"Tanto Espanha como Portugal assistiram a um aumento da desinformação eleitoral, particularmente durante as eleições legislativas, com as redes sociais a desempenharem um papel central na disseminação de conteúdos falsos", adianta a SmartVote, entidade que se dedica o estudo da desinformação em Portugal, Espanha e União Europeia (UE).
O relatório identifica que "os temas-chave incluem fraude eleitoral, corrupção e imigração, sendo os partidos de extrema-direita em ambos os países, particularmente o Chega em Portugal e o Vox em Espanha, as principais fontes de desinformação".
Nos dois países, a desinformação visa sobretudo candidatos políticos, sistemas eleitorais e propostas políticas específicas, com táticas comuns que incluem imagens falsas, vídeos manipulados e sondagens enganosas.
Neste sentido, "enquanto Espanha enfrenta uma maior polarização política e uma reposta institucional mais forte à desinformação, Portugal continua a ser menos polarizado, mas cada vez mais exposto à instabilidade política e à desinformação digital, com abordagens regulatórias mais suaves".
Nos últimos anos, as eleições antecipadas tornaram-se mais comuns nos dois países, levando a ciclos de governação mais curtos e maior instabilidade política, lê-se no documento.
Os dois países caracterizam-se por uma "baixa participação eleitoral entre os jovens, impulsionada pelo desinteresse político, pela insegurança económica e por fatores relacionados com a identidade, sendo os partidos situados nos extremos frequentemente as únicas forças capazes de mobilizar estes eleitores".
Ambos os países apresentam "um aumento notável na partilha de narrativas transfronteiriças, especialmente em torno de questões como a imigração. Ambos os países enfrentam desafios significativos em distinguir entre propaganda política, desinformação e notícias erradas, o que sublinha a necessidade de esforços coordenados para combater essas tendências".
Além disso, um número crescente de jovens (60% em Espanha, 62% em Portugal) utiliza aplicações baseadas em inteligência artificial (IA), principalmente para tarefas académicas, profissionais e criativas, refletindo o papel crescente desta tecnologia na vida diária, estando os jovens mais confortáveis com as notícias assistidas por IA em comparação com a população geral.
A SmartVote é uma entidade que se dedica ao estudo da desinformação em Portugal, em Espanha e na UE, bem como a forma como esta tendência afeta as escolhas e aumenta a desconfiança no sistema político e influencia as divisões sociais.
O relatório "Uma perspetiva ibérica: Desinformação eleitoral nos media em Espanha, Portugal e na União Europeia e ferramentas de identificação" tem coordenação científica do OberCom - Observatório da Comunicação.
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