No seu habitual espaço de comentário na SIC, Luís Marques Mendes comentou um estudo sobre o vício das 'raspadinhas' em Portugal, dizendo que não está "surpreendido".
"Devia haver coragem de acabar com a 'raspadinha', mas não vai haver", pediu o antigo dirigente do PSD, acusando "um jogo terrivelmente perverso".
Para Marques Mendes, "se queremos acabar com este vício social terrível", é "acabar com a raspadinha". Mais, o comentador apontou o dedo ao Estado, cujo papel é "acabar com a pobreza" e não "incentivá-la".
"O que está aqui a acontecer é o Estado a incentivar a pobreza. Estas pessoas são pobres, vão ali jogar, na maior parte das vezes perdem, vão ficar mais pobres. Isto é função do Estado? Não, não é", acusou, criticando também a Santa Casa da Misericórdia por "dar com uma mão aquilo que tira com a outra".
"Está a ajudar os mais desfavorecidos e depois está a tirar dinheiro através da 'raspadinha' aos mais desfavorecidos. Isto não é um jogo social, isto é imoral", continuou, garantindo que "a Misericórdia não pode querer resolver os seus problemas financeiros à custa de um jogo que leva as pessoas, cada vez mais, à pobreza".
O antigo dirigente do PSD falou dos "malefícios" que este jogo está a ter do ponto de vista social. São "as pessoas pobres, e que perdendo ainda ficam mais pobres" que mais jogam, lamentou Marques Mendes, para quem a sugestão do estudo em questão, que pede a regulamentação das 'raspadinhas', "na prática, não vai resultar".
"A regulação, neste caso, não vai funcionar, porque isto é um vício de tal forma profundo que ninguém vai cumprir as regras, e depois ninguém as vai fiscalizar, porque em Portugal, normalmente, nunca se fiscaliza nada", comentou o antigo dirigente do PSD.
Em jeito de conclusão, Marques Mendes relembrou o "risco" de que seja criado um jogo clandestino, no caso da proibição da 'raspadinha'. "Do outro lado há uma certeza. Aqui, o risco é menor que a certeza, que é a certeza da imoralidade que é um Estado e uma entidade pública como a Misericórdia estarem a fomentar mais pobreza. Isto não pode ser", disse, ironizando: "O país, antigamente, não tinha 'raspadinha', e vivia bem."
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