Na pré-campanha de Lisboa medem-se níveis de moderação e radicalismo

Na reta final de um mandato de negociação, em contexto de maioria relativa, os candidatos dos dois partidos que têm intercalado a governação da Câmara de Lisboa medem forças, ou pelo menos críticas, numa escala de moderado a radical.

Câmara Municipal de Lisboa

© Lucas Neves/NurPhoto via Getty Images

Lusa
16/08/2025 19:10 ‧ há 2 horas por Lusa

Política

Autárquicas

Carlos Moedas desconhecia ainda que seria o presidente da maior autarquia do país quando visitou a Feira das Galinheiras em campanha, em 2021, como cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança, e ouviu de uma feirante o pedido de "uma mudança radical".

 

Quatro anos depois de ter retirado a liderança camarária ao PS de Fernando Medina, tem feito muito uso do termo e das suas variações para criticar a oposição.

Ainda Alexandra Leitão não tinha sido anunciada como cabeça de lista do PS - entretanto coligado com Livre, BE e PAN - e já Moedas considerava, ao quarto dia deste ano, que a decisão do Tribunal Constitucional de inviabilizar um referendo sobre alojamento local na cidade era "uma grande derrota para a esquerda radical apoiada pelo PS", enquanto destacava o trabalho de regulação "com moderação" do setor pela liderança PSD/CDS-PP.

Na reação à candidatura da deputada, o autarca considerou-a uma representante do "PS de Pedro Nuno Santos", então secretário-geral de um partido "radical, a radicalizar-se", e sublinhou que os municípios "não precisam de radicais", já que uma cidade "é moderação e, sobretudo, conhecimento". Alexandra Leitão respondeu desvalorizando "um 'soundbite' que será muito repetido na campanha" e Pedro Nuno defendeu que radicais são os problemas concelhios agravados por Moedas.

O verão manteve o tom de arremesso. Depois de conhecida a data das eleições, 12 de outubro, Carlos Moedas assumiu em julho a esperada candidatura: "É uma escolha simples, mas com enormes consequências: entre a moderação, a moderação que sonha e que faz, e o radicalismo, o radicalismo que já conseguiu minar grande parte do PS e que tanto prejudicou o país."

Alexandra Leitão devolveu a acusação, criticando o "radicalismo disfarçado de moderação" do PSD. "Radical é não ter uma política de habitação. [...] Radical é abandonar o espaço público ao lixo, à degradação e ao desleixo. Radical é falar de segurança, mas não ter iluminação pública suficiente, não instalar câmaras de videovigilância e ter uma Polícia Municipal com um número de agentes em mínimos históricos", enumerou, já ao lado do secretário-geral José Luís Carneiro, que contestou a "ladainha" de Moedas.

Habitação, higiene urbana e segurança têm sido, precisamente, temas fortes de discussão nos órgãos municipais nos últimos quatro anos, tal como a integração e as condições de vida dos imigrantes ou a mobilidade, abordados também pelas outras candidaturas autárquicas, ainda que nem todas tenham já ações de pré-campanha.

O primeiro cabeça de lista a ser conhecido, ainda em 2024 - e um dos primeiros a estar na rua, a par de Alexandra Leitão -, foi o vereador comunista João Ferreira, experiente nestas andanças, já que lidera desde 2013 a lista da CDU (PCP/PEV). Com dois vereadores no executivo, os comunistas têm criticado a convergência dos socialistas com a gestão PSD/CDS-PP, sobretudo pela viabilização dos orçamentos municipais, e recusaram este ano integrar a coligação de esquerda encabeçada pelo PS, como aconteceu nos tempos de Jorge Sampaio e João Soares.

De fora estão também os Cidadãos Por Lisboa, movimento fundado por Helena Roseta e com representação camarária. A associação política decidiu não participar nestas eleições após a "indisponibilidade do PS" para renovar o acordo iniciado em 2009, com a sua inclusão nas listas.

Atualmente, o executivo integra sete autarcas da coligação de direita (os únicos com pelouros e que governam sem maioria absoluta), sete eleitos pela coligação PS/Livre (três do PS, três dos Cidadãos Por Lisboa e um do Livre), dois do PCP e um do BE.

Segundo os anúncios já feitos (o prazo para entrega de listas em tribunal termina na segunda-feira), além de Carlos Moedas (desta vez na coligação PSD/CDS-PP/IL), Alexandra Leitão e João Ferreira, estão na corrida Ossanda Líber (Nova Direita), Bruno Mascarenhas (Chega, hoje com três deputados municipais), José Almeida (Volt) e Adelaide Ferreira (ADN).

Desde o início da sua presidência, Moedas é criticado com frequência pela oposição por "uso abusivo" dos recursos institucionais do município para propaganda política ou partidária, inclusive em períodos eleitorais. O ex-comissário europeu queixa-se, por seu turno, de os opositores formarem uma "força de bloqueio", o que não impediu, contudo, que conseguisse ver aprovados todos os orçamentos municipais.

Há quase duas décadas que a capital não é gerida com maioria absoluta: António Costa, numa candidatura socialista a solo, foi o último a obtê-la, em 2013, no terceiro mandato.

Na assembleia municipal também não há atualmente maioria absoluta. Em 2021 a coligação de direta obteve 17 mandatos, os mesmos do que a coligação encabeçada pelo PS. Os restantes lugares são ocupados por eleitos da CDU, do BE, da IL, do Chega e do PAN.

Desde as primeiras eleições em democracia, a presidência da Câmara de Lisboa foi assumida por socialistas ou sociais-democratas, com exceção do democrata-cristão Krus Abecasis (1979-1989).

Leia Também: JPP candidata-se a oito municípios madeirenses e a três no Porto

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