Em causa está a intenção de o executivo camarário liderado pelo PS afetar dois quartéis desativados, ambos instalados no centro dessa cidade do distrito de Aveiro, a habitação para jovens e serviços da autarquia, o que foi aprovado na semana passada em Assembleia Municipal com os votos da maioria socialista e presidentes de junta.
O BE afirma, contudo, que se "deve respeitar a decisão tida na Assembleia Municipal em 2017", que só permitia a utilização dos imóveis para espaço museológico dedicado às corporações de bombeiros extintas e sede logística dos serviços de Proteção Civil de apoio às praias (para compensar o distanciamento do novo quartel face à orla costeira).
"É politicamente imoral que, no executivo seguinte, um dos partidos que apoiou a deliberação que protegia a memória e a integridade de duas das associações de maior relevo social e de proteção dos cidadãos em Espinho efetue uma manobra de logro perante a memória de todos os espinhenses e de todos aqueles que foram e são bombeiros voluntários e seus dirigentes", argumenta o BE.
A coordenação local dessa estrutura partidária evoca depois o caso Vórtex, que, envolvendo indícios de corrupção em negócios imobiliários, motivou as renúncias do socialista Miguel Reis à presidência da Câmara de Espinho e do seu antecessor social-democrata Joaquim Pinto Moreira à Assembleia da República.
"A credibilidade do poder político na autarquia de Espinho sofreu mais um revés. [Depois da] operação Vórtex, que trouxe à luz do dia suspeitas escandalosas sobre a gestão do PSD e que transitou para a gestão do PS, adensando a desconfiança que a população tem sobre a idoneidade dos políticos em geral, os espinhenses ficaram a saber que as deliberações da Assembleia Municipal valem zero para quem está no poder e que se alteram as vontades políticas conforme os interesses partidários - e não só", conclui o BE.
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