"É fundamental garantir que votemos uma bolsa, num plano nacional de habitação destinado ao alojamento estudantil, que tire do papel, de uma vez por todas, as promessas que os grandes partidos têm vindo a fazer ao longo destes últimos anos", disse aos jornalistas Inês de Sousa Real, no final de uma reunião com a direção-geral da Associação Académica de Coimbra.
A porta-voz do PAN salientou que o partido tem identificado mais de 10 mil alojamentos do Estado devolutos, que devem ser entregues ao usufruto público, "nomeadamente ao alojamento estudantil", sem descurar a construção de novas casas.
Salientando que pode durar dois a três anos para que o país possa ter um parque público mais robusto, Inês Sousa Real defendeu que até lá os "estudantes devem ter condições de alojamento dignas, que passem pelo aumento da oferta pública", mas também por medidas como as que os estudantes têm implementado no terreno, que aliam o convívio intergeracional com a população mais idosa para combater o isolamento e a solidão.
A líder do PAN propõe mais benefícios para os senhorios, de forma a terem "interesse em manter as casas no alojamento estudantil, para que os estudantes não estejam em situação de precariedade e que, além da propina a pagar, não tenham custos acrescidos, que, no caso dos estudantes deslocados, ultrapassam os 530 euros por mês".
Além do não descongelamento das propinas, a dirigente considerou como prioridade estabelecer metas para a sua gratuitidade nos próximos cinco anos e acabar com as disparidades em determinados cursos para estudantes internacionais, que chegam a pagar 10 vezes mais o valor da propina.
Inês Sousa Real defendeu também a concretização de uma medida já inscrita no Orçamento de Estado para este ano, por proposta do PAN, de um psicólogo para cada 500 pessoas, que "é absolutamente fundamental para existirem respostas de maior proximidade, e garantir aos estudantes deslocados acesso a cuidados de saúde através das suas faculdades ou de centros de saúde locais.
Sobre a revisão pendente do RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior), defendeu uma nova consulta pública, com nova auscultação às associações e os partidos políticos, "porque é um processo que ficou pelo caminho e tem algumas fragilidades que precisam de ser revistas em conjunto".
A porta-voz do PAN lamentou que nesta campanha para as eleições legislativas do próximo domingo se tenha falado muito das tricas políticas entre PS e PSD e Chega, mas ninguém tenha andado a falar do ensino superior.
Segundo frisou, "estas prioridades têm ficado para trás, como também os sucessivos governos têm falhado nas camas prometidas ao nível do alojamento estudantil, que é uma necessidade absolutamente premente para os estudantes e para as famílias".
"Não podemos ter estudantes que veem, neste momento, em Coimbra, Lisboa ou Porto, o custo de um quarto aumentar ano após ano mais de 100 euros, que somado ao valor da alimentação e da propina são encargos para as famílias, que se tiverem um ou mais filhos, acabam por ver muito condicionado o acesso à educação em particular ao ensino superior", sublinhou.
Leia Também: "Um desrespeito". PAN condena ataque a líder da Iniciativa Liberal