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"Atacar imigrantes é injusto e um disparate monumental"

O comentador considerou que o partido de extrema-direita e o presidente da Assembleia da República estão "a representar", e pediu também a presença de mais mulheres nas polícias portuguesas.

"Atacar imigrantes é injusto e um disparate monumental"
Notícias ao Minuto

22:11 - 31/07/22 por Hélio Carvalho

Política Marques Mendes

Luís Marques Mendes criticou este domingo a saga entre o Chega e o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, mas deixou uma maior reprovação ao partido liderado por André Ventura, pelos ataques dirigidos à comunidade imigrante.

No seu habitual espaço de comentário na SIC, o antigo líder do PSD considerou que a troca de acusações entre André Ventura e Santos Silva "não serve a ninguém", e condena os dois por "uma semana de teatro".

"Estão ambos a representar, é tudo artificial. É para a bolha política mediática e não diz nada ao povo. Estão a tratar de coisas apenas para se promoverem, e isto é bom para quem quer desviar as atenções dos problemas que interessam às pessoas, como o estado da Saúde", afirmou.

O comentador condenou, no entanto, os ataques do Chega à comunidade imigrante em Portugal, e não poupou nas palavras, ao classificar a atitude do partido como "um conjunto de disparates e injustiças".

"Atacar os imigrantes é completamente injusto e um disparate monumental. Primeiro, porque temos falta de mão-de-obra em Portugal. Segundo, porque Portugal é um dos países do mundo que mais diminui a população, e temos de compensar com imigrantes. E terceiro, temos comunidades imigrantes vastíssimas que são notáveis exemplos, como a brasileira ou a cabo-verdiana, que são exemplos notáveis de trabalho, dedicação e profissionalismo", considerou.

"Convém não criar a ideia de que somos um país inseguro, porque isso é mentira"

Marques Mendes começou o seu comentário abordando a situação nas esquadras portuguesas, depois das notícias sobre a falta de polícias em algumas esquadras no Porto e em Lisboa, e das avarias numa esquadra móvel.

Numa análise que se opõe também às considerações do partido de extrema-direita sobre segurança em Portugal, o antigo ministro, dos tempos de Durão Barroso e Cavaco Silva, alertou que "convém não exagerar nem entrar em precipitações", e não "criar a ideia que somos um país inseguro, porque isso é mentira".

"Somos um dos países mais seguros do mundo. Isso é uma mais valia, basta pensar nos turistas que também vêm para Portugal por sermos um país seguro", disse, acrescentando, no entanto, que "não convém entrar em propaganda excessiva nem em precipitação".

"Como vimos esta semana, com a preocupação em preencher um buraco, cria-se uma esquadra móvel, esta é inaugurada, quatro horas depois avaria, depois volta a ser reposta, depois volta a ficar avariada. Isto é um bocadinho ridículo e o ridículo mata um decisor e um governante", sublinhou o antigo governante.

O comentador vincou também que o problema não é a falta de agentes na Guarda Nacional Republicana (GNR) ou na Polícia de Segurança Pública (PSP), mas antes os salários baixos, a falta de representatividade feminina e o trabalho desempenhado pelos agentes.

"Os nossos agentes de segurança são mal pagos, comparado com as responsabilidades que tem e os riscos que correm. Portugal está melhor do que Itália, França, Espanha ou Alemanha - neste plano, em termos de números, até estamos bem. Estamos claramente acima da média europeia, até temos polícias a mais por 100 mil habitantes Onde estamos mal é em número de mulheres nas nossas polícias: somos os piores da União Europeia, e era importante termos mais mulheres nas nossas polícias", explicou.

Acrescentou ainda que o país tem "muitos polícias que estão dentro das esquadras a fazer trabalho burocrático e administrativo, que podia ser feito por civis, como acontece por exemplo na Suécia. " Tirávamos os polícias desse trabalho e colocávamo-los onde eles são mesmo necessários, que é na rua", disse, apelando ao ministro da Administração Interna, que considera ser "uma pessoa sensata e deliberada", para "olhar para estes dados e tentar fazer aqui alguma reforma".

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