"Com muito orgulho, podemos dizer que aqui não há mentira, aqui não há demagogia, aqui não há manobra. Aqui há coerência, há verdade e há a razão do nosso lado", afirmou Paulo Raimundo.
O líder comunista disse que as pessoas "estão fartas e têm razões para estarem fartas", colocando como o principal desafio pegar em "toda essa angústia, em toda essa descrença" e transformá-la em votos na CDU e eleger Bernardino Soares por Beja, círculo eleitoral onde os comunistas perderam um mandato, em 2024.
Antes de Paulo Raimundo discursar, Bernardino Soares recordou três conversas que teve com eleitores durante a campanha no distrito de Beja, apontando para os efeitos da propaganda e procurando desmontá-la.
Um dos casos era de uma mulher que se queixava de quem tinha subsídios e não "devia receber", mas que tinha uma reforma de 300 euros.
"Acha que o principal problema da sua vida são os subsídios ou é a sua reforma ser baixa, ou é a miséria a que a condenam por não lhe darem uma reforma justa e digna?", recordou.
Com outro eleitor, surgiu uma história que anda "agora por aí" de que tem sido "sempre pior" desde há 50 anos para cá.
"Houve progresso? Houve a reforma agrária? Houve mais trabalho? Salários mais altos? Chegou a saúde? Chegou a educação? As escolas? Tanta coisa que se fez nesses anos a seguir ao 25 de Abril!", disse, referindo que a culpa do atraso não é do 25 de Abril, mas "da política de direita de vários governos que vieram depois".
Por último, contou o encontro com um trabalhador, esta semana, que tem "dois empregos para conseguir pagar a casa e o resto das despesas", mas que dizia que o importante "era ajudar as empresas a serem mais ricas, porque só se os ricos forem mais ricos é que podem ajudar os mais pobres", afirmou.
Ouvindo-se algumas vozes de protesto no comício, Bernardino Soares pediu aos presentes para não condenar o pensamento daquele trabalhador, considerando que o mesmo é "resultado de uma campanha profunda que procura condenar os trabalhadores à sua própria vida sem dignidade".
O trabalhador, continuou, era dos CTT, uma empresa em que "os lucros são retirados da empresa para dar aos acionistas" e que não resultaram em qualquer aumento para aquele homem.
Durante o seu discurso, Bernardino Soares atacou diretamente o Chega (partido que conseguiu eleger por Beja em 2024) e os seus cartazes, em que André Ventura pede uma oportunidade, em contraponto com PS e PSD.
"Onde é que esse estava quando o Passos Coelho cortou as reformas e os salários? Estava no PSD. Onde é que o que agora o substitui [Pedro Pinto, líder parlamentar] estava quando cortaram as verbas para o Serviço Nacional de Saúde no tempo do Passos Coelho e do Portas? Estava no CDS", acusou.
Para Bernardino Soares, "eles já lá estiveram e fizeram do pior que se fez nestes últimos anos na política nacional".
Tal como num almoço em Beja na semana passada, o antigo deputado voltou a pedir a sua eleição, para tirar um mandato à direita no distrito.
Leia Também: Indisposição de Ventura e confiança na vitória da AD e PS marcam 12.º dia