A comentadora socialista Ana Gomes analisou, no domingo, dia 31 de agosto, a forma como a flotilha humanitária, que partiu de Barcelona, Espanha, rumo a Gaza, está a ser vista em Portugal e na Europa.
A antiga eurodeputada começou por dizer que o que se passa em Gaza "é escabroso", mostrando-se "preocupada" com a frota humanitária, onde estão três portugueses: Mariana Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte.
"Queria expressar desde logo a minha admiração por eles. Por irem. Mas estou preocupada porque houve uma atuação por parte do Governo português muito diferente do Governo espanhol. É evidente que Portugal vai dar proteção diplomática e consular que for de necessária, mas Portugal tentar desresponsabilizar-se. Dizer que não tinha responsabilidade nenhuma ao contrário, por exemplo, de Espanha, que disse que dava toda a proteção consular, política e diplomática, no sentido de dissuadir o governo israelita de tentar abalroar esta flotilha", realçou, notando que "a responsabilidade de proteger é um facto, que decorre, de resto, de resoluções das Nações Unidas, que foram aprendidas com outros genocídios".
Para Ana Gomes não há dúvidas que estamos perante mais um "genocídio" e que a viagem da frota humanitária "um ato de cidadania".
"Não é só simbólico, é mostrar que há cidadãos indignados e que estão solidários com o que está a passar o povo palestiniano. No fundo, é também pela própria segurança de Israel", disse, lembrando que "quem defende os dois estados, obviamente é porque quer que Israel viva em segurança", sublinhou, acrescentando que "quem tem posto Israel em insegurança é este governo de extrema-direita de Netanyahu".
"Neste momento, os próprios cidadãos, familiares dos reféns, estão a por Netanyahu em tribunal por homicídio premeditado porque, obviamente, ele não está nem nunca esteve nada preocupado com os reféns e tem um plano que é não só o genocídio mas a limpeza étnica de Gaza", defendeu a antiga embaixadora.
Ana Gomes admite ainda sentir-se "envergonhada" e "furiosa". "Isto [posição da Europa em relação ao conflito em Gaza] é inaceitável do ponto de vista internacional. Como é que podemos defender o direito internacional quanto à Ucrânia – que temos de defender – se não o defendemos em relação à Palestina [...]. Se acreditamos que está em curso um genocídio temos a responsabilidade de proteger", concluiu.
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