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Sondagens a poucos ou a muitos dias das votações "não funcionam"

O consultor em Comunicação e Relações Públicas Luís Paixão Martins defendeu hoje que as sondagens eleitorais a poucos ou a muitos dias das votações "não funcionam", salientando ser fundamental ter em conta a volatilidade dos indecisos nesse inquéritos.

Sondagens a poucos ou a muitos dias das votações "não funcionam"
Notícias ao Minuto

19:54 - 10/11/23 por Lusa

Política Sondagens

"Para procurar antecipar os resultados eleitorais, as sondagens não funcionam. Funcionam para outros dados, como para, por exemplo, sentir o pulsar da opinião pública em relação a temas, apoiar o Governo a tomar decisões ou perceber quais são as evoluções das várias tendências da nossa sociedade", sublinhou Paixão Martins, que recentemente publicou o livro "Como Perder Uma Eleição".

Em declarações à agência Lusa no final de uma conferência/debate integrada no painel final da 2.ª edição do Programa de Formação do Parlamento Europeu para Jovens Jornalistas, promovido pela agência noticiosa portuguesa, o fundador da empresa de comunicações LPM mostrou-se descrente em relação aos inquéritos de opinião.

"Para o caso específico de poder antever com 15 dias de antecedência, com uma semana de antecedência, quais são os resultados eleitorais, [as sondagens] não servem para nada. Se forem com dois anos de antecedência, ainda menos", defendeu.

Questionado sobre a necessidade de se realizarem sondagens eleitorais e de os jornalistas terem de perceber qual o ângulo correto de abordagem, Paixão Martins comparou os inquéritos de opinião ao boletim meteorológico.

"O problema não está nos jornalistas. As pessoas estão sempre à procura de saber o futuro e olham para as sondagens como se fosse o boletim meteorológico -- querem saber à terça-feira o que vai acontecer no domingo, se no dia das eleições vai chover ou vai estar sol", respondeu.

"Infelizmente, esse dado não provém de nenhuma sondagem por vários fatores: um deles, que é muito relevante, é o facto de, na terça-feira, ainda haver muito eleitores que não decidiram como vão votar. Primeiro, não decidiram se vão votar e, depois, não decidiram em que partido vão votar. Muitas vezes, por exemplo, esse número de eleitores é superior à diferença de intenções de voto entre os maiores partidos", acrescentou.

Ao longo das quase duas horas de conversa com os 11 alunos do curso -- jornalistas com um máximo de três anos de profissão - outra das questões abordadas tem a ver com o que os `soundbites´ -- que se pode definir como uma frase curta, facilmente apreensível e recordável, usada por um orador para fazer passar uma mensagem de forma clara e persuasiva à sua audiência, Paixão Martins considera o estilo já "fora de moda".

"Ao mesmo tempo tem de se simplificar o que se comunica, mas também tem de se expressar sinceridade e genuinidade. O problema dos 'soundbites' é que, muitas vezes, são eficazes na simplificação e transmitem do político uma ideia de pré-fabricado, de plástico. Desse ponto de vista são errados", explicou.

"É mais importante a genuinidade a autenticidade do que a simplificação, do meu ponto de vista. Até porque, hoje em dia, a maior parte dos eleitores avalia os políticos não por aquilo que são as medidas, não pela agressividade. Avaliam pela confiança que têm neles e a confiança conquista-se com diálogo, com uma conversa mais humana, mais natural", realçou.

Nesse sentido, no seu entender, a ideia dos 'soundbites' é uma "moda do século passado".

"Hoje em dia é uma moda ultrapassada e é um erro de comunicação um político apostar em 'soundbites'", concluiu Paixão Martins, no final de abordar o tema "O Papel da Comunicação Social em Eleições como as Europeias, a Fragilidade dos Media e o "European Media Freedom Act" ("Lei Europeia da Liberdade dos Meios de Comunicação Social").

O debate contou também como moderadores com Miguel Poiares Maduro, diretor da Católica Global School of Law e Presidente do Conselho Executivo do Observatório Europeu dos Media Digitais, e de Luísa Meireles, diretora de Informação da Agência Lusa.

O programa de formação, iniciado quarta-feira, dirigiu-se, tal como na primeira edição, a jovens jornalistas com o objetivo de contribuir para uma melhor compreensão do funcionamento da União Europeia (UE) e das suas instituições, da democracia parlamentar e dos valores que representa.

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