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Sete comissários políticos demitem-se. "Sousa Real tornou PAN uma farsa"

Os comissários referem que com a aproximação das legislativas, marcadas para 10 de março de 2024, é "o tempo adequado para se clarificar posições, a bem de um voto mais informado e consciente"

Sete comissários políticos demitem-se. "Sousa Real tornou PAN uma farsa"
Notícias ao Minuto

21:44 - 06/12/23 por Teresa Banha com Lusa

Política PAN

Sete comissários políticos do PAN demitiram-se, esta quarta-feira, dos seus cargos partidários por não se reverem na "atual estratégia política" do partido. Em comunicado, os responsáveis acusam a porta-voz do partido, Inês Sousa Real, de tornar o partido "numa farsa, um caso de prostituição política, uma anedota nacional".

Na mesma nota, os sete comissários sublinham que deixam os seus cargos como "forma de protesto e por não se reverem na atual estratégia política".

"A intenção de replicar na Assembleia da República, para fins de suporte e/ou composição do próximo Governo, o tipo de acordo parlamentar feito com o PSD-Madeira na Assembleia Legislativa da Madeira  é um dos motivos da demissão coletiva", justificam, acrescentando que "a perseguição aos críticos e o abafamento da democracia interna são igualmente motivos que levaram à demissão".

Esta demissão coletiva, com efeitos imediatos, é composta por três membros da Comissão política Nacional, três da Comissão Política de Distrital Setúbal e um da Comissão Distrital de Lisboa. Na mesma nota, os sete dão explicações concretas sobre o que os levou à renúncia do cargo, começando por referir que à medida que as próximas legislativas, marcadas para 10 de março de 2024, se aproxima, é também o "tempo adequado para se clarificar posições, a bem de um voto mais informado e consciente".

"Em setembro último, o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) alterou radicalmente a sua estratégia de colaboração relativamente a governos oferecendo suporte parlamentar ao governo regional da Madeira de Miguel Albuquerque. Este apoio parlamentar é, além de uma clara negação da filosofia fundacional do partido, um clamoroso engano aos eleitores madeirenses e portosantenses que confiaram numa expectativa de mudança protagonizada pelo PAN", lê-se na nota.

"Incrédulos, qual não foi o espanto quando viram o seu voto servir para dar fôlego ao governo de Miguel Albuquerque por mais 4 anos com a agravante de ser a troco de quase nada", continuam, considerando que o presidente do governo regional da Madeira representa "tudo o que a política e a Madeira não necessitam: opacidade, engano, desrespeito pelos limites ecológicos e injustiça social". Ainda em relação à Madeira, a nota dá conta de que "esta estratégia de apoiar governos a troco de coisa nenhuma" não foi nem discutida nem aprovada no último congresso do partido - o que estes membros demissionários apontam como "um engano a todos os filiados do PAN.

"Inês Sousa Real tornou o PAN uma farsa, um caso de prostituição política, uma anedota nacional"

Os mesmos responsáveis acusam o partido se preparar "para vender o seu apoio" ao próximo Governo, e vão mais longe, apontando o dedo a Inês Sousa Real, que foi reeleita líder em maio deste ano.

"Hoje sabemos que com a liderança de Sousa Real o PAN nunca será o genuíno partido ecologista que Portugal tanto precisa, um partido ecologista sério, exigente e ambicioso, à altura da urgência climática e do colapso ecológico a que assistimos todos os dias", consideram, acrescentando que "pelo contrário, Sousa Real prepara-se para ser a muleta política do próximo governo, que vai, por exemplo, abater sobreiros aos milhares, saquear os valores ambientais do litoral alentejano, ameaçar habitats únicos, promover a agricultura intensiva e a exploração do lítio, esquecer o bem estar dos animais de pecuária, em suma, vai continuar a tiranizar a ecologia em prol de uma economia insustentável".

"Em resumo, Sousa Real tornou o PAN uma farsa, um caso de prostituição política, uma anedota nacional, um partido comprado pelos Miguéis Albuquerques do sistema, que já não incomoda nada nem ninguém…e quando deixa de incomodar de nada serve à política e à sociedade", escrevem ainda.

Sousa Real é ainda acusada de "não conviver com os críticos internos", algo que classificam como pior do que ter transformado o país "num partido de bolso do sistema".

Alexandra Miguel, Fernando Rodrigues, Maria João Sacadura e Serrano, Ana Mendes,Vitor Pinto, Ricardo Reis e Rui Prudêncio acusam ainda Sousa Real de apelar "cínica e hipocritamente à união em torna da sua candidatura", ao mesmo tempo que é concretizada uma uma "conduta arbitrária de perseguição ao crítico interno".

"A democracia interna ressente-se não só pela institucionalização do delito de opinião mas também pela política de inexistência de oportunidades para emitir opinião nos órgãos partidários: é exemplo disso o mais recente congresso, de um só dia, organizado de forma a impossibilitar o debate e a troca de opiniões ou o facto de cada comissário nacional só dispor de 2 minutos para expressar a sua opinião em cada reunião da Comissão Política Nacional", exemplicam.

"Este PAN não serve a Natureza e as Pessoas ou mesmo os Animais! Serve somente a Sousa Real e ao sistema de troca de favores. Este PAN não serve a Democracia e a Política, serve apenas a Sousa Real e a sua autocracia sobre o partido, ironicamente quando Portugal vai celebrar os 50 anos do 25 de Abril", rematam.

E o que diz Inês Sousa Real?

A Lusa contactou a líder do PAN, que remeteu para quinta-feira a verificação junto da mesa da Comissão Nacional de que as demissões anunciadas foram oficializadas ou não.

Inês Sousa Real comentou que no passado já houve casos de pessoas que começaram por se demitir de cargos para depois se desfiliarem do PAN e aderirem a outros partidos, "prejudicando o partido e as causas que representa".

"O meu grande compromisso é honrar a confiança dos mais de 72% de membros do congresso que elegeram esta direção, fazer avançar as causas do partido e as preocupações sobre as pessoas, os animais e a natureza, e no próximo dia 10 de marco recuperar o grupo parlamentar", acrescentou.

[Notícia atualizada às 22h05] 

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