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PSD 'a favor' do Chega? Militantes do CDS denunciam "silêncio" de Melo

Um grupo de militantes liderados por Paulo Freitas do Amaral denunciou, em comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, o "silêncio ensurdecedor do presidente do CDS, Nuno Melo, relativamente ao voto do PSD que apoiou o Chega na Assembleia da República".

PSD 'a favor' do Chega? Militantes do CDS denunciam "silêncio" de Melo
Notícias ao Minuto

17:23 - 23/09/22 por Notícias ao Minuto

Política Assembleia da República

Depois de os deputados Diogo Pacheco de Amorim e Gabriel Mithá Ribeiro, foi a vez de Rui Paulo Sousa ‘entrar na corrida’ ao lugar de vice-presidente da Assembleia da República pelo partido Chega. Mas à terceira (também) não foi de vez. Apesar de ter contado com votos favoráveis por parte da bancada do PSD, o nome proposto pelo partido de André Ventura foi, também, 'chumbado' pelos pares. Para os militantes do CDS, contudo, o “silêncio ensurdecedor” do seu líder, Nuno Melo, vai contra os princípios da história do partido, que “evitou que a extrema-direita alcançasse o poder no pós 25 de Abril”.

Um grupo de militantes liderados por Paulo Freitas do Amaral denunciou, em comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, o “silêncio ensurdecedor do presidente do CDS, Nuno Melo, relativamente ao voto do PSD que apoiou o Chega na Assembleia da República” na eleição do vice-presidente do Parlamento.

Nessa linha, por pretenderem que “o partido volte às origens da sua fundação, rigorosamente ao centro, aberto ao centro-direita e ao centro-esquerda”, contestaram que o seu líder não se tenha manifestado contra "o seu habitual parceiro de coligação, talvez por esperar que este lhe dê ‘a mão’ nas próximas eleições”.

“Este silêncio de Nuno Melo, nas palavras de Paulo Freitas do Amaral, é contranatura com a história do CDS, que evitou que a extrema-direita alcançasse o poder no pós 25 de Abril. A missão de civilizar a direita é uma das missões principais do CDS, e não a de normalizar a extrema-direita, que é precisamente o que o Nuno Melo está a fazer com o seu silêncio”, acusaram.

Questionado pelo Notícias ao Minuto, o líder do CDS, Nuno Melo, afirmou "não fazer ideia" de quem está por detrás do comunicado.

O 'filme' de ontem terminou com o 'chumbo' de Sousa

Na verdade, se, por um lado, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, apelou aos deputados sociais-democratas para que votassem a favor do candidato apresentado pelo Chega a vice-presidente da Assembleia da República, invocando a "prática parlamentar" que atribui esse cargo aos quatro partidos mais votados, por outro, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, anunciou que votaria contra, e que a bancada socialista, de forma maioritária, tinha, também, expressado essa posição na reunião do grupo parlamentar.

Contudo, antes da votação, o presidente do maior partido da oposição, Luís Montenegro, ecoou as palavras do seu líder parlamentar, salientando ter dado uma orientação no sentido de se votar favoravelmente ao nome proposto pelo partido de André Ventura por "respeito pela Democracia" e pelo "povo português", negando que tal fosse uma aproximação ao partido de extrema-direita.

"Não sei qual é o drama, não sei qual é a questão, isto não tem a ver com nenhum tipo de entendimento ou aproximação política ou partidária. Tem a ver com respeito pelas regras do jogo democrático", justificou.

Conhecidos os resultados, Joaquim Miranda Sarmento recusou também que a indicação de voto favorável no candidato do Chega a 'vice' do Parlamento significasse uma aproximação dos sociais-democratas ao partido liderado por André Ventura, apontando que os grupos parlamentares têm “uma enorme diferença nos valores, nos princípios, nas propostas”.

De notar que Rui Paulo Sousa, deputado eleito por Lisboa e vice-presidente da bancada do Chega, obteve 64 votos favoráveis e 137 brancos, quando precisava de 116 votos a favor para ser eleito. Votaram 213 dos 230 deputados, numa eleição feita por voto secreto em urna.

Mas a ‘rejeição’ do partido Chega não é caso único. Contabilizam-se mais de 50 eleições falhadas para a Mesa da Assembleia da República desde a instauração da Democracia, entre elas no seio do PS, PSD, CDS, PRD e PCP. Quase todos os nomes propostos acabaram eleitos à segunda, terceira, ou quarta votação, mas houve quem retirasse candidaturas, tendo a Mesa da Assembleia funcionado com um vice-presidente a menos durante três anos, de 1995 a 1998.

[Notícia atualizada às 19h24]

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