"O Chega propõe que seja criado e levado ao parlamento um pacote nacional anti-inflação de todos os grupos parlamentares, num consenso parlamentar alargado em que o Chega dá o primeiro passo, propondo um apoio de 40% do aumento da prestação das famílias no crédito à habitação", afirmou André Ventura em conferência de imprensa na sede nacional do Chega, em Lisboa.
André Ventura defendeu também que se chegue a "um acordo vinculativo com a banca" para que "suporte uma parte do aumento destes valores, na casa dos 15% deste aumento, e os bancos que se recusarem fazê-lo não poderem beneficiar de mais qualquer ajuda pública num determinado período".
O presidente do partido de extrema-direita previu que "em dezembro, na reunião do Banco Central Europeu", deve haver "um novo aumento das taxas de juro". Por isso, o Chega quer "recomendar ao Governo que faça pressão", através do governador do Banco de Portugal, para "o não aumento das taxas de juro".
"É importante que os partidos se sentem à mesa, sobretudo os maiores, não obstante a maioria absoluta do PS, para que haja um consenso nacional sobre esta matéria e possamos levar a cabo um pacote nacional anti-inflação rapidamente e sem qualquer clivagem política", defendeu, apontando que "não há nenhum grupo parlamentar na Assembleia da República que não perceba a tragédia que a inflação representa neste momento".
No entanto, se o apelo não for aceite, André Ventura adiantou que apresentará essas medidas na Assembleia da República "para combater esta gravíssima deterioração da situação económica dos portugueses que coloca em causa não só os acordo sociais feitos pelo Governo e anunciados a nível de concertação social, como as estimativas propostas pelo Governo há uma semana no Orçamento do Estado, como a expectativa da inflação no próximo ano".
Há duas semanas, o Chega já tinha entregado no parlamento um projeto de resolução (diploma sem força de lei), no qual recomenda ao Governo que "garanta um apoio real e imediato a todas as famílias, no valor de 40% do aumento verificado na prestação do crédito à habitação" quando "a prestação representar um valor de 50% ou mais no rendimento global do agregado familiar".
Hoje, e referindo a estimativa do Eurostat que indica que a taxa de inflação anual na zona euro voltou a bater recorde este mês, chegando aos 10,7% em outubro, o presidente do Chega insistiu que o Governo deve rever as estimativas que fez no Orçamento do Estado e redefinir "as atualizações de salários e pensões".
Criticando que "o Governo foi excessivamente otimista nas previsões" e "foi imprudente", Ventura sustentou que "já é evidente que os números da inflação vão estar acima dos previstos pelo Governo para o próximo ano, pelo menos nos seis primeiros meses".
O líder do Chega acusou ainda o Governo de tentar "ocultar estes números mais possível até ao início da discussão do Orçamento do Estado".
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