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"Não podemos aceitar nenhum condicionamento à nossa ação política"

Luís Montenegro descreveu uma "desproporção" nas buscas que visaram o PSD e a casa do seu antigo líder, Rui Rio.

"Não podemos aceitar nenhum condicionamento à nossa ação política"
Notícias ao Minuto

14:47 - 15/07/23 por José Miguel Pires com Lusa

Política PSD

"Aquilo que sucedeu esta semana é normal e natural, no âmbito de uma investigação, no que concerne à recolha de elementos para essa investigação. Mas houve uma desproporção entre aquilo que foi a ação das autoridades investigatórias, os elementos recolhidos e o objeto da investigação", disse, na tarde deste sábado, Luís Montenegro, líder do PSD, depois de uma reunião do Conselho Estratégico Nacional do partido.

Aos jornalistas, desde o Porto, Montenegro garantiu que foi por isso que o partido fez chegar à Procuradora-geral da República uma carta denunciando tal, "para que possa apreciar e, sobretudo, cuidar de salvaguardar os elementos que foram recolhidos e que não têm a ver com esta investigação e que têm a ver com o trabalho político".

Mais, nestas declarações, o líder social-democrata questionou: "Como é que se fizeram clonagens de vários elementos eletrónicos na sede nacional do partido? Como é que se levou o telefone pessoal de um ex-líder do PSD? Não há nenhuma razão, que possamos entender, para que diligências dessas possam ser úteis a cumprir aquilo que é esta investigação."

Ainda falando sobre as buscas, Montenegro disse que não poderia "aceitar nenhum tipo de condicionamento à ação política". "Há elementos que são nossos, de ponderação, de conteúdo político, de comunicações com outras entidades. Só queremos que nada disso possa ser objeto de qualquer devassa que possa interferir no nosso trabalho político". pediu Montenegro, assegurando que "o PSD é um partido que preza muito a transparência e o cumprimento da legalidade".

Mais, o atual presidente do PSD não deixou dúvidas: "Não temos nada a temer com isso e tenho a convicção plena e profunda de que o meu partido, os meus antecessores, cumpriram tudo aquilo que são as normas de funcionamento partidário incluindo as que se relacionam com o grupo parlamentar."

Salientando que "não há vacas sagradas nem do lado da política nem do lado da justiça", Montenegro - que admitiu já ter falado com Rui Rio sobre o assunto - referiu que todos tem que se "cingir a princípios de cumprimento da lei, de proporcionalidade, de adequação, de necessidade" e que "não se deve fazer mais do que aquilo que é necessário para cumprir um determinado objetivo".

Buscas na sede nacional do PSD (e não só)

Na quarta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) mobilizou cerca de 100 inspetores e peritos informáticos e financeiros para um conjunto de 20 buscas, incluindo na casa do ex-presidente do PSD Rui Rio e na sede nacional deste partido.

A CNN noticiou estas buscas em primeira mão, cerca das 10h30, com equipas em direto no exterior da residência de Rui Rio, no Porto, e junto à sede nacional do PSD, em Lisboa, referindo que aconteciam por "suspeitas de crimes de peculato e abuso de poder".

Segundo a CNN, em causa está a utilização, considerada indevida, de verbas para os gabinetes dos grupos parlamentares com pessoal em funções para o partido fora do parlamento.

Segundo o comunicado divulgado pela PJ, cerca das 12h00 de quarta-feira, está a ser investigada a "utilização de fundos de natureza pública, em contexto político-partidário, existindo suspeitas da eventual prática de crimes de peculato e abuso de poderes (crimes da responsabilidade de titulares de cargos políticos), a factos cujo início relevante da atuação se reporta a 2018" -- quando Rui Rio liderava o PSD.

Na quinta-feira, o PSD, através do seu secretário-geral, Hugo Soares, escreveu à procuradora-geral da República, Lucília Gago, em protesto pelas buscas de que foi alvo, qualificando-as como "de grande desproporcionalidade".

Em entrevista à SIC, na sexta-feira, Rui Rio, antigo líder do partido visado nas buscas, disse que via todos os dias a democracia a "ser enterrada todos os dias", alertando: "Se o poder político -  o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo, os partidos - se não tiverem coragem de dizer basta haverá um momento em que alguém vai dizer 'chega'."

[Notícia atualizada às 16h03]

Leia Também: Assis diz que Marcelo "se deve pronunciar" sobre buscas à casa de Rui Rio

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