Questionado sobre a atribuição de meia pensão a cada pensionista em outubro para atenuar os efeitos da inflação, Jerónimo de Sousa considerou estar em curso uma "operação de propaganda" em vez de um investimento no melhoramento das condições de vida dos portugueses.
"Antecipar e dizer que é um aumento para depois não pagar mais à frente quando se concretizar a necessidade do cumprimento da lei que está em vigor é tentar vender gato por lebre", sustentou o dirigente comunista, à margem de uma visita ao Hospital D. Estefânia, em Lisboa.
Jerónimo de Sousa argumentou que o Governo pode dizer que este aumento extraordinário das pensões vai contar para a progressão nos próximos anos e que os pensionistas não vão perder dinheiro, mas "os portugueses fazem contas".
"[Os pensionistas] acabarão por ver comida parte da sua pensão", afirmou.
Jerónimo de Sousa acrescentou que este momento "era uma boa oportunidade para o Governo reconsiderar e corresponder a um verdadeiro aumento das pensões e das reformas", assim como para fixar um preço máximo em bens essenciais -- uma proposta já apresentada pelos comunistas no decurso desta sessão legislativa, mas que acabou chumbada pelo PS.
O dirigente comunista apontou uma outra questão, "talvez até mais" importante do que a forma de aumento das reformas: "Fala-se muito de impostos, quando estamos a falar é de lucros escandalosos por parte de um punhado de grandes grupos económicos."
Enquanto os ganhos destes grupos económicos continuarem a aumentar, prosseguiu Jerónimo de Sousa, "a maioria dos portugueses vai sofrer as consequências" do que disse ser a inércia do PS em avançar com impostos sobre esses mesmos lucros extraordinários.
"Uma reconsideração por parte do Governo só lhe fazia bem", advogou.
Interpelado sobre a possibilidade de o Governo socialista ceder nesta matéria face à pressão feita pelo secretário-geral das Nações Unidas -- que exortou os países a taxarem os maiores grupos económicos -- e de Bruxelas, o secretário-geral do PCP respondeu que "o Governo nem devia considerar a questão da cedência, mas a reposição da justiça".
Por "justiça" Jerónimo de Sousa entende acabar com a desigualdade entre os "lucros abissais" e uma "uma reforma de 300 euros".
Leia Também: Jerónimo de Sousa pede mobilização para "fortalecer" PCP