientou que Greta Thunberg "explicou muito bem" o motivo pelo qual se encontram na Flotilha Humanitária: "Estamos aqui a dizer ao governo de Israel que mais gente virá depois de nós, vão continuar a vir até que o corredor [de ajuda humanitária] esteja aberto. Isso é um questão importante no mundo inteiro, para muita gente".
De notar que Mariana Mortágua está a bordo de um dos vários barcos que segue com destino a Gaza com ajuda humanitária. Nesses barcos estão centenas de pessoas, entre elas ativistas e figuras públicas oriundas de 44 países. A frota humanitária com destino a Gaza tem como nome 'Global Sumud Flotilla'.
Barco zarpou no domingo... mas teve de regressar a Barcelona
A 'Global Sumud Flotilla', composta por várias embarcações, carregadas com ajuda humanitária, alimentos e medicamentos, zarpou por volta das 16h00 (horas locais) de Barcelona no domingo, mas teve de regressar a Espanha apenas algumas horas depois devido ao mau tempo.
Entretanto, voltou a partir na segunda-feira com destino a Gaza.
"Participação na 'Global Sumud Flotilha' não tem qualquer vínculo ao Estado Português"
O Governo defendeu que não tem qualquer obrigação ao abrigo do direito internacional de acompanhar e proteger a flotilha em direção a Gaza com a deputada Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício. Por sua vez, Espanha assegura proteção diplomática à flotilha.
"A participação na 'Global Sumud Flotilha' consubstancia uma iniciativa autónoma da sociedade civil, que não tem qualquer vínculo ou vinculação ao Estado português", disse o órgão tutelado por Paulo Rangel, numa resposta ao jornal Observador sobre a missão.
O ministério recordou ainda que, "à luz do direito internacional, não existe uma responsabilidade jurídica por parte do Estado português de proteção do navio ou dos seus tripulantes".
Leia Também: Na flotilha, Mortágua questiona: "Há drones a circular. Porque vigiam?"