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"Direção [do PS] não aguenta críticas internas e está em negação"

A antiga candidata presidencial e eurodeputada pelos socialistas teceu duras críticas ao comportamento interno do partido, acusando a Comissão Nacional de abafar críticas a comentando que "nem no tempo de Sócrates" o ambiente era tão tenso.

"Direção [do PS] não aguenta críticas internas e está em negação"
Notícias ao Minuto

09:48 - 05/06/23 por Hélio Carvalho

Política Ana Gomes

Ana Gomes mostrou-se no domingo muito insatisfeita com a comunicação interna do Partido Socialista (PS), especialmente com a Comissão Nacional (que esteve reunida durante o fim de semana), lamentando que não se reconhece na atual forma de lidar com críticas internas e denunciado um ataque similar a 'bullying' contra Daniel Adrião.

No seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, a embaixadora e antiga eurodeputada socialista analisou a reunião do órgão máximo do PS, numa altura de nova crise política no Governo, afirmando que ficou "preocupada com esta Comissão Nacional, porque vemos uma direção que aparentemente não aguenta as críticas internas, e que está em negação da realidade, da necessidade de uma remodelação profunda do Governo".

A antiga candidata presidencial comentou ainda a última sondagem do ICS/ISCTE para a SIC/Expresso, na qual a maioria dos portugueses mostrou-se favorável a uma remodelação do Governo. Mas Ana Gomes deu conta de um episódio contraditório, nomeadamente em torno de Daniel Adrião, o dirigente socialista que tem liderado uma sensibilidade minoritária nas comissões nacional e política do partido, contando que esta foi alvo de bullying.

"Eu soube que uma das sensibilidades minoritárias do PS, a de Daniel Adrião, mal tentou discutir a questão do afrontamento que o primeiro-ministro escolheu fazer ao Presidente da República, foi imediatamente abalroada com um bullying 'ad terrorem', com argumentos do topo do género de 'há pessoas nesta comissão nacional que não prestam', com acusações de 'andas a minar o partido há muito tempo'", descreveu Ana Gomes, atirando que "nem no tempo do Sócrates isto aconteceu, no tempo do Sócrates havia debate interno, havia sensibilidades dissidentes que se expressavam".

"Eu não me estou a reconhecer", lamentou.

Ana Gomes também deixou um farpa a Carlos César, presidente do Partido Socialista, que garantiu que o caso Galamba não foi discutido na comissão. Para a antiga diplomata, este é novamente um reflexo de "uma negação" por parte da comissão nacional.

"Galamba é um cadáver político, a questão é o que está por trás, que é o afrontamento ao Presidente da República que, até agora, tinha sido o grande apoiante do governo, e que tem imensas consequências. Ele todos os dias está a dar facadinhas, a dar machadadas no Governo, isto vai ser um desgaste permanente", explicou Ana Gomes, questionando o porquê de o assunto não ser sequer abordado.

Para a ex-eurodeputada e uma das vozes mais fortes do PS nos últimos 30 anos, o partido é, neste momento, um "instrumento de poder e voz do dono e, infelizmente, isto é trágico para o país, não só para os socialistas". Mas a tragédia estende-se até ao outro lado da bancada pois, como defende Ana Gomes, o nível da oposição é "triste".

"Não tem ideias, não tem estratégia, vimos esta semana o líder anunciar uma perda de confiança no seu amigo Pinto Moreira, que se volta a sentar na bancada do PSD. Perde a confiança política, no entanto continua na bancada do PSD, como continuou no Parlamento Europeu Álvaro Amado, que até já foi condenado [Amado renunciou o mandato em abril]. Isto não dá credibilidade à política", disse, acrescentando que não há uma "recusa clara" de uma possível coligação ou convergência com a extrema-direita.

Leia Também: Carlos César garante que Comissão Nacional do PS não abordou caso Galamba

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