O líder do Chega, André Ventura, disse, esta sexta-feira que o partido não estava "satisfeito" com as declarações dadas pelo deputado socialista Carlos Pereira, que esta sexta-feira anunciou a saída da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, na sequência de ter sido denunciado que a Caixa Geral de Depósitos lhe tinha perdoado uma dívida no valor de 66 mil euros.
"Saem fora do âmbito que é a mera gestão política e entram naquilo que é uma suspeição de favorecimento indevido, para não dizer corrupção", começou por apontar Ventura, recordando que Carlos Pereira foi relator da Comissão de Inquérito à recapitulação da Caixa. "Foi ao mesmo tempo beneficiário, aparentemente, de uma reestruturação ou de um perdão de dívida", atirou.
"O avalista é tão responsável pela dívida como o dono da dívida", defendeu o responsável, lembrando que durante a sua intervenção de hoje, Carlos Pereira referiu que o avalista não era "dono da dívida". "O avalista responde com o seu património numa dívida. A sua relação com a dívida é muito mais forte do que outras formas de garantia. Carlos Pereira sabe isto", notou, acrescentando que era necessário ver a cronologia do que aconteceu.
"Acho que Carlos Pereira quis desanuviar pressão e acabou por fazer o contrário: em criar uma maior nuvem de suspeição", atirou.
"O Chega vai propor aos grupos parlamentares que façam uma reavaliação do que foi o relatório à CGD e à recapitalizarão da Caixa. Nós próprios vamos fazer essa avaliação, sobre se no relatório desta comissão há algum fator que possa apontar para algum favorecimento de Carlos Pereira nesta processo [recapitalizarão da Caixa]", acrescentou.
Chega pede a Santos Silva fiscalização de reuniões das bancadas parlamentares
Para além de reagir às declarações de Carlos Pereira, Ventura falou ainda sobre as reuniões preparatórias que têm estado sob fogo, depois de a ex-CEO da TAP ter revelado que, antes de ser ouvida no Parlamento, fez parte de um destes encontros - no qual estavam membros do Executivo.
"Estas reuniões não são aceitáveis e não devem voltar a acontecer"; referiu o líder partidário em declarações aos jornalistas, anunciando logo de seguida que o Chega tem uma reunião marcada com o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, no próximo dia 20. "O Chega vai pedir e propor que faça uma fiscalização do que aconteceu no passado em relação a este tipo de reuniões preparatórias [...]. E que dê 'guidelines' a uma parte do Partido Socialista, que acha que estas reuniões são normais, para que isto não volte a acontecer", rematou.
"O que estamos a assistir neste momento é um 'passa-culpas' dentro do Partido Socialista (PS) ou então uma divergência insanável entre aquilo que pensa a bancada parlamentar do PS e aquilo que pensa o presidente da Assembleia da República", referiu.
André Ventura defendeu que Santos Silva dê orientações aos deputados socialistas para que este tipo de reuniões preparatórias não se repita no futuro.
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