O antigo ministro da Administração Interna José Luís Carneiro falou, na segunda-feira, acerca das declarações da responsável pela pasta da Saúde, Ana Paula Martins, quando disse que a pré-triagem de grávidas já deveria ter sido aplicada "há muitos anos".
"Apenas estranho que tenha demorado nove meses - é um parto - para conseguirem ter chegado à conclusão que já tínhamos chegado quando no anterior Governo se fazia uma previsão a três meses daquelas que estariam abertas e encerradas para feitos de encaminhamento para quem tinha necessidades de obstetrícia e de ginecologia", começou por dizer no seu espaço de comentário 'A Bússola', na CNN Portugal.
O socialista apontou que "ter um bebé no nosso país não pode ser uma corrida de obstáculos para conseguir aceder ao Serviço Nacional de Saúde [SNS]", mas deixou elogios ao trabalho do Executivo, que "vai no caminho certo", nomeadamente, na procura da realização de uma triagem prévia antes do acesso ao SNS. "Para procurar fazer triagem entre aquilo que é urgente e não urgente", reforçou.
José Luís Carneiro considerou também que é preciso "clarificar" quem está do outro lado da linha, seja quem já está referenciado e depois é encaminhado, ou quem não tem referenciação. "Aí o caminho parece um pouco mais difícil porque fazem questão de sublinhar em terminar a necessidade e depois a celeridade na resposta", afirmou.
O antigo ministro considerou ainda como "desumano" ou "ridículo" o facto de existir um telefone em serviços de urgência, "em que [as pessoas] não podem entrar", mas que serve para que as mesmas possam saber sobre o seu encaminhamento. "Diria que era mais fácil, mais humanizador do serviço, garantir que no respetivo local que acedeu a grávida pudesse haver um atendimento", atirou.
Lembrando a carência de serviços na área de obstetrícia e ginecologia, o comentador defendeu que esta não era uma questão que se conseguisse resolver rapidamente enquanto não forem delegadas competências "desta natureza, nomeadamente, no serviço da enfermagem com especialidade em obstetrícia [...], para podermos garantir o acompanhamento na gravidez, pré-parto e recuperação".
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