Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, Bernardino Soares, membro do Comité Central do PCP, reagiu ao anúncio hoje feito pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) -- segundo o qual a taxa de inflação em julho foi de 9,1%, a mais elevada desde novembro de 1992 -- afirmando que "só confirma que o aumento do custo de vida para as populações continua a ser uma realidade fortíssima, que tem de ser resolvida".
Bernardino Soares defendeu que, para se resolver o aumento do custo de vida, é necessário, em primeiro lugar, "valorizar rendimentos -- os salários e as reformas -, como o PCP tem vindo a propor e o Governo tem vindo a rejeitar".
O membro do Comité Central do PCP sustentou também que é necessário controlar "alguns dos fatores que mais contribuem para essa subida da inflação", e designadamente ao agir sobre os preços em "matéria de energia e combustíveis, e também nos bens alimentares essenciais".
Para Bernardino Soares, esses preços "podem ser regulados e controlados de outra forma", "impedindo especulações que estão a existir, que se refletem nos lucros das grandes empresas, da grande distribuição e do setor energético, e que também se refletem na carteira dos portugueses".
A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi 9,1%, em julho, taxa superior em 0,4 pontos percentuais à observada no mês anterior e a mais elevada desde novembro de 1992, confirmou hoje o INE.
"A variação homóloga do IPC foi 9,1% em julho de 2022, taxa superior em 0,4 p.p. [pontos percentuais] à registada no mês anterior e a mais elevada desde novembro de 1992", informou o Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmando, assim, os valores que tinha avançado na estimativa rápida divulgada em 29 de julho.
O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) também acelerou, registando uma variação de 6,2% (6% em junho).
Nesta conferência de imprensa, Bernardino Soares foi ainda questionado sobre as críticas que têm sido feitas a artistas que irão participar na Festa do Avante, devido à posição do PCP sobre a guerra na Ucrânia.
O membro do Comité Central do PCP recusou responder diretamente à questão, afirmando que "a Festa do Avante vai ser, este ano, mais uma vez um grande evento político-cultural, onde a liberdade artística continua a ser uma presença constante na diversidade das expressões artísticas que ali estão, e este ano também estarão certamente, com grande sucesso".
Interrogando novamente se não concorda com as críticas de que estão a ser alvo os artistas, Bernardino Soares respondeu: "Não tenho mais nenhum comentário a fazer sobre isso".
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