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Flotilha humanitária teve de regressar a Barcelona devido ao mau tempo

Embarcações tinham saído na tarde de domingo, de Barcelona rumo a Gaza, mas tiveram de regressar a Espanha poucas horas depois, devido ao mau tempo. Nova partida está a ser decidida na manhã desta segunda-feira.

Flotilha humanitária teve de regressar a Barcelona devido ao mau tempo

© Mario Wurzburger/Getty Images

Natacha Nunes Costa
01/09/2025 09:57 ‧ há 17 horas por Natacha Nunes Costa

Mundo

Espanha

A frota humanitária que partiu rumo a Gaza na tarde de domingo, 31 de agosto, teve que regressar ao porto de Barcelona, em Espanha, devido ao mau tempo, avança o La Vanguardia

 

De acordo com o mesmo jornal, a 'Flotilha Global Summud', composta por cerca de 20 embarcações, carregadas com ajuda humanitária, alimentos e medicamentos, zarpou por volta das 16h (horas locais) de Barcelona, mas teve de regressar a Espanha apenas algumas horas depois devido ao mau tempo.

A decisão foi tomada durante uma reunião, entre os membros da expedição.

Segundo o La Vanguardia, os capitães dos navios que compõem a flotilha estão reunidos desde as 10h (horas locais, mais uma que em Portugal Continental) para decidir se voltam ao Mediterrâneo esta tarde.

"Sinto vergonha do Estado português"

Entretanto, Miguel Duarte, um dos três portugueses que abraçaram esta missão, falou à SIC Notícias sobre o 'recuo', admitindo que "é frustrante sair e depois ter de abrandar", sublinhando, no entanto, que "estas coisas são absolutamente normais".

"Faço missões de resgate marítimo no Mediterrâneo há quase 10 anos e isto acontece muito frequentemente porque as condições do mar e dos próprios navios estão sujeitos a muitas imprevisibilidades", lembrou, garantindo que vão voltar a sair "tão breve quanto possível".

Sobre a possibilidade desta missão não conseguir chegar ao seu destino nem cumprir os objetivos a que se determinou, o ativista defendeu que isso só acontece porque "existe um cerco ilegal imposto pelas forças isrealitas à população palestiniana de Gaza".

"Desde 2008 que as flotilhas com destino a Gaza são capturadas pelas forças isrealitas e levadas ilegalmente para Israel", salientou.

No entanto, desta vez, estão "otimistas" e "confiantes", garantiu Miguel Duarte, uma vez que "nunca houve uma flotilha como esta, com tanta ajuda humanitária".

Na mesma entrevista, o ativista disse que sente "vergonha" do Governo português, por este ter dito que "não existe uma responsabilidade jurídica por parte do Estado português de proteção do navio ou dos seus tripulantes", mas que esta está "em linha com o que tem sido a sua ação".

"É óbvio que o Estado português tem a obrigação moral, bem como jurídica, de nos proteger, da mesma forma que tem de prestar apoio a todos os portugueses no estrangeiro. Além disso, tem obrigação moral de defender, a nível das suas possibilidades, o povo palestiniano do genocídio que estão a sofrer", disse, considerando mesmo que "o Estado português é cúmplice deste genocídio, beneficia de e contribui para este genocídio".

"Ao fim de anos de genocídio, Portugal ainda mantém relações comerciais e diplomáticas com o estado que está a executar este genocídio, temos acordos absolutamente vergonhosos", atirou.

Três portugueses entre os tripulantes de mais de 40 países

Recorda o jornal espanhol que esta é a missão "mais importante até o momento para colocar um ponto final no bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza, com acesso à região por mar".

Este cerco que já causou a morte de mais de 60 mil palestinos, centenas dos quais morreram de fome nas últimas semanas.

A 'Flotilha Global Summud' não visa apenas entregar alimentos e medicamentos à população civil, quer também "pressionar os estados europeus a fortalecerem suas relações com Israel".

Esta será a quarta flotilha este ano, após três tentativas frustradas de contornar o bloqueio de Israel a Gaza.

Na 'Flotilha Global Summud' estão três portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a ex-manequim Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte.

Apesar disso, o ministério dos Negócios Estrangeiros português disse, no sábado, 30 de agosto, que o Governo não tem qualquer responsabilidade na proteção dos portugueses que integram a frota humanitária.

"A participação na Global Sumud Flotilha consubstancia uma iniciativa autónoma da sociedade civil, que não tem qualquer vínculo ou vinculação ao Estado português", disse o órgão tutelado por Paulo Rangel, numa resposta ao jornal Observador sobre a missão.

O ministério recordou ainda que, "à luz do direito internacional, não existe uma responsabilidade jurídica por parte do Estado português de proteção do navio ou dos seus tripulantes".

O organismo ressalvou, contudo, que a proteção consular é "assegurada, se necessária, a todos os cidadãos portugueses no estrangeiro".

Quem participa?

Além dos portugueses, partipam na flotilha outros ativistas, políticos e artistas de 44 países.

Entre eles estão, por exemplo, o ator irlandês Liam Cunningham, a ex-presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, Mandla Mandela, neto do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e a ativista Greta Thunberg, uma das principais promotoras da iniciativa solidária.

A viagem até Gaza, que promete ser a "maior missão de solidariedade da história" e conta com mais de 30 embarcações, deverá demorar perto de duas semanas. No entanto, o mau tempo parece estar a afetar a chegada ao destino.

Riscos? Sim, mas pior "é permitir que Israel continue com o genocídio"

Segundo a organização, esta iniciativa acarreta "riscos", mas o "maior perigo reside em permitir que Israel e os seus aliados realizem genocídios impunemente".

"Israel tem um historial documentado de uso da força contra flotilhas humanitárias", denunciou a Global Sumud Flotilla antes da partida. "Com coordenação global, preparação jurídica e tripulações treinadas, pretendemos aumentar o custo político de qualquer agressão. Os participantes serão submetidos a triagem, formação em não violência e preparação para a segurança. Os riscos que enfrentamos são pequenos quando comparados com o que os palestinianos enfrentam todos os dias: fome, deslocações e bombardeamentos", declarou a organização, dando conta que se trata de uma iniciativa "legal, segundo o direito internacional".

"As embarcações civis que transportam ajuda humanitária ou realizam protestos pacíficos em águas internacionais estão protegidas pelo direito marítimo", defendeu Global Sumud Flotilla.

Israel tem em curso uma ofensiva militar na Faixa de Gaza desde que sofreu um ataque do grupo islamista Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.

De acordo com dados divulgados pelas autoridades do enclave palestiniano, a ofensiva lançada por Israel em Gaza já fez mais de 63 mil mortos.

Em 22 de agosto, a ONU declarou oficialmente a fome na cidade de Gaza, depois de os especialistas terem alertado que 500 mil pessoas se encontram numa situação catastrófica.

[Notícia atualizada às 12h58]

Leia Também: Ana Gomes "preocupada" com flotilha. "Portugal desresponsabilizou-se"

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